quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

"Mas nós estamos na Champions" "Nós estamos em 4 frentes" : análise 1/3 da época

Com o primeiro terço da época atingida, só há UM clube que depende exclusivamente de si para se sagrar campeão, o Sport Lisboa e Benfica. O mesmo clube que detém o melhor ataque do campeonato (30 golos marcados) e a melhor defesa da prova (7 golos sofridos).

Em apenas 13 jornadas o Benfica deixou a concorrência directa a milhas (Porto a 6 e Sporting a 10 pontos!!), fruto de 11 vitórias, 1 derrota (em Braga, onde fizemos os melhores 45 minutos da época) e 1 empate (com o Sporting, graças ao Artur).

E tudo isto foi conseguido depois de em Julho termos perdido Oblak, Garay, Siqueira, André Gomes, Markovic, Rodrigo e Cardozo. Uff. Ah, e Matic também havia jogado na última época. 8 jogadores, coisa pouca portanto. Dos jogadores que chegaram, com a excepção de Júlio César, nenhum dos reforços é melhor que os que partiram.

Enquanto na nossa pré-época se acumulavam dúvidas e desilusões, os rivais enchiam parangonas com contratações sonantes e esperanças utópicas. Ao Benfica restava Jesus e um trio de elite: Salvio - Enzo - Gaitán. Nas casas de apostas perdíamos a pole position (um campeão em título, para mim, tem que reunir mais favoritismo) e alguns patetas (benfiquistas incluídos) não só incensavam o plantel portista como ainda consideravam o sportinguista melhor que o nosso. Enfim...

Um terço de prova disputado e esses iluminados devem andar escondidos ou doridos com o reality-check do clássico de domingo passado. A verdade é que o Benfica está de tal forma competente e com uma tarimba tão elevada, que só existe um jogador em Portugal que poderia ser titular entre nós: Jackson Martinez, do Porto.

Se na Liga Jesus foi quase irrepreensível, na Champions teve bastantes culpas no cartório. É certo que a única prova que o Benfica disputa e em que não é candidato a vencê-la é a Liga dos Campeões, ainda assim devia ter feito bastante mais num grupo onde era a melhor equipa (Pote 1). Mas a verdade, hoje, ontem e sempre é que o objectivo número 1 é o Campeonato Nacional. Objectivo para nós e para os denominados "três grandes" de Portugal.

Talvez por isso tenha surgido uma nova corrente em Portugal, ou melhor, duas:

i) no Porto (face á eliminação da Taça de Portugal e os 6/7 pontos de atraso para a liderança) "ah e tal mas ainda estamos na Champions"; como se fossem candidatos ou tivessem qualquer possibilidade de vencer essa competição, tentando (eles e os avençados da CS) menorizar o profundo fracasso que tem sido a performance da equipa na época em curso

ii) no Sporting, "ah e tal mas nós estamos em 4 frentes"; que esperar do LOL de Portugal senão isto ?? Um clube que festeja uma vitória de 7-1 sobre o Benfica mais que um Campeonato, que a festeja no dia em que fica a 10 pontos do...Benfica. Um clube que festejou uma derrota do...Benfica no dia em que assegurou um 7º lugar no Campeonato (não tenho visto aquele tipo da Juve Leo com o cartaz 'Nunca ficámos em 6º', que será feito dele ?), portanto do Sporting está tudo dito. Está em 4 frentes, numa está a 10 pontos, noutra ainda não se realizou qualquer jogo e na Europa só deve fazer mais dois. Portanto, realisticamente, o Sporting está em 1+3 frentes.

O Benfica mantém intactas as expectativas de conseguir nova tripleta e está no bom caminho para ser bicampeão nacional. Das deslocações difíceis já foi a Braga, Porto, Estoril e Nacional. Ficam a faltar Guimarães, Sporting, Marítimo e eventualmente Rio Ave/Paços de Ferreira.

O Porto foi a Guimarães, Estoril e Sporting, falta-lhes Benfica, Braga, Nacional e Marítimo. O Sporting...bem o Sporting já não conta para o Campeonato.


Concluindo, um primeiro terço de época bastante razoável do Benfica, se tivermos em conta o pânico das vistas mais curtas em Julho, então o que se conseguiu é assinalável, nomeadamente na consistência de uma equipa que perdeu quase todos os anéis e se reforçou sem grandes craques ou estrelas (mais uma vez, exceptuando JC). É Jorge Jesus quem volta a sair por cima e a demonstrar que é um dos mais trabalhadores e produtivos técnicos, é ele o tipo que faz omeletes sem ovos.

Mas ainda falta muito e nada está ganho, há que manter o espírito competitivo e a concentração demonstradas no Dragão. Porque se eles não nos conseguem derrotar no campo, vão tentar voltar a enfraquecer o nosso plantel (Enzo E Gaitán podem sair em Janeiro) porque se calhar já perceberam que mesmo com o actual plantel benfiquista não nos vão bater. Perder Enzo Pérez é um dado a ter muito em conta, mesmo que recuperemos agora Amorim & Fejsa (outros jogadores importantes da última época e que pouco ou nada contribuíram nesta face às suas lesões prolongadas), porque o argentino continua a ser o chefe, o metrónomo da equipa. E se Jesus não faz milagres, para quê enfraquecer a equipa a meio das provas ? Vender sim, mas em Junho.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Há o papa, os papistas e depois há o Guillherme Aguiar

Se há personagem venenoso, incoerente, mentiroso e mafioso nos programas sobre futebol em Portugal, esse personagem é José Guilherme Aguiar, um dos mais antigos membros do polvo corrupto que estendeu os seus tentáculos no desporto português.

Este crápula que há anos tem residência cativa em programas de grande audiência, vem despachando uma cartilha em prime time de forma verborráica. Raramente teve oposição do comentador benfiquista, ou por simpatia ou por puro desconhecimento futebolístico e dos seus meandros.

Aguiar nunca desce baixo de mais, para ele não há limites para defender o indefensável. Esta noite, depois de ter lançado o mote com um arrogante «o Benfica não consegue admitir o mérito do Porto, fala sempre de um fiscal ou de um árbitro» , dedicou-se a espalhar veneno e ignorância durante largos minutos sobre...um árbitro e um fiscal.

O iluminado conseguiu ver penalty sobre Tello, braço de Lima no 1º golo e involuntariedade de Jackson na mão deste no golo anulado. Palavras para quê, é um artista portista. E é capaz de terminar estas inenarráveis opiniões com um «não venho para aqui fazer uma triste cena».

Guilherme Aguiar, é por tipos como tu que o Benfica será sempre intocável para a tua ralé.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

LIMA, a lança de JORGE que matou o Dragão

César Brito. Nuno Gomes. Lima.

Vi 3 vitórias, para o Campeonato, no Estádio do Porto, em todas o nosso avançado bisou. César Brito saltou do banco, mas Nuno Gomes e Lima fizeram os 2 golos como titulares e tiveram festejos idênticos: Nuno apontou para as quinas de campeão, que na altura estavam no braço da nossa camisola e Lima relembrou a todos quem era o Campeão. Coincidências.



Mas recordemos o que foi ESTE pré-clássico. Desta vez não houve bolas de golfe, não houve "padradas" nem uma intimidação mesquinha e bacoca tão frequente naquele Estádio específico. Mas também não houve uma real e honesta abordagem por parte da Comunicação Social a este desafio. Durante anos o Benfica visitava o Porto atrás na classificação e existia uma pressão enorme sobre nós, «não podem sequer empatar» dizia-se, porque se não vencesse o Benfica estava afastado do título. Desta vez não li nem ouvi ninguém dizer que a pressão estava toda no Porto e que este não podia sequer empatar. O que eu li - até na jornada anterior - é que o Porto preparava o assalto à liderança...

Não li ninguém ponderar sequer a possibilidade de o Benfica fazer check-mate na casa do principal rival. Mas percebe-se. Se desde Agosto ouvimos falar de um Super-Porto, do melhor plantel dos últimos largos anos e do passeio que seria este Campeonato para eles face a um Benfica (detentor de TODAS as provas nacionais) morto e enterrado.

Deve haver hoje melões estratosféricos, destaco as palavras do director do jornal oficioso do Futebol Clube do Porto, antes do jogo:

«Os clássicos costumavam ser jogos tão importantes que os treinadores preferiam não os jogar. Eram armistícios de hora e meia. Nem os adeptos levavam a mal aquelas estratégias paranóicas, desconfiadas, de risco mínimo, com frequência acabadas em nulos. Jorge Jesus é desse tempo e chegou a jogar um Benfica-Porto assim, contra Jesualdo Ferreira. Em 2009, o Benfica dele, de olho na equipa tetracampeã de Jesualdo, era como este Porto de Lopetegui, e aquela vitória, mesmo assustadiça, significou o render de guarda. É indiscutível que, hoje, uma derrota castigará mais o espanhol, mas o Benfica também vai a exame. Tem muito mais rodagem (da melhor que há, porque treinador e equipa fizeram-na juntos) e vários jogadores estão no auge das carreiras. Se, nestas condições, não conseguirem vergar um concorrente que está só no começo haverá ilações a tirar. Talvez as mesmas de 2009.»

Como em tão poucas linhas se pode errar tanto. Os dedos de Jesus devem estar bem marcados na tromba deste avençado ainda a esta hora. Este pequeno "texto" em conjunto com o jogo de ontem atinge dimensão épica. Comecemos pelo final, o artista tenta pressionar o Benfica (que até parece que tem a mesma equipa há 6 anos...) a vencer (2 vitórias em mais de 20 anos...) porque caso contrário será o fim de ciclo benfiquista. Haja decoro.

Depois consegui comparar o Benfica versão rolo-compressor de 09/10 com este Porto de Flopetegui. O quê ?!?? Sim, ele escreveu-o. E disse até que aquela vitória (1-0, golo de Saviola) foi assustadiça, quando, nesse jogo, o Porto entrou em campo com "três tristes trincos" (como Rui Moreira lhes chamou). Uma vitória que pecou por escassa e em que o Porto consegui ZERO oportunidades de golo. Mas que grande lata ò Ribeiro.

O tipo consegue dissertar que o Benfica é muito mais experiente, que deve ganhar por isso, mas, caso não consiga é o fim de ciclo encarnado. Que coerência. Mas o coitado conseguiu acertar numa coisa, os "adeptos não levavam a mal aquelas estratégias". Verdade. Os Super Dragões nem se importaram em comparecer ao jogo, o resto do Estádio recebeu os votos de Natal e nem lenços brancos foram visíveis. Portanto tudo está bem quando acaba bem e Lopetegui é um afortunado.

Por falar em Chulen (sic) Lopetegui (o tipo da transmissão apelidou-o assim), tem sido cada tiro cada melro num rol de declarações brilhantes, quiçá proféticas, a saber:

«O bonito da Taça de Portugal é ser um jogo único» - lá está, mais bonito foi ELE ter feito um único jogo.

«Olhar para a tabela classificativa é anedótico» - na altura estava a 2 pontos do Maior, hoje, a 6/7, a tabela parece-me hilariante Julen. E cheira-me que quando quiseres olhar para a tabela vais chorar por não nos veres.

