segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Do borrego ao alcatrão, aí vai o Campeão

Primeiro objectivo (vencer Supertaça + 1ª jornada do Campeonato) atingido. Sem grandes euforias ou brilhantez mas longe da depressão generalizada que os opinadores e escribas do alheio tentaram transmitir. A verdade, dura e crua, é que já temos um título (o único disputado), não sofremos qualquer golo e entrámos a vencer na principal competição nacional, coisa inédita para as bandas da Luz desde 2004/05.

O "borrego" da jornada inaugural terminou hoje com a vitória por 2-0 sobre um muito interessante (e personalizado) Paços de Ferreira. E vou começar mesmo por aí, por um Paços muito bem orientado por Paulo Fonseca, a jogar de "cabeça erguida", no campo todo e tacticamente muito bem trabalhado. O Paços não vai ser 3º nesta época, mas vai ser um osso duro de roer e trará competitividade a uma Liga Portuguesa cheia de treinadores de retranca ou "do pontinho".

E só um grande treinador desceria 2 ou 3 degraus de forma impávida e serena, demonstrando - novamente - que é, sem margem para dúvidas, bom treinador. Paulo Fonseca voltará a um grande e voltará por méritos próprios. Agora, liberto das amarras de uma cartilha sensaborona e repetitiva verá o seu trabalho falar por si. Boa sorte para ele e para o Paços.

O Benfica, por sua vez, entrou mole, adormecido e foi dominado por um Paços tacticamente a roçar a perfeição e que se impôs nos primeiros 25 minutos. Cedo na partida Cosme que vinha: amarelo patético a Enzo Pérez aos 4 (!!) minutos e um penalty assinalado com o olho de lince... Admito que há falta (escusada) de Eliseu, mas este é um penalty ao ralenti, só se vê na repetição em câmara lenta, porque na velocidade "natural" parece uma teatralidade de Hurtado (que também existiu). Mas estou com Jesus, acho muito difícil - na posição onde estava - que Cosme Machado pudesse ser tão peremptório.

Mas adiante. O "pára-penaltys" Artur (que fez o melhor jogo em muito, muito tempo, praticamente perfeito) emergiu e voltou a ser herói, uma semana depois de Aveiro. De resto, por esta altura víamos um Enzo de baixa rotação e um Talisca, novamente engolido no sector mais recuado do Paços. Curiosamente - ou não - o brasileiro só se destacou quando recuou no terreno e conseguiu mostrar a sua qualidade de passe e visão.

O Benfica chegaria à vantagem pelo intratável Maxi Pereira (que já havia dado uma bola de golo a Lima) depois de boa combinação com Gaitán. Concretizou dentro da área e de pé esquerdo! Outra vez muito bem Maxi e outra vez muito bem Salvio, que parece imparável e haveria de fechar as contas depois de outra excelente jogada colectiva (e nova assistência de Gaitán), ao cabecear no segundo poste, bem ao seu estilo.

Amorim foi outro dos destaques positivos, nunca parou e conseguiu ser o pulmão e o cérebro ao mesmo tempo. Voltei a achar que Eliseu tem deficiências defensivamente e abre muito espaço no seu flanco. Lima foi outra vez perdulário (apesar de sempre esforçado e lutador) num jogo onde devia ter feito um ou dois golos. Jara jogou cerca de 50 minutos e aliou coisas interessantes com "paragens cerebrais" inadmissíveis em alta competição, tem que crescer muito se quiser ter uma palavra neste plantel.

Foi uma vitória q.b., sem espinhas perante um bom Paços de Ferreira e que abre boas perspectivas para o "alcatrão" do Bessa no próximo domingo. Depois de duas vitórias transcendentes, o novo objectivo passa por mais duas: Boavista e Sporting. Chegando assim à primeira pausa do Campeonato na liderança, com 9 pontos e com um dos candidatos a, pelo menos, 5 pontos.

