terça-feira, 10 de maio de 2016

Se


Declamação de João Villaret do poema If de Rudyard Kipling (Nobel da Literatura em 1907), segundo a tradução de Félix Bermudes (esse mesmo) ícone do benfiquismo. Além de autor do hino benfiquista Avante, Avante p´lo Benfica (que seria censurado pela ditadura), foi também Presidente do Clube na conquista do tricampeonato de Lisboa (1915/16, 1916/17 e 1917/18).



Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,

Se és capaz de confiar em ti, quando de ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,

Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam

Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vício,

Se és capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,

Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,

Se és capaz de ver destruído o ideal da vida inteira
E construí-lo outra vez com ferramentas gastas,

Se és capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio o resultado,
E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir a teu lado,

Se és capaz de forçar teus músculos e nervos
E fazê-los servir se já quase não servem,
Sustentando-te a ti, quando nada em ti resta,
A não ser a vontade que diz: Enfrenta!

Se és capaz de falar ao povo e ficar digno
Ou de passear com Reis conservando-te o mesmo,

Se não pode abalar-te amigo ou inimigo
E não sofrem decepção os que contam contigo,

Se podes preencher todo o minuto que passa
Com sessenta segundos de tarefa acertada,

Se assim fores, meu filho, a Terra será tua,
Será teu tudo o que nela existe

E não receies que to tomem,

Mas (ainda melhor que tudo isto)
Se assim fores, serás um Homem.


If, Rudyard Kipling






quarta-feira, 20 de abril de 2016

Grande andebol!!




O andebol benfiquista é finalista do Campeonato Nacional (ABC e Sporting vão discutir a outra vaga no próximo fim de semana) depois de bater o heptacampeão Porto. Desde o título benfiquista conquistado pelos comandados de Aleksander Donner, o Porto venceu 7 títulos consecutivos parecendo verdadeiramente imbatível dentro de portas.

Este ano, nas provas nacionais tinha por vitórias todos os jogos disputados até encontrar o Benfica nos "playoffs". O Porto "só" perdeu 4 jogos, todos com o Benfica, 1 na meia-final da Taça de Portugal e os outros três nas meias-finais do Campeonato (3-1).

Incrível o feito dum Benfica que terminou a fase regular em 4º lugar e que já venceu a Taça de Portugal batendo Porto e Sporting. Agora, o céu é o limite! Parabéns Benfica!!

Porque chorava Arnold ?


O Setúbal entrou em campo na Luz, na última segunda-feira, com 5 pontos acima da linha de descida quando só há 12 pontos em disputa. Estava portanto numa posição tranquila, mesmo sofrendo golos há 17 jogos consecutivos e não vencendo há 11 (salvo erro).

A realidade é que o Setúbal começou a ganhar e deu tudo como se se tratasse da final da Champions. Nada contra, espero honestidade e competitividade de todas as equipas, todas as semanas. Não vou estranhar as ganas dos sadinos em retirar pontos ao Benfica (que devia ter feito o terceiro golo e fechado o jogo) mas a reacção de Arnold após falha num lance isolado...deixou-me a pensar.

Se aquele falhanço (se é que podemos chamar falha, porque ele tentou e bem driblar Ederson, mas o mérito é todo do nosso GR, pelo desarme e velocidade no lance) implicasse uma descida de divisão, se estivessem a discutir a final da Taça, compreenderia perfeitamente as lágrimas do jogador do V.Setúbal.

Mas é o despropósito daquelas lágrimas que me intrigou e me fez pensar nos rumores de haver uma mala de 3M de euros que o presidente do Sporting oferece a quem tirar pontos ao Benfica. 3M a dividir por um plantel é muita nota! Mais do que, se calhar, qualquer um dos atletas sadinos recebe numa época. E já sabemos como o dinheiro dá jeito a tanta gente...

Talvez Arnold seja só um tipo emocional. Talvez Arnold quisesse alegrar apenas os adeptos do Sado, mas lágrimas assim só me recordo de ver em finais (ou meias-finais vá) perdidas ou descidas de divisão.

P.S. - o Benfica é o único clube que apenas depende de si próprio para ser Campeão. Depois de uma época em que estivemos 8 pontos atrás do 1º classificado, em que jogámos miseravelmente e estivemos à beira do k.o., custa acreditar que o título está mesmo perto. Só isso pode justificar algum receio com as 4 jornadas que faltam para o final do Campeonato. Porque em condições naturais, o Benfica tem que fazer 12 pontos fáceis porque é muito superior a Rio Ave, Guimarães, Marítimo e Nacional. Muito superior mesmo! Se jogar muito, goleia-os todos, se jogar normal também ganha, só se jogar mesmo mal é que não vence os 4 jogos. E numa altura em que se sente o título, não é admissível que não joguemos de forma ultra competitiva e com toda a raça deste mundo.

E PLURIBUS UNUM

segunda-feira, 18 de abril de 2016

168 horas de descanso


Muito descanso dá nisto. Ainda bem que o Benfica só teve 120 horas (48 h menos).

P.S. - para tanto expert de arbitragem, relembrar só que todo o corpo conta para o fora de jogo excepto os braços (as regras permitem que todo o corpo contacte a bola excepto os braços e mãos), porque às vezes parece que se esquecem.


quinta-feira, 14 de abril de 2016

7 momentos mortais (ou como o Benfica poderia ter sido Campeão Europeu)

. o penalty claro de Lahm;

. o(s) falhanço(s) de Jonas vs Neuer;

. o fraco remate de Jiménez;

. o bloqueio de Ribery a Eliseu no segundo golo alemão;

. a não expulsão de Javi Martinez;

. o segundo livre de Talisca;

. aquela bola do Jovic...