O basco Lopetegui, que perdeu 2 clássicos em casa, disse, no final de ambos, que a sua equipa foi superior (no caso do Benfica, muy superior). Não digam a ninguém, mas na tabela da Liga Da Superioridade, o Porto de Lopetegui lidera isolado.

Outra coisa que tenho reparado em Flopetegui é a azia nas flash interviews e Conferências de Imprensa sempre que não obtém um bom resultado. As flash são a despachar e as CI são diminutas (mas isso já é política-Porto, quando perdem não querem ser questionados e pisgam-se depois de 3 ou 4 perguntas), mas nesta última começou por exibir - com pouca desfaçatez - o dedo do meio após a pergunta "o Porto tem mais dificuldade em lutar pelo título ?". Continua assim Julen, estás cada vez mais a Ser Porto.




Quem ganhou este clássico foi JORGE JESUS. De Cátedra.

O Benfica inicia o jogo muito subido não dando tempo e espaço para o Porto conseguir jogar. Nos primeiros 15 minutos o Porto até conseguiu rasgar essa postura defensiva do Benfica com 2/3 lançamentos em profundidade. Nunca mais, até ao intervalo, voltou a furar a linha defensiva encarnada. Ainda assim tem 2 flagrantes oportunidades, Herrera ao lado e Jackson  para grande defesa de Júlio César.

Mas com excepção destes dois lances, o Benfica manietou completamente o adversário. Reduziu fortemente o campo (os metros onde as duas equipas se encontravam eram diminutos) subindo a defesa mais que o habitual e o Porto não conseguia sair a jogar.

Começaram a destacar-se os nossos homens de características defensivas: André Almeida , amarelado no primeiro minuto pelo veloz Tello, fez um jogo soberbo (mais um) "limpando" toda a gente que lhe apareceu ali (Tello, Brahimi, Quaresma). Eliseu vai ter que pedalar muito para recuperar o lugar porque hoje por hoje não deve haver muitos (se é que há algum) laterais portugueses mais competentes que ele. André Almeida é hoje - e muito justamente - um dos grandes símbolos do Benfica (ele que muita vez é injustiçado até por alguns benfiquistas de vistas curtas).

Se André Almeida, para mim, não foi surpresa nenhuma (já disse que o melhor jogo que vi dele - até esta época - havia sido a 2ª mão frente ao Fenerbahçe, onde foi defesa esquerdo), a portentosa exibição de Maxi Pereira superou as minhas expectativas. Não me recordo de uma exibição defensiva do uruguaio como esta. Intratável, meteu Brahimi no bolso e fez com que o argelino fosse assobiado pelos próprios adeptos.

De Enzo espero sempre o melhor, portanto o meu destaque para o esforço de Samaris e Talisca. O grego começa a soltar-se e o menino brasileiro, ontem arregaçou as mangas e foi mais um a ajudar a equipa. Outra grande surpresa para mim o espírito de sacrifício demonstrado por Talisca.

Gaitán é hoje o melhor jogador em Portugal (ultrapassou Enzo Pérez), só o toque de bola do homem vale o bilhete. Não tendo sido decisivo, foi genial sempre que tocou no esférico e via-se como o adversário tremia quando Nico dominava e encarava os defesas.

Salvio terá ficado inferiorizado no braço muito cedo e foi talvez o único que se exibiu abaixo das expectativas. Isto até ter entrado Ola John. Numa noite normal poderia ter ajudado a avolumar o resultado.. Entrou lento, sem velocidade de explosão e com tomadas de decisão horríveis. Com um Ola John destemido teríamos goleado ontem.

Ainda falta referir que o Porto enviou 2 bolas à trave na parte final, ambas após a saída por lesão do capitão Luisão. Coincidência talvez, porque tanto Jardel como César - que o substituiu num momento difícil - estiveram bem. E Júlio César a mostrar outra vez que é um GR de top mundial (Oblak who ?).

Nas tvs o prémio de aziado-mor vai para Manuel Queiroz (o tipo que depois de ver o murro de James Rodriguez disse que não era vermelho mas sim amarelo) que entre muitas, inúmeras, tiradas cheias de fel conseguiu comparar o apagar das luzes ao arremesso de bolas de golfe e que o Benfica teve sorte porque marcou um golo com a anca "acontece uma vez". Vá lá que o golo com a anca não foi um chouriço aos 92' ou em fora de jogo.

Já António Oliveira, o ex-selecionador, voltou a colocar os pontos nos is arrasando Flopetegui e dizendo aquilo que TODOS vimos: «Este discurso parece mais radiofónico. Ele por acaso sabe que o jogo foi transmitido? Parece um jogo relatado de hóquei em patins, em que a gente acreditava no que ouvia. Eu não queria duvidar do que o senhor está a dizer, mas nós vimos o jogo. E o FC Porto, em casa, tem a obrigação de ganhar. Alguém vai acreditar nisto? Ele está a fazer de todos nós parvos, ou não viu o jogo... Ele cria a expetativa na equipa de que tudo está bem. Este discurso não tem lógica nenhuma». Aplausos para o Oliveirinha que desde que se formou em direito parece ter-se apaixonado pela justiça e tem dito verdades como punhos, umas atrás de outras.

O melhor que aconteceu ao Benfica nos últimos largos anos chama-se Jorge Jesus, já ganhou todas as competições no Benfica, acumula recordes atrás de recordes e é ele o rosto da real mudança de ciclo no futebol português. Que continue muitos anos do nosso lado, porque com ele no Benfica..



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

E depois do adeus...

...haverá Revolução no Benfica ?

O último jogo na fase de grupos da Champions desta época mostrou um Benfica de segundas linhas (só o Enorme André Almeida tinha sido titular no jogo anterior - 3-0 - frente ao Belenenses). Com 10 "suplentes" temeu-se o pior frente a um Leverkusen fortíssimo ofensivamente e que havia vulgarizado o Benfica na Alemanha (3-1).

Mas a "revolução" mostrou as reais capacidades dum plantel que tem sido constantemente alvo de críticas e considerado muito inferior face a outros candidatos neste cantinho à beira-mar plantado. Pois bem, uma equipa que nunca havia jogado junta, não só segurou o Bayer Leverkusen, como demonstrou excelente nível.

Vamos por partes. Artur mostrou-se seguríssimo e revelou tranquilidade sempre que interviu (e bem). Os centrais foram excelentes na entreajuda e, para surpresa minha, não demonstraram nervosismo. Destaco César porque acho que foi melhor, vi-o com uma excelente capacidade técnica, muito bom com a bola no pé e a sair a jogar. Arrisco dizer que é neste momento o 3º central da equipa, na frente de Lisandro. O argentino não complicou, mas foi menos exuberante que o seu companheiro de sector. Lisandro tem mais minutos e experiência que César neste Benfica e talvez isso tenha ajudado na performance tranquila. Pessoalmente fiquei muito melhor impressionado com César, parece-me mais rápido e mais contundente que Lisandro López, mas ambos tiveram bons desempenhos.

Nas laterais, havia algum "burburinho" com Benito que não tem demonstrado grandes capacidades para ser titular e que no último jogo havia feito um atraso inenarrável para Júlio César que só se vê nos distritais... O mesmo Benito que nos poucos minutos desse último jogo parecia ter tremido como varas verdes, apresentou-se motivado e cresceu muito durante o jogo. Foi acertando as decisões (sobretudo os passes e as movimentações ofensivas) e ganhou confiança num jogo com opositores tudo menos fáceis. Fisicamente é muito forte e talvez por isso tenha subido mais no terreno que André Almeida, mas fiquei agradado com o ritmo do suíço e com a desfaçatez com que se incorporou na manobra ofensiva.

De regresso à lateral direita (tem jogado como defesa esquerdo desde a lesão de Eliseu) esteve o senhor André Almeida. Há algum tempo que tenho pensado em escrever um post sobre André Almeida, que, nos dias de hoje, me parece um dos maiores representantes da Mística. E acredito que tem cada vez mais peso naquele balneário. Jogador de uma grande humildade, joga 5 ou 90 minutos sempre "a tope", apoia todos os companheiros dentro ou fora de campo e nunca demonstra um pingo de insatisfação ou tristeza. Muito pelo contrário, jogue em que posição jogar, Almeida é competente e um valor seguríssimo neste plantel. A mim não me surpreendeu a braçadeira no seu braço, foi um prémio justíssimo para um homem e um jogador enorme. Neste jogo voltámos a ter a fiabilidade defensiva do costume (esteve intratável perante Hulk em S.Petersburgo) e o carácter de sempre. André Almeida é - justamente - um dos nomes grandes deste Benfica contemporâneo.

Como pivot defensivo surgiu Cristante. O jovem italiano tem uma capacidade de passe, sobretudo longo, exímio, mas não é tão agressivo na reacção à perda como aquele lugar exige (recordemos Javi Garcia, Fejsa ou Matic nesse aspecto) e a velocidade não é um dos seus fortes. Se juntarmos a isso o facto de ter uma equipa adversária potente e rápida e não ter nenhum "titular" a ajudar o seu trabalho, a sua tarefa parecia muito complicada. Mas Cristante foi à luta, literalmente, e além da sua capacidade de passe e gerir ritmos, conseguiu destruir e recuperar muito jogo. Encheu o campo com pormenores deliciosos e provou que temos aqui um jogador com um potencial superior, assim ele continue a trabalhar e a crescer.

No centro do terreno, junto a Cristante apareceu...Pizzi. Pizzi "fez de Enzo" (médio de ligação, defender e atacar, box-to-box) e cotou-se só como o MVP. Um jogo brutal de Pizzi pela qualidade elevadíssima do seu desempenho. Não só fazia jogar toda a equipa como recuperava bolas com o físico, corria quilómetros e raramente falhou um passe, dono de uma capacidade técnica assinalável, Pizzi colocou a cabeça em água aos alemães. Pizzi é tão bom como Enzo ? É difícil responder, Enzo faz muitas coisas e todas bem, Enzo não sabe jogar mal, mas neste jogo Pizzi foi tão bom como Enzo Pérez, sobretudo na elevada rotação que imprimiu ao seu jogo. Mas Pizzi só fez um jogo "à Enzo", poderá ele ter o rendimento constante do argentino naquela posição ? Veremos, mas a exibição da última terça-feira roçou o óptimo.

Nas alas tivemos Ola John e Bébé (ou Tiago). Ola John voltou a mostrar que tem um nível muito alto, falta-lhe continuidade e capacidade para se auto-motivar. Tecnicamente o holandês é um privilegiado e se aliarmos essa capacidade técnica à potência física, ele tem tudo para ser um extremo de nível mundial. Mas mentalmente estará muito longe dos requisitos necessários para se atingir esse patamar de eleição, se conseguir alterar isso, Ola John será das armas ofensivas mais perigosas do Benfica.

Se à esquerda esteve Ola John, na direita jogou Tiago. O português esteve melor do que esperava mas demonstrou tudo o que eu acho dele, o bom e o mau, a saber: muito possante e rápido mas fraco e pouco inteligente na tomada de decisão. Um jogador com a capacidade física dele precisa ser mais maduro na hora de passar, rematar ou cruzar. Nesse aspecto, Tiago é um jogador muito infantil e precipitado, é preciso trabalhar a tomada de decisão, sobretudo num jogador com a sua potência física e que tem tanta facilidade para se "ir embora" do seu marcador directo.