P.S. - não me lembro de um Campeão ter sido tão menosprezado pela Comunicação Social portuguesa no arranque de uma Liga. Lembro-me de vários dream team (em teoria, no papel) do Benfica terem sido secundarizados face ao então Campeão, por isso mesmo, por "os outros" serem os campeões. Mais, este ano há um candidato com bastantes mais mexidas no 11 (o Benfica apresentou 2 caras novas apenas, nos 2 jogos disputados), incluindo até uma mudança técnica e passa-se por acima disso tudo de forma olímpica oferecendo, praticamente, o título em bandeja de ouro. Ele são as contratações fabulosas (claro que sim, quem diz isso também escreveu que Capel era a maior contratação do defeso, um defeso onde, entre outros, chegou Witsel ao futebol português...), a pré-época arrasadora, etc., mas as contas fazem-se no fim e talvez esse menosprezo faça muitos "delinquentes da pena" engolirem essas palavras.

P.P.S. - não há volta a dar, o Porto fez um all in nesta época, contratou e investiu com nunca numa jogada de elevado risco face a um técnico sem qualquer histórico ou conhecimento do nosso futebol, por isso prevejo muitas jogadas de bastidores e inúmeras arbitragens polémicas. Para o bem do Benfica e para o bem do Desporto, oxalá me engane e tudo se desenrole da forma mais limpa e clara possível, mas...mais vale prevenir que remediar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Talisca. Eis o nome da próxima vítima. Basta ouvir os comentadeiros, ler dois ou três comentários em blogs dos Benfiquistas papagaios, e é mais certo que sem dúvida.
Já foi o Ruben. Já foi o Jardel.
Agora chegou a vez do Talisca. O Jesus já percebeu que tem ali um excelente jogador. Já começou a apontar-lhe os defeitos para que se possa dizer daqui a uns meses que fez dele um brilhante jogador e coisa e tal. Tudo bem.
Agora um miudo com 20 anos, acabado de chegar ao futebol europeu, com um corpanzão daqueles, com aquela capaciade de manter a posse de bola, com aquela capacidade absolutamente fantástica de passe, só pode ser um craque em potência.
Claro que com 1,90 m de altura e umas pernas daquele tamanho nunca vai parecer rápido na vida. E claro que ainda lhe falta alguma intensidade competitiva. Também era o que mais faltava. Mas comparar o potencial deste jogador com o dos que sairam recentemente da nossa fromação, incluindo o Bernardo Silva, só pode ser mesmo para rir.

Tyler Durden disse...

Caro anónimo,

é verdade quando diz que há muita malta que insiste em achar-se melhor treinador (apenas de bancada) do que aqueles que são "encartados". O Jardel é um perfeito exemplo de como muita gente percebe pouco de bola. O André Almeida outro. Enfim, há um sem número de proscritos por esses "entendidos da bola" que depois os fizeram engolir sapos do tamanho da Catedral.

Continuo a dizer que ainda não vi UM único jogador que não tenha dado nada com JJ e depois tenha vingado ao mais alto nível.

Eu gosto do Talisca, surpreendeu-me a qualidade de passe longo (e tenso) pouco comum em jogadores brasileiros. E é sobretudo essa a qualidade que o pode transportar para outro patamar (já me questionei se alguma vez ele poderá ser um Matic....aumentando a força, intensidade e rotatividade talvez fosse possível, mas ainda é muito frágil. E verdinho.) porque vê-se que ele não é burro nenhum com a bola nos pés.

Mas acho que tem sido titular manifestamente por falta de opções/soluções porque ainda tem ali várias falhas que podem ser fatais em alta competição (nomeadamente início da transição ofensiva).

Já discordo quando compara o potencial dele com Bernardo Silva (ou João Teixeira, já agora). Vamos por partes:

.Bernardo Silva - é, para mim, o maior talento puro da formação desde o Rui Costa. É um craque da cabeça aos pés. Sabe gerir a posse, joga bem e rápido em transporte e tem visão de jogo superior. Consta que não tem "cabedal/estofo" para ser '8' com Jesus e que não existe '10' no nosso esquema. Mas o Bernardo podia e devia ser trabalhado com JJ esta época, cresceria imenso, mesmo não sendo titular. É a minha opinião.

.João Teixeira - para mim é o grande destaque da pré-época. Jogador de rotatividade altíssima, provou que merecia uma chance no plantel principal. A '6' ou mesmo a '8' onde acho que renderá mais. Voltou para a B sem mais nem menos e manteve-se num nível muito elevado. É inglório que não tenha mais minutos na A, espero ser contrariado e vê-lo de novo a jogar equipa principal.

Abraço