Inferno. O da Luz, nestes momentos....não tem mesmo comparação. Incríveis os adeptos do Glorioso. Em qualquer parte. Em todo o lugar. Sempre!!

O Benfica discutiu o jogo, ou melhor a eliminatória, até ao fim com o provável vencedor da prova (sina nossa cair frente aos vencedores das competições europeias) e fez tremer o poderoso Bayern de Guardiola.

Com várias ausências importantes (os 2 melhores jogadores estiveram fora, por exemplo), pensei naquele Benfica-Man Utd onde, num 11 muito fustigado por lesões e castigos, atirámos o gigante inglês para fora da Champions (golos do Geovanni e do....Beto).

E o golo de Jiménez (mais um mal-amado...) parecia trazer vida ao meu déjà-vu. 



Mas logo de seguida, o mexicano falhou o k.o. aos bávaros e a possibilidade de passar para a frente da eliminatória ficou-se por isso mesmo, por uma possibilidade. Os alemães sentiram-se grogues mas não caíram, faltou-nos algum killer instinct.

O Bayern ressuscitou por Vidal (a grande figura do Bayern nesta eliminatória) e o intervalo chegou com empate a 1. Estava ainda mais difícil, mas os 60.000 benfiquistas recusavam deitar a toalha ao chão e os nossos atletas pareciam comungar desse sentimento colectivo: NUNCA NOS RENDEMOS!

Depois veio mais um dos muitos pormenores que desequilibraram a eliminatória. No 1-2, Ribery bloqueia Eliseu para que Javi Martinez se solte e cabeceie sem oposição (revejam as imagens). Aquilo foi estudado e saiu tal e qual como eles queriam, daí o festejo efusivo de Ribery com Guardiola, foi um golo de laboratório. O canto é batido longo para a zona de Ribery (que seria marcado por Eliseu, ambos jogadores de estatura média) que não fazia parte dos jogadores perigosos (e altos) naquela situação. Essa "desconsideração" natural por Ribery, face à sua estatura, neste tipo de lances, colocou Eliseu a marcá-lo e não um central ou um avançado altos. Até aqui tudo bem, a opção do Benfica é correcta. Mas quando Javi Martinez - que vem de trás - se liberta para ir disputar a bola (ele sabe onde ela vai cair), é Eliseu (mais baixo e menos possante no jogo aéreo) quem o tentará evitar. Só que Eliseu nem chega a entrar no lance porque é bloqueado e impedido por Ribery.

Não sei se é falta, mas já se fizeram capas de jornais neste país com os bloqueios do Benfica. Mais, já se marcaram faltas nesses movimentos (recordo-me de um outro jogo grande onde isso aconteceu).

Esse segundo golo afectou bastante o subconsciente dos jogadores, aquele sonho que pareceu tão à mão de semear estava agora bem mais longe. O público não se rendeu. Os jogadores continuaram a lutar. Mas era mais coração e menos cabeça.

Até que Gonçalo Guedes trouxe electricidade ao jogo e foi derrubado à entrada da àrea por Javi Martinez quando seguia isolado. Kuipers (o da marisqueira de Matosinhos e da final de Amsterdam frente ao Chelsea) tremeu e não expulsou o jogador espanhol do Bayern de Munique. Lance claro com decisão óbvia mas que o juíz holandês permitiu aos alemães continuarem a jogar 11 para 11.

Talisca faria um golaço nesse livre e o vulcão da Luz voltou a entrar em erupção. Guardiola olhou para o relógio. Como teriam sido esses minutos se estivessemos em superioridade numérica ? Nunca saberemos...

Até final houve outro livre de Talisca (bem a escolher outro ângulo oposto ao do golo) com Neuer, mesmo a bola saindo no seu lado, a chegar tarde, mas com a bola a passar agonizantemente do lado de fora do poste. E no último suspiro, Jovic, só com Neuer pela frente, rematou à figura. Teria sido a justa vitória no jogo e um marco na carreira de um menino sérvio que vai dar muito que falar.


O jogo não foi um massacre (nem cá nem lá), foi uma eliminatória equilibrada, e à superior posse de bola alemã (expectável) não houve correspondência num domínio tão absoluto do Bayern. Eles são melhores mas tiveram que suar muito, e com alguns pormenores poderiam ter sido eliminados por um Benfica sempre muito competente, que jogou 180 minutos olhos nos olhos com a máquina alemã de Guardiola mas com quem a sorte nada quis. Um golo em Munique teria feito tanta diferença...


Ver a euforia deles mostra como nos respeitaram e como perceberam que era difícil, muito difícil. Ver Pep Guardiola olhar para o relógio e apelidar-nos de super equipa, confesso, dá-me um certo gozo. Ouvir Vidal e Thiago (dois dos melhores médios do Mundo) elogiarem o Benfica, o Estádio da Luz e os adeptos benfiquistas é sinal do impacto que o Sport Lisboa e Benfica tem. No caso do chileno chegou mesmo a desejar que sejamos campeões nacionais este ano.

«O Benfica é muito forte, uma equipa muito organizada com jogadores muito fortes e fiquei surpreendido. Foi muito difícil mas felizmente conseguimos passar a eliminatória. Mas desejo-lhes muita sorte, oxalá possam ser campeões aqui em Portugal.»  - Arturo Vidal

«Parabéns ao Benfica pelo grande nível que demonstrou nos dois jogos.» - Thiago Alcântara

«O Benfica é uma super equipa e com as faltas do Gaitán, Jonas e Mitroglou seria claramente muito mais forte, pelo que nesse aspecto acho que tivemos alguma sorte.» - Guardiola


Orgulho, E PLURIBUS UNUM