Derley e Lima formaram a dupla de avançados. Lima voltou a esforçar-se mas falhou um golo cantado de forma incrível e pareceu não ter conseguido apagar esse momento da sua memória. Se noutros jogos esta época, mesmo não marcando, Lima exibiu-se a muito bom nível, frente ao Leverkusen esteve abaixo do seu real valor. Já Derley demonstra a cada dia que está a crescer, que é um excelente pivot ofensivo, na forma como segura a bola, como faz paredes com os colegas e na forma como luta por todas as bolas. Ou muito me engano ou Derley terá um papel importante nesta época.

Do banco vieram os outros dois destaques: João Teixeira e Nélson Oliveira. O "miúdo" João Teixeira estreou-se de forma oficial nos seniores e em pouco mais de 5 minutos conseguiu expulsar um adversário e mostrou ser um jogador bastante rotativo (apesar de algo ingénuo também), depois da fantástica pré-época, há que contar com ele.

Nélson Oliveira provou, em apenas 15 minutos, que merece mais tempo de jogo (nem pensem em empresta-lo em Janeiro) e que é um avançado de elite: fino, técnica apuradíssima e um brilhante jogador de equipa. Se Jesus quiser reactivar o sistema de 2 avançados que tão bom resultado deu na última época com Lima & Rodrigo, Nélson tem que jogar, e parece-me perfeito para fazer o papel do hispano-brasileiro. Oxalá Nélson se tenha motivado (ele que aparentou uma cara "triste" desde que entrou em campo) e saiba capitalizar estes escassos mas brilhantes 15 minutos. E oxalá Jesus perceba que Nélson Oliveira tem muito a acrescentar a este Benfica, nem Lima nem Derley têm a sua capacidade técnica e nem Jonas tem a potência e velocidade do jovem formado nas nossas escolas. 2015 pode ser o ano de Nélson Oliveira. Disse-se muitas vezes que só lhe faltava um clique para explodir definitivamente, eu acho que esse clique não passa pela obtenção de um golo mas sim por uma mudança de chip na forma como o próprio Nélson abordará a questão. É ele quem tem que primeiramente mudar a sua atitude para se tornar um titular absoluto. A amostra foi boa e JJ não a pode ter ignorado.

O que ficou provado é que este plantel não é, de todo, tão fraco como se apregoava e que Jorge Jesus tem trabalhado bem. Porque uma coisa é incluir 2, 3 ou 4 jogadores numa equipa com rotinas e dinâmicas, outra bem diferente é colocar uma equipa nova e que ela demonstre os princípios de jogo da titular, a isso chama-se qualidade de treino. E se esta exibição não trouxer uma revolução no 11 (porque é difícil que jogadores como Enzo, Salvio e Gaitán, ou até Luisão não sejam titulares), já trouxe certamente uma esperança num futuro risonho.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Di Maria. Gaitán. Correa ?

Di Maria chegou à Luz como um dos novos prodígios do futebol argentino. Acabado de se sagrar Campeao do Mundo sub-20 com a Argentina (ao lado de Kun Aguero) no Canadá (onde Coentrao brilhou como extremo esquerdo), o jovem jogador do Rosario Central era visto como o substituto natural de Simao Sabrosa.

Di Maria era um jogador explosivo, tecnicamente evoluído mas muito diferente do Simãozinho. Di Maria era um extremo à antiga, jogava bem encostado à linha lateral e deixava a cabeça em água ao lateral contrário. Era normal ve-lo fintar (ou gambetear como dizem os seus compatriotas) o defesa uma, duas ou três vezes na mesma jogada. Di Maria optava por humilhar o contrário ao invés de ser produtivo e eficiente.

Era um jovem com sangue na guelra mas bastante "verdinhho" para o competitivo futebol europeu. Mas via-se que era um fenómeno, num dos seus primeiros jogos, na Choupana, fez uma jogada antológica onde driblou meia equipa e depois foi incapaz de oferecer o golo a Cardozo ou concretizá-lo ele próprio.

Muitas vezes Di Maria parecia uma galinha sem cabeça, pois corria desenfreadamente mas sem o mínimo critério e/ou objectividade.Foram anos negros até à chegada de Jorge Jesus à Luz. Tendo-se equacionado mesmo a transferência do astro argentino por não passar de um brinca na areia.

Mas havia magia em Di Maria (golo de antologia com Maradona - então seleccionador argentino - na Luz a assistir), o que demonstrava que não se podia perder a esperança num talento bruto deste quilate.

Jesus potenciou as suas capacidades e Di Maria tonou-se um punhal na extrema esquerda encarnada em 09/10. Não esqueço, ainda nessa pré-época, um jogo em Amsterdam, no torneio do Ajax, onde vi Di Maria a fazer carrinhos na linha de fundo defensiva e a subir e descer com critério e pulmão. Parecia estar motivadíssimo como nunca o tínhamos visto e nessa época sucederam-se as exibições monumentais, umas atrás de outras. O rebelde gambetero havia-se tornado num futebolista de elite, sabendo decidir quando driblar e como ser produtivo. Sem surpresas, seria transferido para o Real Madrid de Mourinho por mais de 30M (recorde na altura).

Depois de Di Maria chegou ao Benfica outro argentino para o substituir: Osvaldo Nicolás Fabián Gaitán. Vindo do colosso Boca Juniors, Nico Gaitán demonstrou o seu nível rapidamente, mas a memória fresca de Di Magia (como o pequeno genial se referiu a ele) tornou a comparação inevitável e isso não foi fácil ou positivo para o novo craque vindo das Pampas.

Gaitán não era (nunca será) um extremo "de linha" como Di Maria, era um jogador que gostava mais de zonas interiores e que - tal como o seu predecessor - não estava habituado a defender. O talento de Gaitán também era óbvio, mas Nico era mais cerebral, mais elegante que o puro sangue Di Maria.

A sua adaptação foi mais rápida que a de Angelito, e apesar de não ter um jogo tao espectacular e entusiasmante como o compatriota, tinha algo superior: classe.

Gaitán deu nas vistas, nos seus inícios entre nós, com slaloms impressionantes, quando embalado parecia imparável. Mas desaparecia muitos minutos durante um jogo, deixando de vez em quando alguns pormenores de génio. Gaitán era um craque, mas não era Di Maria, pareciam pensar os benfiquistas.

Mas Nico Gaitán evoluiu de época para época e passou a ser determinante no poder ofensivo do Benfica, ele tinha técnica, velocidade, visão de jogo e muita, muita classe. Gaitán é o tipo de jogador que perfuma a bola quando lhe toca, com ele a redondinha nunca se queixa.

Portanto tivemos 2 argentinos "canhotos" que encantaram a Luz. Com a mais que provável transferência de Gaitán no final desta época (digo eu...), outro argentino entra no radar do Sport Lisboa e Benfica: Joaquín Correa.

Digo-o desde já, a concretizar-se o negócio Correa, o Benfica acerta na mouche! É um jogador bastante parecido com o Gaitán, na minha opinião, um futebolista fino, elegante, transpira classe a cada toque de bola. No Estudiantes joga no lado esquerdo, mas tal como Nico, não é um extremo puro e procura bastante jogo interior. É um destro (apesar de não ser "cego" com o pé contrário) a jogar no lado esquerdo mas a elevada capacidade técnica permite-lhe sair do drible para "dentro" ou para "fora" deixando o seu opositor sem saber por onde o vai "partir".

Correa tem boa visão de jogo, uma técnica prodigiosa e muita velocidade, é um talento extraordinário e se for este o substituto do Picasso Gaitán, não temos nada a temer: é craque da cabeça aos pés!

Não quero que Gaitán saia, mas quando isso acontecer, quero que seja Correa o seu substituto, é um futebolista que tem tudo para ser estrela mundial.

domingo, 30 de novembro de 2014

Adeus Champions. Adeus Europa. Adeus Enzo. Olá 34º ?

Continuo a achar que o Benfica era a melhor equipa do seu grupo (e não por sermos Pote 1), o Monaco é mediano, o Zenit tem 3/4 jogadores muito bons mas está longe de ser uma Equipa de nível e o Leverkusen, apesar de bons elementos e um excelente treinador, não é ainda um papão, e não tem a nossa experiência europeia.

Por tudo isto, o nosso rotundo fracasso encontrará razões e origens internas. Para mim - confesso admirador do nosso Jorge Jesus - o principal responsável é o técnico. Mesmo que eu ache (continuo a achar!) que a este plantel falta um '9' nove!, isto é, um ponta de lança finalizador, frio, matador; o treinador teria que ter formatado a equipa para pelo menos ser consistente. Se ele não pode marcar golos, pode preparar e rentabilizar a equipa para não os sofrer. Por isso eu acho que faz mais falta um grande '9' (que Jonas nunca será, antes um bom segundo avançado) que um grande central para fazer dupla com Luisão.

No Monaco e em S.Petersburgo (até na Luz frente aos franceses) um grande PL teria resultado em 6 pontos para nós e um apuramento para os oitavos nesta altura. Em largos minutos desses jogos, o Benfica encostou o adversário e desperdiçou várias oportunidades de golo consecutivas. Ao não ser eficiente, acabou por ficar longe dos oitavos e hoje está fora da Europa em Dezembro!

Tivemos jogadores expulsos em todos os jogos menos na Alemanha (2 centrais e 1GR, e só a expulsão na Rússia não teve qualquer influência por ser nos instantes finais), mas na Alemanha Jesus levou um banho tático. Roger Schmidt estudou-nos bem e foi perfeito na optimização dos seus próprios atletas. No papel, esse jogo da Alemanha e a disposição do Leverkusen poderiam favorecer os nossos famosos contragolpes fulminantes, mas o triângulo Cristante-Enzo-Talisca foi engolido e passou ao lado do jogo, nunca conseguindo ter posse nem critério para dinamitar o último reduto alemão. Nesse jogo aconteceu o que costuma acontecer aos adversários europeus de Jesus, a nossa equipa foi bem estudada e nós fomos surpreendidos.

Houve golos falhados, houve expulsões...mas nesta fase de grupos não houve Jesus; não houve o dedo do treinador a desequilibrar para o nosso lado. E num plantel com menos opções que os últimos...isso nota-se.

E é Jesus que torna Coimbra e a Académica num surpreendente jogo-chave. Antes deste flop europeu, todos os benfiquistas contavam os 6 pontos (Académica fora e Belenenses em casa) antes da deslocação ao Dragão como garantidos, mas entretanto, a visita à cidade dos estudantes ganhou dimensão de desafio fundamental. Por várias razões: é o jogo seguinte a um jogo de Champions e isso nota-se sempre; é um jogo emocionalmente difícil tendo em vista a precoce eliminação europeia; e o stress de não perder qualquer ponto antes do clássico com o principal rival aumentou muito.

Como responderão os nossos jogadores ??

Disse em Agosto que Enzo se tinha despedido em Aveiro, na Supertaça. E na verdade ele pensava ter feito ali o último jogo de águia ao peito e inclusivé fez um aceno final a todos os adeptos. Ele sabia do negócio, o Valencia pensava tê-lo garantido e o Benfica, só à última hora (a entrevista de Vieira garantindo 30M ou nada) salvaguardou os nossos interesses depois de - creio eu - há muito ter aceitado os 25M propostos pelos espanhóis.

Face à inesperada razia do último defeso, Enzo - que era a jóia da coroa - tornou-se no símbolo da esperança dos benfiquistas, com ele do nosso lado nem tudo estava perdido na época 14/15. Terá sido esse o motivo para que o Benfica extremasse posições nas negociações exigindo agora o pagamento da cláusula. Enzo - felizmente - acabou por ficar. Se ficou contrariado nunca o demonstrou. Mesmo que o seu nível exibicional não seja ainda o nível de elite das últimas duas épocas (e alguém nesta equipa está ao mais alto nível que já exibiu ??), o internacional argentino tem dado o litro como sempre, em todos os jogos.

Só que com a prematura eliminação europeia, as receitas do Benfica diminuem drasticamente e não acredito que o Clube resista à tentação de vender o jogador com mais mercado. 30M servirão para...3 meses de salários...e pouco mais. Financeiramente a época fica resolvida, mas desportivamente...pode ser um hara-kiri que não vai acabar bem para ninguém, nem para Jesus, nem para Vieira e nem para o Benfica.

Se o Benfica não vender Enzo ao Valencia em Janeiro (porque faria muito mais sentido transacioná-lo no final da época, porque os espanhóis também não disputam provas europeias) aplaudo a estratura e o voto de confiança para que este plantel possa terminar o ano em beleza com mais 3 títulos no nosso Museu, mas é imprescindível que o Benfica se mantenha na liderança até Janeiro. E isso passa muito por hoje em Coimbra, se houver raça, querer e ambição, todos voltaremos de baterias carregadas e mais unidos face ao futuro próximo. Nem precisa haver nota artística, se os jogadores demonstrarem estar unidos e motivados, o Benfica vencerá, mas se houver uma réstea de dúvida ou indefinição...nuvens negras se aproximam.

Fora da Europa e com todo o primeiro semestre de 2015 centrado apenas em provas nacionais (ok, falta eliminar o Braga na Luz para a Taça de Portugal, mas foi curiosamente frente ao Braga, onde - para mim - fizemos os melhores 45 minutos desta época) o Benfica tem quase a obrigação de ser campeão. Até porque já é líder isolado, não tem que correr atrás de ninguém, basta-nos ser eficientes, consistentes e jogar as provas nacionais como se de finais se tratassem.

P.S. - se Enzo sair prevejo um meio-campo com Fejsa a 6 e Samaris a 8 depois de Janeiro. Porque até acho que o Samaris veio para o lugar do Enzo, é um jogador com propensão ofensiva, boa técnica e alguma chegada ao golo - que ainda não se viu porque o grego tem andado "amarrado" (e até nervoso) com aquilo que JJ lhe exige.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

*Ich bin mitglied des grössten klubs der welt, und du ?

Parece que a habitual sobranceria alemã (o DDT da Europa) revelou-se perante a frustração de estarem atrás de um clube do sul da Europa (esses malandros...) no número de sócios. É caso para dizer "que lata a do alemão!".

Mas além da frustração, o senhor do Bayern de Munique chegou a levantar dúvidas acerca da veracidade do número de sócios do Sport Lisboa e Benfica. Tendo em conta as coordenadas geográficas de onde saiu essa afirmação, o autoritarismo com que essas palavras foram lançadas parece-me ultrapassado em pleno séc. XXI. Querer ser o Maior à força, ignorando a democracia e as vontades (legítimas) alheias é muito feio. E demonstra tudo menos fair-play.

Munique nem sequer é a maior cidade da Alemanha, tem 1,3 milhões de habitantes. Só a área metropolitana de Lisboa tem mais do dobro (mesmo que Lisboa cidade contabilize apenas cerca de 500.000 habitantes), 2,8 milhões.

Aquilo que os alemães não devem saber (mas deviam!) é que o Benfica não é um clube de Lisboa, nem sequer de Portugal, o Benfica é um clube mundial, e se há portugueses nos 4 cantos do Mundo, há concerteza benfiquistas em todo o lado também.

Não gostei nada da desconfiança dos alemães, foi uma atitude feia, déspota e que tentou menorizar o nome e o peso do Sport Lisboa e Benfica.

O Benfica já respondeu, com algum humor à mistura, lançando novo apelo aos benfiquistas (inexcedíveis sempre!) para que se façam sócios do Clube. A provocação reside na língua escolhida (perfeitamente perceptível na...Baviera) o que não deixa de trazer um toque de humor brilhante à acção.

 
 
 
 
 
 



*Sou sócio do maior clube do Mundo, e tu ?

sábado, 8 de novembro de 2014

As Grandes Equipas ganham mesmo quando jogam mal

Rio Ave e Mónaco.

Duas vitórias magras (1-0), dois golos de Talisca (de flop a prodígio em 3 meses...) e duas exibições fraquinhas do Benfica. Mas, duas VITÒRIAS. E se o principal objectivo de um jogo de futebol é vencer para se conquistarem títulos através de vitórias...então o Benfica cumpriu.

Primeiro na Liga doméstica, frente ao adversário que mais vezes defrontámos nos últimos meses, com fraca eficácia ofensiva (o que mais falta faz a este Benica 14/15 continua a ser um '9' de eleição - e Jonas não o é) e com as baixas da ala esquerda titular (Eliseu & Gaitán). Se ofensivamente fomos medíocres, no aspecto defensivo fomos melhores (por muito que eu ache que Lisandro está ainda muito longe do nível de Jardel - outro ausente) e talvez só tenhamos sido apanados descompensados no lance de offside do Rio Ave que resultaria num golo BEM anulado.

E curiosamente, andou-se a discutir uma decisão CERTA (!!) porque o auxiliar não teve a velocidade necessária para estar bem colocado (assim de repente lembro-me de um auxiliar estático, na linha de fora de jogo, numa bola parada, decidir MAL, portanto...), mas quando na jornada anterior, em Braga, o auxiliar também estava a uns bons metros de onde devia estar e validou o golo do Éder, ninguém levantou a voz. Ninguém! Lances idênticos, ambos bem ajuizados mas só um a dar "falatório". Bem vindos à Comunicação Social Portuguesa.

Na Champions jogámos menos que o Monaco (que para mim havia sido bem mais fraco em casa do que aquilo que fez na Luz) mas mais uma vez soubemos não sofrer (muito bem Júlio César e um Luisão cada vez mais em jogo) e sentenciar perto do fim. Se em França achei que o Benfica merecia mais, na Luz fomos mais felizes que competentes. Por oposição a um Monaco personalizado e que procurava fazer história (nunca uma equipa francesa venceu no Estádio do Sport Lisboa e Benfica).

E isto leva-me a outra questão, serão as equipas francesas melhores que o Benfica ? Claro que não (talvez o PSG e o OM estejam num nível próximo), mas o Monaco tem sentido mais dificuldades com elas do que com o Benfica. E para mim a explicação - por redutora que possa parecer - é simples: o Monaco é treinado por um português. Curiosamente o nosso grupo da Campions tem 2 treinadores portugueses entre 3 adversários, e para mim, esse tem sido o nosso (e de JJ) maior handicap. Os portugueses conhecem bem o Benfica, e estes 2 em particular têm tudo menos apreço ou simpatia por nós. Bem pelo contrário, preparam esses desafios ao detalhe e com uma carga extra de motivação (efeitos que o Benfica provoca em quem não gosta de nós). Arrisco mesmo dizer que se Monaco e Zenit não tivessem técnicos portugueses faríamos 10 a 12 pontos nos confrontos com eles.

As coisas não estão fáceis na Champions, mas já temos vantagem no confronto com os monegascos e só dependemos de nós para nos apurar, vencendo os 2 jogos que nos faltam faremos 10 pontos (como no ano passado..) e garantimos o apuramento. Não será fácil, sobretudo o próximo jogo na Rússia a um horário diferente (Leverkusen e Monaco defrontam-se na Alemanha sabendo o nosso resultado), num clima difícil e numa verdadeira final para as duas equipas. E aí, não haverá S.Talisca que nos safe, é preciso muito mais, é preciso eficácia na finalização, é preciso objectividade na transição ofensiva e é preciso coloca-los a eles sobre pressão também.

Mas se tudo isto falhar e...vencermos, perfeito. Afinal a maturidade de uma equipa grande vê-se também nos resultados. Trapattoni dizia que «se não podes ganhar, pelo menos não percas», não é teoria que aprecie mas é totalmente verdade. Ainda assim eu prefiro: se não podes jogar bem e ganhar, então ganha apenas.

P.S. - houve um presidente de clube português que veio dizer por estes dias que "o árbitro errou de forma deliberada" fazendo um claro processo de intenção que se alargou por mais do que o dia de jogo. Vou esperar para perceber o castigo (escapará ?? Já não digo nada...se até o Salvador - outro que fala muito de árbitros excepto se o adversário for o Porto - foi absolvido na última época depois de chamar ladrão e roubo em plena conferência de imprensa...) que lhe será aplicado. Por muito menos que isso, Vieira apanhou uns meses.

P.P.S. - o público do Benfica tem estado muito bem (números aquém de um Campeão líder isolado mas a crise permanece entre nós...) e não precisa de petardos para mostrar a sua paixão. Vi esta semana um exemplo brutal, no Monumental de Buenos Aires, o River Plate sofria o 2º golo do Estudiantes (que assim igualava a eliminatória da Copa Sul Americana) e SÓ se ouviam os adeptos "milionários" (ou gallinas se fores xeneize). Antes da marcação dessa penalidade do Estudiantes (que deu o momentâneo 1-2), durante a mesma e depois, só se ouvia River Plate, River Plate! Impressionante! Nunca tina visto um golo ser completamente abafado pelos adeptos contrários. Quem não conhecesse os equipamentos diria que havia sido uma comemoração incrível de um golo...do River!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Benfica 1 - 1 Artur

Frustrante.
Foi assim o derby de ontem para o Benfica. Desperdiçámos demasiadas oportunidades e, como se fosse pouco ainda oferecemos um golo ao Sporting. E oferecer talvez seja pouco para descrever aquilo que Artur fez naquele lance. Vi aquilo e senti a mesma estupefação que se um jogador nosso tivesse chutado a bola intencionalmente para a nossa baliza. Inenarrável.



Avancem para o minuto 0:48. Eliseu atrasa para Artur, e até lhe coloca a bola no pé "bom" (se é que Artur tem isso...), o direito. O GR está no lado esquerdo (mais congestionado) da área e tem muito espaço à sua direita. Tem duas opções lógicas e simples: a primeira é chutar com força de primeira (mesmo que para fora), a segunda é dominar e girar o seu corpo para a direita para mais facilmente chutar "para dentro do campo" (se é que não quer fazer o típico charuto para fora.

0:49. Artur, com uma calma/lentidão arrepiante, domina a bola e demostra uma "moleza" premonitória face a dois sportinguistas que se aproximam dele a grande velocidade e lhe diminuem o espaço. Marco Silva diria, no final, que a estratégia do Sporting passava por pressionar alto, homem a homem, o Benfica, para evitar que este saísse a jogar desde a defesa. Este lance é apenas um exemplo prático dessa intenção.

0:50. Inexplicavelmente, Artur, em vez de fazer o "campo grande" virando-se para a sua direita, faz o "campo pequeno" virando-se para à esquerda. Esquerda onde tem pouquíssimo espaço e onde Carrillo está a pouco mais de 1/2 metros dele.

0:51. O absurdo acontece. Artur tenta colocar a bola no sítio mais difícil e perigoso (!!), em Eliseu, com - pasme-se - um chapéu a Carrillo. Àquela distância, arrisco dizer que não era um passe nada fácil de executar (o adversário está perto demais) e era mal jogado, porque Eliseu estava sozinho e há um sportinguista (André Martins ?) que, muito provavelmente chegaria primeiro à bola que o ex-Málaga.

Para completar a sucessão de acontecimentos bizarros, Artur consegue escorregar/gatinhar depois do seu passe ter sido interceptado. Se isto não tivesse acontecido, Artur poderia ter facilmente chegado à bola antes de Slimani fazer o golo. Mas o que se viu uma dureza de rins, uma incapacidade embaraçante de demonstrar agilidade ou, vá, velocidade de processos.

Artur é finito.

Dir-se-á que Artur borrou a pintura redimindo-se no remate de Slimani perto do final da partida. Eu digo que não e deixo duas notas. A primeira é que eu não acho que tenha sido grande defesa, a bola continua o seu percurso e não é outro frango por alguma sorte, grande defesa seria ele blocar a bola para a lateral (esquerda neste caso) ou agarrá-la. Neste lance ele tem sorte de a bola ter batido nele e não ter entrado, não vi nada de extraordinário no lance e na sua deficiente abordagem. Depois, Artur trouxe-me à memória a época de 93/94. Nessa época do 3-6, houve outro jogo mítico em Leverkusen (4-4) e recordo-me particularmente dessa altura. Durante um mês ou mais (aconteceu no 4-4 e no 3-6, para mencionar só dois casos) os cantos contra o Benfica eram quase penaltys, tal a tremideira e o burburinho que se sentia no campo e no Estádio a cada pontapé do quarto de círculo. Neno era o GR da altura que parecia incapaz de socar uma bola (já não digo agarrar) vinda de um canto. Então, tal como hoje, tínhamos um grande central (Mozer), mas o nervosismo daqueles lances, e de Neno em particular, acabava por afectar toda a gente na defesa.

Aquela equipa haveria de dar a volta a essa situação porque ofensivamente era portentosa (JVP e Rui Costa entre muitos outros), a equipa de hoje tem que retirar Artur da baliza sob pena do vírus dos cantos afectar toda a equipa e adeptos.

Já o escrevi e repito: Artur é um ex-futebolista de elite mas ainda ninguém o avisou.

Este lance, além de nos ter retirado 2 pontos, haveria de marcar o subconsciente de toda a equipa até ao intervalo. O Benfica que entrara muito bem e chegara à vantagem, sentiu o "suicídio futebolístico" de Artur como um soco demasiado forte no estômago. Era óbvio que nas mentes de alguns jogadores passou a estar a incredibilidade da ação de Artur, e isso não só desconcentra como retira motivação.

O Sporting equilibraria o jogo até ao intervalo, mas mais fruto de contenção e posse do que perigo efectivo. Aliás, gostei mais do Estoril de Marco Silva o ano passado na Luz do que deste Sporting.

No segundo tempo começámos com 2 falhanços: chapéu de Gaitán e remate de Salvio (a cruzamento de Nico Gaitán) rente ao poste. Aliás, Salvio haveria de falhar mais 2 chances, uma delas flagrante, no centro da área e sem oposição.

André Almeida também esteve perto de se estrear a marcar num derby num bom cabeceamento para grande defesa de Patrício (que quanto a mim também não ficou muito bem na fotografia do nosso golo, apesar da magistral jogada colectiva; aliás Patrício já frangara na última época num cabeceamento de Luisão, mas o erro de Artur até essa "comédia" supera).

Podíamos e devíamos ter vencido ontem, e o sentimento de frustração é enorme por causa disso. Disso e da falha grotesca de Artur. Nem o mal-amado Roberto terá feito uma daquelas...

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Do borrego ao alcatrão, aí vai o Campeão

Primeiro objectivo (vencer Supertaça + 1ª jornada do Campeonato) atingido. Sem grandes euforias ou brilhantez mas longe da depressão generalizada que os opinadores e escribas do alheio tentaram transmitir. A verdade, dura e crua, é que já temos um título (o único disputado), não sofremos qualquer golo e entrámos a vencer na principal competição nacional, coisa inédita para as bandas da Luz desde 2004/05.

O "borrego" da jornada inaugural terminou hoje com a vitória por 2-0 sobre um muito interessante (e personalizado) Paços de Ferreira. E vou começar mesmo por aí, por um Paços muito bem orientado por Paulo Fonseca, a jogar de "cabeça erguida", no campo todo e tacticamente muito bem trabalhado. O Paços não vai ser 3º nesta época, mas vai ser um osso duro de roer e trará competitividade a uma Liga Portuguesa cheia de treinadores de retranca ou "do pontinho".

E só um grande treinador desceria 2 ou 3 degraus de forma impávida e serena, demonstrando - novamente - que é, sem margem para dúvidas, bom treinador. Paulo Fonseca voltará a um grande e voltará por méritos próprios. Agora, liberto das amarras de uma cartilha sensaborona e repetitiva verá o seu trabalho falar por si. Boa sorte para ele e para o Paços.

O Benfica, por sua vez, entrou mole, adormecido e foi dominado por um Paços tacticamente a roçar a perfeição e que se impôs nos primeiros 25 minutos. Cedo na partida Cosme que vinha: amarelo patético a Enzo Pérez aos 4 (!!) minutos e um penalty assinalado com o olho de lince... Admito que há falta (escusada) de Eliseu, mas este é um penalty ao ralenti, só se vê na repetição em câmara lenta, porque na velocidade "natural" parece uma teatralidade de Hurtado (que também existiu). Mas estou com Jesus, acho muito difícil - na posição onde estava - que Cosme Machado pudesse ser tão peremptório.

Mas adiante. O "pára-penaltys" Artur (que fez o melhor jogo em muito, muito tempo, praticamente perfeito) emergiu e voltou a ser herói, uma semana depois de Aveiro. De resto, por esta altura víamos um Enzo de baixa rotação e um Talisca, novamente engolido no sector mais recuado do Paços. Curiosamente - ou não - o brasileiro só se destacou quando recuou no terreno e conseguiu mostrar a sua qualidade de passe e visão.

O Benfica chegaria à vantagem pelo intratável Maxi Pereira (que já havia dado uma bola de golo a Lima) depois de boa combinação com Gaitán. Concretizou dentro da área e de pé esquerdo! Outra vez muito bem Maxi e outra vez muito bem Salvio, que parece imparável e haveria de fechar as contas depois de outra excelente jogada colectiva (e nova assistência de Gaitán), ao cabecear no segundo poste, bem ao seu estilo.

Amorim foi outro dos destaques positivos, nunca parou e conseguiu ser o pulmão e o cérebro ao mesmo tempo. Voltei a achar que Eliseu tem deficiências defensivamente e abre muito espaço no seu flanco. Lima foi outra vez perdulário (apesar de sempre esforçado e lutador) num jogo onde devia ter feito um ou dois golos. Jara jogou cerca de 50 minutos e aliou coisas interessantes com "paragens cerebrais" inadmissíveis em alta competição, tem que crescer muito se quiser ter uma palavra neste plantel.

Foi uma vitória q.b., sem espinhas perante um bom Paços de Ferreira e que abre boas perspectivas para o "alcatrão" do Bessa no próximo domingo. Depois de duas vitórias transcendentes, o novo objectivo passa por mais duas: Boavista e Sporting. Chegando assim à primeira pausa do Campeonato na liderança, com 9 pontos e com um dos candidatos a, pelo menos, 5 pontos.

P.S. - não me lembro de um Campeão ter sido tão menosprezado pela Comunicação Social portuguesa no arranque de uma Liga. Lembro-me de vários dream team (em teoria, no papel) do Benfica terem sido secundarizados face ao então Campeão, por isso mesmo, por "os outros" serem os campeões. Mais, este ano há um candidato com bastantes mais mexidas no 11 (o Benfica apresentou 2 caras novas apenas, nos 2 jogos disputados), incluindo até uma mudança técnica e passa-se por acima disso tudo de forma olímpica oferecendo, praticamente, o título em bandeja de ouro. Ele são as contratações fabulosas (claro que sim, quem diz isso também escreveu que Capel era a maior contratação do defeso, um defeso onde, entre outros, chegou Witsel ao futebol português...), a pré-época arrasadora, etc., mas as contas fazem-se no fim e talvez esse menosprezo faça muitos "delinquentes da pena" engolirem essas palavras.

P.P.S. - não há volta a dar, o Porto fez um all in nesta época, contratou e investiu com nunca numa jogada de elevado risco face a um técnico sem qualquer histórico ou conhecimento do nosso futebol, por isso prevejo muitas jogadas de bastidores e inúmeras arbitragens polémicas. Para o bem do Benfica e para o bem do Desporto, oxalá me engane e tudo se desenrole da forma mais limpa e clara possível, mas...mais vale prevenir que remediar.

domingo, 17 de agosto de 2014

Benfica: pré-época 14/15

Continuo a achar que a pré-época 13/14 foi a mais deprimente a que assisti. Este ano, apesar dos horríveis resultados e exibições, houve sempre a sensação que aquele não era o nosso Benfica, que faltavam os melhores (Enzo e Luisão, por exemplo) e que haveriam de chegar melhores reforços.

Não temi nem tive a angustiante sensação da pré-época anterior, onde, com toda a gente disponível, assistimos a maus resultados, más exibições e uma descrença crescente entre os adeptos. Esta época chegámos a fazer um mês sem 3 centrais (Luisão, Jardel e Lisandro), logo os 3 mais categorizados, jogando vários jogos com um brasileiro inexperiente (César) e outro experiente mas a milhas da alta roda europeia (Sidnei).

E no centro do terreno, que sempre foi o núcleo duro da tripleta (Luisão, Garay, Enzo e Fejsa) ninguém jogou um minuto que fosse, e isso paga-se caro. Mas vamos à análise individual:

ARTUR: é um futebolista reformado que continua a competir. É preciso que alguém no Benfica saiba isso e procure defender os superiores interesses do Clube afastando-o da titularidade. Lembro-me da estreia de Artur. Eu, que torci o nariz à sua vinda do Braga, fiquei surpreendido com as exibições frente ao Twente (pré-eliminatória Champions), em Enschede mostrou-se rápido, com várias "manchas" brutais e uma exibição de grande nível. Na 2ª mão, na Luz, fica na retina uma defesa do outro mundo (à Gordon Banks) depois de um cabeceamento de Bryan Ruiz. É verdade que foi o primeiro GR no pós-Roberto, mas demonstrou logo no início um nível altíssimo. Haveria de "frangar" poucas semanas depois, numa vitória caseira (2-1) frente ao Vitória de Guimarães (o jogo dos 3 penaltys de Cardozo), o que levou a algum arrefecimento acerca da sua qualidade. Foi tendo um nível regular, raramente comprometendo, mas no último ano baixou drasticamente o nível tendo atingido o "fundo" nesta pré-época onde não demonstrou reflexos, velocidade, NADA. Deitava-se imediatamente face a um avançado adversário e já não se conseguia levantar sequer quanto mais ter reacção para executar uma defesa. Parecia um jogador pastelão que entretanto foi colocado na baliza. A sua confiança não seria certamente a melhor, mas restavam-lhe 2 hipóteses: ou trabalhava com afinco, redobrando a dedicação ou afundava-se definitivamente num poço sem fundo. Optou por baixar os braços. É verdade que até defendeu 3 penaltys na última Supertaça, mas para mim Artur não tem sequer condições para permanecer no Benfica. VEREDICTO: sair/vender/emprestar

PAULO LOPES: é dos nossos, é mais um benfiquista, só que dentro do campo. Teve mais minutos que em qualquer outra pré-época e chegou a estar nas cogitações de JJ para a titularidade face ao péssimo nível de Artur. É um membro importante do balneário, pela veterania e benfiquismo, e parece-me uma escolha perfeita para 3º GR. VEREDICTO: manter.

LUÍS FELIPE: horrível. Não há forma mais suave de o dizer. Mau, colocação a um nível amador, técnica na mesma linha e fisicamente deplorável. Não consigo vislumbrar como alguém encontrou ali (nele) algo de jogador de elite. Um jogador ao nível dos barretes de Rojas, Escalona e tantos outros "marretas" que vestiam o Manto Sagrado numa fase negra da nossa História. VEREDICTO: vender/oferecer/emprestar/livrar-nos dele.

MAXI: a raça e a alma desta equipa. VEREDICTO: imprescindível.

CANCELO: digo-o há algum tempo, tem tudo para ser o Coentrão do lado direito (no Benfica e Seleção) mas esta pré-época não mostrou nada disso. Tem técnica superior, tem pique, tem velocidade e sabe cruzar mas falta-lhe o resto: posicionamento, concentração e sacrifício. Prefiro não acreditar que a fama lhe terá subido à cabeça e que se acha uma "estrela" superior a outros, mas o que Cancelo mostrou nesta pré-época foi de uma infantilidade atroz acumulando erros tácticos atrás de erros tácticos. Lembro-me da 1ª época de Cancelo na equipa B (ainda júnior) onde foi várias vezes o nosso melhor elemento, na última época baixou o nível e nesta pré-época esteve irreconhecível. Se o menor rendimento da última temporada pode ter várias razões, incluindo falta de motivação, nesta pré-temporada com os AA não se viu qualquer interesse em transcender-se ou lutar por um lugar. Também acho estranho que Jesus não queira tê-lo já às suas ordens para o trabalhar como fez com o Fábio Coentrão, porque Cancelo tem tudo (física e tecnicamente) para ser um portento no futebol português. VEREDICTO: teria ficado com ele na equipa A, emprestando-o prefiro vê-lo numa boa equipa europeia que na I Liga.

SIDNEI: incrível como do defesa que encantou em 2008/2009 não resta nada, quem vir essas imagens e as de hoje repara que deve ter 10 ou 20 kgs a mais (logo aí se demonstra o seu profissionalismo...), no resto tem tudo a menos: velocidade, corte, sentido posicional, capacidade de desequilibrar incorporando-se no ataque. Tudo isso desapareceu. Sidnei, tal como Artur, parece um ex-futebolista de elite. É verdade que nunca fez parte das contas e apenas foi chamado perante a nossa razia entre os centrais, mas desaproveitou completamente a última oportunidade entre nós. VEREDICTO: vender.

CÉSAR: é um jovem com algumas qualidades interessantes, técnica razoável, alguma velocidade e gosta de sair a jogar. Mas é muito inexperiente, demonstra falta de maturidade no posicionamento e nalgumas abordagens aos lances. É verdade que teria rendido muito mais com outro central ao lado que não Sidnei, mas está muito verdinho ainda para o exigente futebol europeu. Acho que pode crescer e aprender muito com Jesus e Luisão, por isso o manteria no plantel. VEREDICTO: manter.

JARDEL: jogou muito pouco fruto de lesão mas é claramente o melhor central depois de Luisão. Rápido, forte e bom no jogo aéreo. Esta pode ser a sua grande época afirmando-se como titular. VEREDICTO: manter.

LUISÃO: o capitão! VEREDICTO: imprescindível.

BENITO: jovem suíço que foi uma boa surpresa para mim, é um atleta: forte, robusto e competitivo. Acho que pode crescer muito, sobretudo ofensivamente onde sempre me pareceu recatado. Pareceu-me ser um profissional sério que não vira a cara à luta e que tem muita vontade de aprender. Não está ainda pronto para ser titular, mas veremos se Jesus não desencanta aqui mais um bom valor para o Benfica. VEREDICTO: manter.

ELISEU: já se sabe que gosta de atacar e que se integra com propósito na manobra ofensiva, tenho algumas (para não dizer muitas...) dúvidas acerca da sua competência defensiva em despiques directos com extremos direitos de categoria. Resta-me confiar na decisão de JJ que o conhece bem. VEREDICTO: manter.

JOÃO TEIXEIRA: é o "dono" desta pré-época, o grande nome e a grande surpresa desse período. Acumulou grandes exibições (até um golo fez) e demonstrou uma vontade inexcedível e uma qualidade muito, muito interessante para se afirmar entre os seniores. É um jogador intenso, de muita rotatividade (até por aí vejo-o mais como '8') e tem um grande pulmão. Terá pouco espaço face à contratação de um médio (ou 2) que se avizinha, o que é pena, porque o João Teixeira demonstrou mais vontade, carácter e qualidade que muito consagrado... VEREDICTO: manter nos AA.

RUBEN AMORIM: tal como de Jardel, espera-se muito de Amorim esta época. Tem uma maturidade futebolística assinalável, e sem lesões é um sério candidato a titular deste Benfica. Conhece todas as facetas do jogo e daquilo que Jesus pretende dele. Fundamental nesta época. VEREDICTO: manter.

ANDRÉ ALMEIDA: começo pelo veredicto, é para ficar. O André é hoje um dos "meus" imprescindíveis no Benfica, joga em várias posições e joga quase sempre muito bem. Seja numa das laterais ou no meio-campo, AAlmeida é um competidor de valia e que não se pode menosprezar. Cresceu muito com JJ e pode esta época dar outro salto qualitativo, oxalá que isso aconteça porque é um dos membros muito importantes do balneário. VEREDICTO: manter.

TALISCA: jogador muito interessante, fiquei impressionado com a visão de jogo e qualidade de passe dos primeiros jogos. Depois demonstraria um irritante remate fraquinho na hora de visar a baliza. Também precisa evoluir muito tacticamente, se o conseguir talvez possa ser uma mais valia jogando mais recuado no terreno, é a minha opinião. Falta-lhe alguma intensidade mas a categoria está lá, veremos se Talisca consegue atingir o próximo estágio da seu crescimento futebolístico: ser competitivo e afirmar-se no rápido futebol europeu. VEREDICTO: manter.

OLA JOHN: apareceu a mil à hora nesta pré-época, fazendo relembrar os seus melhores momentos entre nós. Potente, rápido e desequilibrador, parecia o mais afincado e motivado dos atletas mas no 1º jogo a sério, na Supertaça, já parecia o molengão dos últimos tempos de Benfica. Ola John pode ser um grande extremo quando aprender os movimentos colectivos (e sobretudo sem bola) e for mais expedito nos momentos de decisão. VEREDICTO: manter.

GAITÁN: que dizer do Picasso argentino que ainda não tenha sido dito ? Génio, génio, génio! VEREDICTO: indiscutível.

SALVIO: outro dos "jugones", e outro imprescindível. Muito potente, vertical, quase impossível de parar quando está em forma. É um reforço de peso esta temporada. VEREDICTO: indiscutível.

ENZO PÉREZ: forma com Gaitán e Salvio um trio de respeito no Benfica, é o jogador mais preponderante do Benfica e o mais difícil de substituir. VEREDICTO: imprescindível.

CANDEIAS: havia dito que me parecia um extremo tacticamente competente e na linha do que Jesus gosta, mas nesta pré-época demonstrou que é curto para o Benfica. Se não houvesse excesso de extremos talvez o mantivesse no plantel, mas se não sair ninguém tem vida muito difícil. VEREDICTO: emprestar.

LIMA: é hoje o melhor avançado do Benfica, luta como poucos, abre espaços aos companheiros e tem uma muito interessante média de golos na Luz. É intocável. VEREDICTO: manter.

DERLEY: chega como segundo melhor marcador da I Liga e com um bom jogo aéreo como cartão de visita, mas na pré-época mostrou muito pouco. Talvez seja importante quando estiver melhor integrado, porque tem características interessantes: pelo ar e a segurar jogo de costas para a baliza. VEREDICTO: manter.

JARA: outra desilusão. Eu gostei da primeira passagem do Jara na Luz, jogando pouco e quase sempre fora da posição central, fez vários golos (mais de 10) e alguns importantes (recordo um golaço ao Estugarda e outro na final da Taça da Liga), deixando no ar a sensação que poderia render muito mais com outra continuidade. Nesta pré-época não houve nada disso, trapalhão e pouco em sintonia com a equipa. Se não vier nenhum avançado (como parece) ficará, mas já tenho sérias dúvidas que possa trazer algo à equipa. VEREDICTO: manter sem novo avançado, vender/emprestar se vier.

NÉLSON OLIVEIRA: jogou pouco e fez pouco para aproveitar outra das oportunidades que tem tido. Mas eu gosto do Nélson, tem um excelente toque de bola, é potente, rápido, desmarca-se bem, enfim, é um jogador de qualidade superior que parece não ter "cabeça". Lembro-me da irreverência dele, com 16 ou 17 anos, a fazer "elásticos" num jogo contra uma equipa estrangeira na pré-época 08/09, com Quique Flores. O Nélson podia ser um caso sério e titular indiscutível da Seleção e do Benfica se utilizasse essa sua irreverência em prol da equipa. Ainda acredito que pode explodir definitivamente nesta época. Assim ele pense o mesmo... VEREDICTO: manter.

BÉBÉ: no agora "Tiago" vejo menos potencial que muitos eruditos do futebol, além de uma boa velocidade, pouco mais encontro neste miúdo. Cruzamentos inenarráveis, e técnica a roçar o fraquinho. Mas no futebol de hoje em dia a potência e velocidade disfarçam muita coisa, oxalá me engane e esteja aqui um cracalhão. Eu e o Benfica agradecemos. Mas só o vejo como extremo, não acho que possa fazer nada de relevante noutra posição que não as faixas. VEREDICTO: manter (que remédio).


Há mais jogadores no plantel mas que ainda não jogaram. De Lisandro López já esperei muito mais, entretanto as expectativas baixaram, mas é um defesa de boa técnica (e isso é muito importante no nosso modelo de jogo) e perigoso nas bolas paradas ofensivas. Pizzi é um dos jogadores em que deposito maiores expectativas esta época, tem golo, técnica, rapidez e é bom em espaços interiores. Não sei onde vai jogar, mas conto que seja um dos bons destaques deste Campeonato. Sulejmani também ainda não jogou e parte com relativo atraso face aos colegas, pode ser um dos que aproveita as saídas de jogadores. Fejsa estará parado até Janeiro (e muita falta tem feito!).

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Filipe Vieira, o político

Na última entrevista do Presidente do Benfica havia ficado - e bem - o soundbyte 'Luís Filipe do Bairro das Furnas'. Hoje pouco vimos do Luís Filipe do Bairro das Furnas, entrou em campo 'Filipe Vieira, o político'. Falou muito para dizer pouco e respondeu o mesmo a diferentes questões.

Há um ponto certo em relação à problemática financeira: se o Benfica sempre foi um excelente parceiro para a banca, se sempre foi cumpridor e deu muito dinheiro a ganhar às instituições bancárias (Vieira mencionou 200M de juros pagos em 10 anos), não faz qualquer sentido que a marca BENFICA deixe de ser patrocinada e/ou deixe de dar dinheiro a ganhar aos seus parceiros económicos.

Essa parte parece-me básica e lógica, o Benfica está longe de ser um activo tóxico. Ainda assim, Vieira não quis aprofundar muito o tema, ou por não ter ainda projectado o futuro próximo com o Novo Banco ou por não vislumbrar razões para que a torneira feche para o seu lado. Mas notou-se ali um desconforto, até pela linguagem corporal (risos forçados) de Vieira, acerca do caos Espírito Santo.

Naquilo em que Vieira se mostrou assertivo foi em garantir total cumprimento das obrigações do Benfica e em negar qualquer problema de tesouraria do Clube. E acredito que haja exagerada especulação nas ligações do futebol à banca (porque ninguém conhece todos os dados) e uma - aí bem mais suspeita... - histeria em associar o Benfica à queda do BES.

E essa "teoria" de afundar o Benfica no Grupo Espírito Santo, ganha contornos maiores se repararmos na aparente fixação de alguns agentes desportivos em descapitalizar o plantel do Benfica como se não houvesse mais alvos ou outros grandes jogadores de futebol nesse mundo fora. Não acredito em coincidências, portanto há (ou houve) gente interessada em criar um reboliço de proporções calamitosas a todo o custo. E para isso usou a seu belo prazer uma CS sedenta de sangue mas cada vez menos fidedignamente informada, são as "canetas de aluguer".

Vieira deu até um belo exemplo: Danilo Pereira. O jogador faz capa hoje pela suposta transação iminente para o Benfica (que Vieira negou categoricamente). Se a CS tivesse memória, recordar-se-ia que o jogador saiu do Clube em conflito e que terá confidenciado então que queria sair porque Jesus não ia apostar nele e ele queria jogar. Com Jorge Jesus ainda no banco encarnado, como podem os mesmos jornais desportivos escrever agora que JJ aprecia o jogador ?

Mas a questão Danilo vai mais longe que isso, remete para um conflito com o Clube (o jogador terá pedido valores incomportáveis para um júnior depois de já se ter comprometido com o Parma, tendo fechado as portas de um regresso logo ali). Por aqui podemos compreender melhor como a CS vive sei rei nem roque e entregue a interesses tudo menos isentos ou equidistantes, porque não se leu nada ou quase nada acerca das relações de outros clubes portugueses com a banca. Clubes com prejuízos recentes incomparáveis com o lucro que se regista no Estádio da Luz.

Se na parte financeira ainda pairam algumas dúvidas que só o Novo Banco poderá esclarecer, na vertente desportiva Vieira foi mais longe e respondeu de forma mais clara. Começou por distinguir Garay e Cardozo das restantes vendas porque essas duas foram "opcionais", ou melhor, tiveram o anuimento  do Benfica. O argentino terá tido uma oferta "das arábias" do Zenit que se tornou irrecusável face ao vencimento na Luz (e que já era muito pesado para os nossos cofres, Ezequiel Garay era o atleta mais bem pago do plantel) e estando no último ano de contrato, o Benfica teve pouca margem de manobra. O que me continua a fazer "espécie" é não terem aparecido outros interessados. Os agentes que se desdobram a oferecer propostas e clubes, não conseguiram neste caso arranjar um clube top que oferecesse 7M (no mínimo) ? Ou o salário de Garay na Rússia é de tal forma elevado que só uma mão cheia de clubes conseguiriam igualar (e estes não teriam então interesse no Garay) ? Só assim consigo perceber esta venda.

O caso de Óscar Cardozo foi bem mais simples, o Benfica estava interessado em vender, o paraguaio faz o último grande contrato da carreira (3M líquidos por época) e deixa algum dinheiro nos cofres depois de ter perdido bastante espaço de manobra dentro dos relvados.

Também gostei de saber que Cancelo, Cavaleiro e Bernardo Silva não foram vendidos e são jogadores do Benfica. E para mim faz todo o sentido empresta-los a clubes de alguma nomeada na Europa, por comparação a Paços, Belenenses ou Braga. Estes clubes dificilmente poderiam suportar grandes salários e nunca pagariam pelos empréstimos, logo, na vertente económica é muito mais proveitoso. E se podem jogar menos "lá fora", há também o risco bom de evoluírem mais nesses campeonatos do que em equipas menores por cá. Mas o que me deixou realmente satisfeito foi perceber que os empréstimos não possuem opção de compra e que o Benfica conta com eles (esperemos que também Jesus se aperceba disso).

Siqueira. Eram 7M por 50% do passe, o que a juntar ao milhão pago pelo empréstimo levava o custo do antigo defesa esquerdo encarnado para 8M por metade do passe. Para o Benfica lucrar um milhãozinho que fosse, com uma futura venda, teria que o transacionar por 18M (muito difícil senão impossível). A questão é que o Benfica procurava "fechar" primeiro com o Siqueira, para depois renegociar valores com o Granada, e é aqui que o jogador "foge", provavelmente seduzido com outras propostas financeiramente mais interessantes para ele.

Depois há Oblak que fica muito mal na fotografia (Vieira confirmou o que já havia escrito: o Benfica nem sonhava com a sua saída) e demonstrou ser tão bom GR como fraco homem. As portas do Clube, para ele, fecharam-se. E bem! Tendo ficado no ar a ideia que o At.Madrid o terá oferecido "de volta" mais alguns milhões numa oferta por...Gaitán.

Tal como Oblak (16M), Markovic (25M) saiu pela cláusula, mas também o Benfica não contava com a saída do Sérvio D'Ouro. Talvez por se terem apercebido da felicidade e da boa ambientação de Markec ao clube e à cidade. É pena ter sido só um ano, Markovic vai marcar uma era no futebol europeu. E mais estranho ainda o Chelsea ter opção de compra (porquê ??) e não a ter exercido...

Outro aspecto onde Vieira esteve claro e conciso foi na questão Enzo & Gaitán. El Principito só sai por 30M. Não fiquei mais seguro na sua permanência (ainda assim deve fazer domingo o jogo 100 pelo Benfica, contrariando muitas previsões, incluindo a minha), mas, a sair neste defeso, só mesmo por 30M. E de Gaitán a mesma coisa, embora a cláusula deste seja de 45M, logo bem mais difícil de atingir.

Quanto a reforços, parece-me que vai entrar um GR e um '6'. Na baliza Karnezis é o eleito (...de tantos nomes falados está longe de ser o meu preferido mas...) e para "trinco" havia 2 nomes na mesa, tendo falhado a primeira opção (Guilavogui) está-se a tentar a segunda. A minha ténue esperança é que essa "segunda via" seja Jordy Clasie, mas é mais wishful thinking que outra coisa qualquer...

Avançado já não deve vir, mas Nélson Oliveira, Jara, Derlei e Lima parecem-me curtos, sobretudo quando só Lima é um valor indiscutível. A ver vamos. Dava jeito um matador tipo Mitrovic do Anderlecht. E que o "outro trinco" não fosse Rabiu..

Não achei que fosse uma grande entrevista, teve pouco sal e pouco entusiasmo, já vi Vieira fazer bem melhor. Mas esperemos por 31 de Agosto para se poder fazer um balanço mais adequado.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Eu estive no último jogo de Enzo Pérez pelo Benfica...

...e deu uma Supertaça (a 5ª).

Fiquei com a plena sensação que o argentino se despediu ontem dos benfiquistas. E é esse o sentimento agridoce que trago da noite de ontem: vu o último jogo do Enzo por nós mas...foi o último. A maneira como disse adeus às 4 bancadas do estádio trouxe-me à memória o último jogo de Coentrão na Luz (que diria nessa mesma noite que era um até já porque ia de férias...) ou até mesmo de Miccoli ou Di Maria.

Se dúvidas havia sobre o estatuto de melhor jogador do plantel depois da saída de Matic (outro monstro futebolístico) ou sobre qual o mais imprescindível membro do nosso 11, Enzo Pérez voltou a dizer presente e a demarcar-se de todos. Não há ninguém com a capacidade de recuperação dele (corte fabuloso, em carrinho, ainda na 1ª parte que fez explodir o Estádio) ou com a capacidade de galgar metros e destruir linhas em posse.

O Gaitán (e mesmo o Salvio) de vez em quando "engata" uns slaloms incríveis, mas a forma como Enzo recebe a bola e serpenteia por entre adversários é qualquer coisa de extraordinário. Numa zona do terreno quase sempre densamente povoada, o internacional argentino sabe sempre dar o melhor caminho à bola, seja abrindo o jogo num colega mais "descoberto" ou arrancado pelo terreno semeando o pânico no adversário e destruindo qualquer organização defensiva.

Disse-o e repito-o: vendam-nos todos menos o Enzo!

Mas parece não haver volta a dar e, tal como Matic, deixará muitas saudades e memórias de jogos incríveis com o manto sagrado vestido.

E o jogo de ontem ? O primeiro a sério da época 14/15. Pois bem, a Supertaça já cá canta depois de um autêntico massacre ao Rio Ave ter resultado em zero golos... Houve coisas boas como a velocidade e a dinâmica da equipa, os jogadores pareciam querer provar a quem os desacreditou (benfiquistas incluídos) que estavam vivos e bem vivos!

Gostei muito do Lima, está um avançado de grande nível, lutou como sempre, deu linhas de passe e encheu toda a frente de ataque. Hoje por hoje é titular indiscutível. O Maxi é Benfica! Aquele espírito never surrender encanta-me, e se me galvaniza a mim que estou na bancada, nem imagino o quanto a alma e o coração dele mexem com os colegas. De Maxi Pereira espero tudo menos que se renda ou desista. E-N-O-R-M-E!

Já li elogios ao Talisca mas, pessoalmente, ontem não gostei nada. Jogando mais à frente do que havia feito na pré-época, pareceu-me oferecer poucas soluções e foi presa fácil, além de ter desperdiçado boas oportunidades e ter demonstrado (pela enésima vez) que parece "não poder com a bola" (não sei que bolas novas eram aquelas, mas a mim até me pareciam vazias...), tão fracos são os seus remates.

Pensei que Derley seguraria melhor a bola naquela posição e libertaria Lima para outras chances, mas o avançado ex-Marítimo foi outra das desilusões e parece fora de forma.

Luisão e Jardel (pode ser este o ano da sua afirmação total, e bem a merece) são outra loiça, e se o Capitão impressiona pela forma como comanda e como raramente comete erros, Jardel fez uso da potência física para "limpar" alguma displicência prévia.

Outra das notas que saliento é o toque de bola, as soluções que o trio argentino (Salvio-Enzo-Gaitán) nos oferece. Se tivéssemos este trio disponível durante toda a época, nova tripleta seria possível. A forma como eles combinam, a forma como a bola parece sempre redondinha nos seus pés demonstra que não há muitos reforços que nos possam oferecer aquela qualidade.

 
 
 
E a nota final vai, obviamente, para Artur. Acho que actualmente é um ex-jogador (mas ainda ninguém lho comunicou), demonstra uma ausência de reflexos gritante, deita-se (ou ajoelha-se) minutos (!!!) antes do opositor rematar, parecendo ter um espírito derrotista e/ou uma falta de confiança medonha. Ontem quase não teve trabalho, mas não me lembro de ganhar uma bola pelo ar (e lembro-me de situações dessas onde o seu posicionamento roçava o caricato) e conseguiu dar uma fífia à la Roberto aos 118' que por muito pouco não nos custava um título. Não acho que aquele frisson perto dos 45' seja uma grande falha dele, é certo que não domina bem mas depois tinha que fazer aquele drible - tinha dois gajos em cima e a probabilidade de, rematando, a bola bater neles era de 99% - e depois sofreu falta antes de agarrar a bola. Mas enfim, aparenta uma desilusão e uma linguagem corporal muito mole, muito lenta e muito pouco "vivo" na baliza.
 
Mas como em todas as histórias, muitos vilões viram lendas e Artur teve a oportunidade de se redimir nos lançamentos de grande penalidade. Aí, pediu o apoio dos Céus, pediu o apoio dos adeptos, sei lá, teve a mística do Benfica naquelas luvas encarnadas. Acredito piamente que o Artur não estava tão motivado naqueles momentos decisivos de ontem como provavelmente desde os seus primeiros tempos/jogos no Benfica.
 
 

 
E foi desta maneira que Artur terá feito as pazes - não com os adeptos, eu por exemplo, tenho hoje inteira certeza que o lugar de GR titular do Benfica não voltará a ser dele - com o destino, porque até estes decisivos penaltys, o Artur parecia conformado com a sua condição de inútil e fonte de problemas. Oxalá recupere a exigência que um futebolista profissional do Benfica tem que demonstrar. Mesmo que não seja - como espero - o titular da baliza encarnada.
 
 


Para a História fica mais um momento pioneiro do Benfica no futebol nacional: venceu Campeonato, Taça da Liga, Taça de Portugal e Supertaça. Foi bonita a festa pá!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Oblakgate II num defe$o comprometedor...

Oblak decidiu (pela segunda época consecutiva) não se apresentar no início dos trabalhos do Sport Lisboa e Benfica. Esta atitude é factual e não tem qualquer tipo de desculpa.

Obviamente que não o fez sozinho, foi aliciado por alguém e decidiu forçar a saída, marimbando-se para o Clube que fez dele o que é agora. A falta do ano anterior já demonstrara um pouco do carácter do esloveno, a repetição desta época confirmou que, apesar de bom GR, Oblak é fraca pessoa. Virou costas ao Benfica num ápice e rumou ao Atlético de Madrid.

Obrigado por 6 meses muito bons, mas perdeste uns largos milhões de apoiantes. O Benfica continuará, porque os nomes passam e o Clube continua, mas Oblak, que poderia ter-se tornado parte da Gloriosa História deste Clube, e assim, será recordado como um traidor. Há valores AINDA mais importantes que a performance desportiva. Talvez Oblak perceba isso um dia.

Não acredito que o Benfica contasse com a saída de Oblak neste Verão, mas se olharmos para o número absurdo de jogadores importantes (e titulares) que vamos vendendo consecutivamente...já não digo nada. Se se confirmarem as saídas de Enzo & Gaitán...não atiro a toalha ao chão, mas é o afirmar que a gestão económica (e nem avaliá-la...) se impôs à gestão desportiva.

Tirando a última época, o Benfica de Jorge Jesus teve SEMPRE que refazer o 11 titular porque foi perdendo algumas das suas pérolas, mas nunca foi dizimado como no presente defeso. Hoje por hoje, o Benfica vende os anéis e vende os dedos.

Estou habituado a que JJ tire uns coelhos da cartola e mantenha um nível exibicional alto, mas perder praticamente 8 de 11 titulares não é brincadeira. Podemos refazer 2 ou 3 posições, mas....e as dinâmicas ? As mecanizações ? Já para não falar de um balneário campeão com....pouquíssimos campeões.

Tenho que aguardar para que o plantel fique definido (e sonhar com a permanência do jogador mais importante, o vice-campeão do Mundo Enzo Pérez), mas tanta venda não cheira bem.

O Benfica 13/14 tinha várias estrelas: Markovic, Luisão, Enzo, Garay, Gaitán, Salvio, Rodrigo e Oblak. Destes, só Luisão e Salvio estão garantidos. Temos Cardozo, Lima, Ruben Amorim e Maxi, por exemplo, mas num patamar inferior. E já se sabe como ás vezes é difícil integrar 2 ou 3 jogadores, quanto mais 6 ou 7...

Portanto há que reforçar o plantel. Fala-se muito de Guilavogui. Ora bem, ouvi o nome do francês quando se dizia que o então jogador do Saint Étienne seria o substituto de Matic. O sérvio ficou (mais 6 meses...) mas fui pesquisar mais sobre Guilavogui. Gostei do que vi. Grande época em França, tornou-se até internacional francês e acabou transferido para o Atlético de Madrid. A verdade é que, para minha surpresa, jogou pouco ou nada em Espanha, acabando "recambiado" por empréstimo nos últimos 6 meses da época 13/14. Se com um treinador ultra competitivo como Simeone, Guilavogui não "calçou"... as minhas expectativas baixaram um pouco.

Depois tem-se lido na imprensa uma série de impasses e/ou exigências do francês. Sendo verdade, o Benfica devia deixar de ser ama-seca de uma pseudo-vedeta cujos outros interessados não têm sequer o prestígio do Benfica. Talvez sejam mais $impáticos. E depois seria mais um jogador emprestado..

Por mim era Adieu Guilavogui e contratava-se - de forma definitiva - este pequeno grande jogador:

 
 
 
Jordy Clasie. Com Enzo ou sem Enzo, Clasie jogaria de caras e seria uma estrela para o exigente 3º anel. Não tenho dúvidas. E para quem tem vendido tanto...custa alguma coisa comprar UM jogador deste nível ? Clasie é raça, é classe e qualidade de jogo, tem tudo aquilo que um centrocampista de elite deve ter: critério, técnica, pulmão e atitude.
 
 
Trazer Jordy Clasie era renovar as esperanças a sério. Mas não deve acontecer, o Benfica tem informações e relatórios deste holandês há muito tempo e nunca avançou para a sua contratação, portanto....há fé pessoal e pouco mais.
 
 
A principal dúvida que paira no defeso do Benfica, para mim, nem é tanto o nome dos reforços, é mesmo a quantidade de jogadores de eleição que estão a sair. Um tridente Gaitán-Enzo-Salvio será de nível em qualquer parte do Mundo, mas não há ainda certezas ou garantias que fiquem os 3.
 
E a defesa, que foi sublime nos 6 meses finais da última época, já perdeu 3 dos 5 titulares...
 
 
Enfim, as perspectivas não são animadoras (até Rui Gomes da Silva pareceu agastado e dar razão a algumas teorias que surgiram no final da época passada, que diziam Jorge Mendes iria desmantelar o plantel encarnado...) mas somos os Campeões. Melhor, somos os detentores dos 3 principais títulos nacionais, e essa é uma vantagem, um plus que mais ninguém tem.
 
Para já, no meu horizonte, está a conquista da Supertaça e a vitória na jornada inaugural do Campeonato (que nos foge desde 04/05), projectar mais que isso....é demasiado prematuro.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O Campeão voltou!

O Sport Lisboa e Benfica iniciou hoje a época 2014-2015, ainda com muitas dúvidas acerca do seu plantel mas com 3 certezas: Campeão Nacional, detentor da Taça de Portugal e detentor da Taça da Liga. E esse é sem dúvida o reforço mais importante: o estatuto.

Pode haver fantasmas daquilo que sucedeu no ano a seguir à conquista do penúltimo título, mas recordo que a histórica época da tripleta foi miserável (em resultados e sobretudo futebol jogado) até Dezembro.

Perdemos a 1ª jornada (na Madeira, frente ao Marítimo) - uma falha que nos acompanha há demasiados anos - e estivemos 28 jornadas invictos, só cedendo no Dragão, na última e irrelevante decisão, já com o título no bolso.

Agora é tempo de trabalhar (com os que estão) porque a bola vai começar a rolar não tarda nada. E daqui a pouco mais de uma semana já podemos ver os novos Mantos Sagrados a saltitar por essa Europa fora:




sexta-feira, 27 de junho de 2014

Brasil decime que se siente

 
Nem o Mundial me transmite (nem de perto nem de longe) as emoções do nosso Benfica, mas é melhor um defeso com Mundial que um defeso "às moscas". Portanto e enquanto não regressa o Campeão vou acompanhando o Uruguai do Maxi e a Argentina do Enzo por exemplo.
 
E não deve haver muitos hinchas como os argentinos num Campeonato do Mundo, reparem no "hino" deles (que é uma adaptação de um tema famoso entre as barras argentinas) para esta Copa, cantado a plenos pulmões na praia de Copacabana:
 
 
 



E dentro de um estádio, em jogo de Mundial, será que resulta ?



Isto é que se chama ADEPTOS! Os sul-americanos são, por norma, muito efusivos nas bancadas e apoiam cantando e saltando em uníssono. Pode dizer-se que as "claques" não ganam jogos, e é verdade. Mas mostram espírito e atitude.  Só que depois há isto:



E por 'isto' entenda-se que é a seleção argentina, os seus jogadores, que cantam e saltam o tema que está a fazer furor neste Mundial brasileiro. O que eu vejo ali é orgulho, espírito de grupo, no fundo... ALMA! Percebe-se o que significa para eles representar o seu país. E nem todas as seleções podem afirmar o mesmo.




Se alguém não percebeu todas as referências (El Cani jogou no Benfica) da letra do novo "hino" argentino, elas referem-se a este lance do Brasil-Argentina no Itália '90. Enjoy: