quarta-feira, 27 de março de 2013

Micro-Ciclo

O Benfica está de volta já no próximo sábado (os benfiquistas sabem bem o tédio que a expressão Compromissos da Selecção Nacional representam para nós: impaciência, frustração, enfim, não haver futebol d'O Maior é uma valente seca!), na Catedral. É com a visita do Rio Ave que se inicia novo micro-ciclo.

Vejamos então o que dita o nosso calendário: Rio Ave (30 de Março, Luz, Campeonato) ; Newcastle (4 de Abril, Luz, Liga Europa) ; Olhanense (7 de Abril, Olhão, Campeonato) e Newcastle novamente (11 de Abril, Newcastle, Liga Europa).

O primeiro jogo - frente a um Rio Ave que tem apresentado bons resultados e bom futebol - espera uma Luz bem composta (é preciso matar saudades e demonstrar pela enésima vez Quem Nós Somos) e uma vitória sem apelo nem agravo. Jogue quem jogar, com maiores ou menores dificuldades o Benfica vence esta partida! Se tiver que opinar..aposto que atropelaremos o digno opositor.

Páscoa e liderança (de 4 ou mais pontos...) festejada, segue-se a Liga Europa e nova romaria ao Estádio da Luz. O adversário não é tão permeável como se possa pensar (afinal de contas estão nos 1/4 de final) mas também não chega para nos assustar. Numa daquelas noites europeias que o Inferno da Luz celebrizou, podemos vencer por 2 ou mais golos de diferença (arrisco um 3-0 ou 4-1), mas se o jogo se tornar complicado, marcar e não sofrer (como frente ao Bórdeus, por exemplo) pode revelar-se fundamental. Há um período de descanso importante entre Sábado (Rio Ave) e 5ª feira (Newcastle), portanto importa "acelerar" e tentar deixar os ingleses em sentido.

Mas a verdade é que no Domingo há um jogo fundamental (o mais importante deste micro-ciclo) em Olhão (onde Jesus ainda não venceu para o Campeonato Nacional) frente à aguerrida equipa de Manuel Cajuda. Se bem me recordo, o último enfrentamento entre JJ e Cajuda redundou num 0-4 para nós (Leiria-Benfica na Marinha Grande), com uma belíssima exibição colectiva. Mas as equipas de Cajuda nunca são fáceis de bater e se a isso acrescentarmos o desgaste da Liga Europa e o pouco tempo de recuperação...a dificuldade aumenta ainda mais. Penso que o Benfica tem de ser pragmático aqui, não pode sofrer golos e tem que ser eficaz (muitas ou poucas, é certo que teremos oportunidades de golo).

A chave do 33º passa por Olhão. Vencendo ali ficam a faltar 5 jornadas (3 em casa e 2 fora) e o título praticamente à nossa mercê. Vai ser difícil (a descida de divisão está bem presente nos homens de Olhão) e como já referi, o Benfica não venceu ali nas últimas 3 deslocações para a Liga principal. Só um grande Benfica (diferente do que ali venceu esta época na Taça da Liga), sério, competente e acima de tudo eficaz, pode trazer os 3 pontos. Vestir o fato-macaco soa a frase feita, mas neste caso faz todo o sentido.

4 dias depois visitamos Inglaterra para discutir o acesso a outra meia-final europeia. Estou convencido que faremos golos em Inglaterra (raramente ficamos em branco..) e o próximo jogo dista 6 dias (2ª mão da meia-final da Taça de Portugal a 17 de Abril) e nem é de elevado grau de dificuldade, portanto, e como JJ já disse: é colocar a carne toda no assador. Acredito que Rodrigo será a chave desta partida (feeling).

Finalizado este micro-ciclo com a glória que se espera, o Benfica terá um pé no Campeonato, pé e meio na Taça de Portugal e encarará o sorteio europeu de 12 de Abril (assim o espero) com a confiança em alta e a saber que estamos a 3 jogos de escrever História! Outra frase feita do futebolês diz que há que pensar jogo a jogo, estou totalmente de acordo, mas analisando apenas este micro-ciclo, o passo intermédio para uma época gloriosa está aqui.

As vitórias trazem moral e diminuem o cansaço, com possíveis 14 jogos até final da época é com esperança que olho para o calendário. Sim, é possível! Façam-no à Benfica! Todo o sangue, suor e lágrimas valerão a pena para se atingir a glória. É importante que os jogadores e técnicos encarem a recta da meta com a máxima concentração, o Céu é já ali, está à vista, mas para o alcançar é fundamental ter a cabeça no lugar e os pés no chão, de outra maneira o trambolhão espreita a cada esquina.

Estou confiante. A equipa merece a nossa confiança. Connosco quem quiser, contra nós...quem puder!!

quarta-feira, 20 de março de 2013

Jorge Jesus, a hora é agora!

Questão crucial acerca do core business (como os tecnocratas apelidam) do Sport Lisboa e Benfica é sem dúvida o principal responsável técnico do futebol profissional. A posição de treinador da primeira equipa é um lugar essencial do nosso Clube, não admira portanto que sempre cause controvérsia e permita um infindável número de opiniões, da blogosfera ao café do bairro.

Jesus, o nome mais comentado é Jorge Jesus. Importa recordar o percurso de Jorge Jesus (JJ) dentro do Benfica. Qual salvador da pátria, apresenta-se de forma contundente e dispara: «Comigo, os jogadores vão render o dobro» ou «dentro de um mês a equipa estará a jogar como quero».

É esta segunda afirmação que me interessa (até porque, para mim, eles jogaram bem mais que o dobro...), não por ser inédita (outros técnicos já a "arriscaram" - lembro-me de Manuel José, no Benfica, por exemplo) mas sobretudo porque JJ tratou de passar das palavras aos actos. E com estrondo!

Nesse tal mês, o Benfica "limpou" todos os Torneios de Verão onde participou (incluíndo o prestigioso Torneio de Amsterdam) com um futebol deslumbrante, ofensivo e cheio de golos. Ao entrar na primeira jornada do Campeonato, comete o mesmo "pecado" dos seus (muitos) antecessores e empata, em casa, frente ao Marítimo. Blasfémia ? Desilusão ? Nada disso, o Benfica acabava de empatar um jogo (tendo estado em desvantagem grande parte do tempo..) atropelando autenticamente o seu adversário e jogando um futebol tremendo, ilusionante. E nesse fim de tarde, a equipa deixou o Catedral debaixo de uma tremenda ovação (!!) do exigente público benfiquista. Raramente um empate caseiro no Campeonato Nacional havia sido tão bem recebido.

Esse Benfica, versão Jesus 1.0, havia de ser Campeão Nacional e praticar um futebol apaixonante, como não se via na Luz há quase 20 anos. JJ era então figura incontestada e incondicional do Benfica. Seguiram-se dois anos a seco no Campeonato, mas a filosofia atacante, à Benfica, manteve-se. Podemos escalpelizar culpas e culpados nesses resultados falhados, dos internos aos externos, a responsabilidade toca a todos, ainda assim, na minha modesta opinião, não foi JJ o "Cristo" desses 2 Campeonatos.

Mas as derrotas ensinam tanto ou mais que as vitórias e o desempenho da época 12/13 mostra que JJ não é burro velho e fez um upgrade. O treinador benfiquista percebeu de onde vêm os perigos, reflectiu sobre o equilíbrio necessário para se chegar aos títulos, nem sempre o bólide mais potente ou mais rápido vence uma corrida... Esta equipa pode não ter a potência avassaladora de 09/10 e até 10/11, mas é sem dúvida alguma a mais sólida, compacta e adulta. Este Benfica, versão Jesus 4.0, é a equipa mais difícil de bater no consulado do técnico. É uma equipa que não se precipita, que gere os momentos de jogo como ninguém e que insiste em não perder jogos!!

Chegamos então ao assunto quente: a continuidade ou não de Jorge Jesus como treinador do Benfica.

Ponto prévio, sou completa e incondicionalmente favorável à sua continuidade. Contudo, tentarei interpretar os prós e contras de todo este assunto. E há muitos itens importantes para analisar.

TÁCTICA: a componente mais forte do treinador. Em 4 anos, com diferentes plantéis, foi sempre capaz de "produzir" uma equipa fiel à História benfiquista, de ataque, goleadora, de tracção à frente e nota artística. E isto, para um benfiquista que se preze é sempre relevante. No Benfica, mais do que ganhar importa ganhar bem. E por muitos! JJ conseguiu sucessivamente trazer espectáculo para Luz, bater-se de igual para igual com os melhores clubes europeus, e fê-lo através da sua "táctica", da forma como consegue "espremer" as potencialidades dos jogadores ao seu dispôr.

POTENCIAR RECURSOS: JJ aumentou o valor do plantel benfiquista de forma exponencial. "Fez" algumas das grandes estrelas europeias do momento, transformou atletas em estrelas e rendeu milhões ao Sport Lisboa e Benfica. Não preciso citar nomes ou números para provar que são muitos mais os casos de sucesso que os de insucesso (e interessa também perceber, a posteriori, de quem foi a culpa desses insucessos). Aliar sucesso desportivo ao financeiro é bem mais simples que ter vendas astronómicas sem um completo sucesso desportivo. Ainda assim, os cofres da Luz não se podem queixar da performance de JJ.

TÍTULOS: com Jesus, o Benfica não terminou nenhum dos seus 3 anos (completos) em branco. Ainda assim, as suas conquistas em termos de títulos oficiais é escassa. Mesmo que "esmague" os seus antecessores, 1 Campeonato + 3 Taças da Liga em 3 anos é manifestamente pouco para o Sport Lisboa e Benfica, não há volta a dar. Podemos tentar contextualizar essas perdas e os motivos porque aconteceram, mas a frieza dos números demonstra que ficou aquém na contabilidade analítica daquilo que mais importa. E acrescento, mesmo que esta época 12/13 termine no Céu (com 3 conquistas), o registo de JJ neste campo (7 títulos em 4 anos ; 2 Campeonatos em 4 ; 1 prova europeia 50 anos depois e mais de 20 desde a última final) passará a ser aceitável e não excepcional, a História do Benfica assim o dita. E História não é contabilizar de 1995 até hoje, é desde 1904!

SALÁRIO: outro tópico que tem causado muita controvérsia é o salário do treinador. Bruto ou líquido, 2 ou 4M/anuais, muito se tem escrito acerca desses valores. Tenho para mim que é o rendimento efectivo, o desportivo, as conquistas, que demonstram se treinador X ou Y é barato/caro. Ninguém criticou o salário baixo (diz-se até que inferior ao que auferia em Braga) de JJ na época 09/10, como ninguém se opôs ao seu aumento depois do extraordinário desempenho. Posto isto, JJ ganha demais se não vencer, e sempre que um treinador do Benfica não vence...ganhará demais. Alguns dirão que, dinheiro por dinheiro, as vendas que JJ proporcionou "pagam" os seus honorários, mas o Benfica não remunera treinadores para serem gestores ou economistas, remunera-os para vencerem títulos para o Clube. E chegados aqui, não sei que preço se pode colocar a uma Vitória, sei é que temos de enquadrar esses valores na realidade do País e sobretudo na realidade do Clube. E importa não ter - nunca! - salários em atraso, sejam os dos treinadores ou os dos roupeiros. Eu apostaria em elevados prémios em caso de conquistas efectivas (uma tabela para Campeonato, Europa e Taças) e um salário mensal justo para ambas as partes (e não coloco de parte que o contrato em vigor já tenha tido em atenção estas variáveis, do Clube e do País).

Eu defendo que JJ merece continuar não por conseguir vencer o Campeonato, mas sim porque acredito que é com ele que estamos mais perto de vencer muitas vezes, consecutivas até. Posso obviamente estar errado, mas futebolísticamente, o Benfica (versão Jesus) não tinha esta pujança, este futebol há décadas. E acredito que a estabilidade no comando técnico encarnado é algo que será muito mais produtivo que o contrário. E o Benfica pode continuar a crescer com Jesus.

Acerca da corrente de opinião que defende a sua saída, tento pensar em nomes que melhorariam o trabalho de JJ ou que aumentariam a nossa probabilidade de vitórias e...vejo poucos, pouquíssimos. Portugueses...só Mourinho me daria garantias imediatas e esse é impossível. Paulo Fonseca vai ser um grande técnico e estará numa equipa grande mais cedo ou mais tarde, mas será melhor que JJ ? No imediato não. Os estrangeiros (e até essa ideia que muitos anos vingou na massa associativa encarnada - que no Benfica só um técnico estrangeiro teria sucesso e capacidade para lidar com as "vedetas" - Jesus foi capaz de contrariar) têm o handicap de não terem, nem de perto nem de longe, o conhecimento das peculiaridades do futebol/campeonato português que JJ tem. E não há tantos técnicos assim, que fruto das suas capacidades de montar uma equipa, uma ideia de jogo, uma táctica, possam estar imunes às características de determinado futebol.

Para mim, o Benfica tem muito mais a perder com a saída de Jesus do que com a sua continuidade. E ao entrarmos agora na recta final da época, o Benfica (o seu Presidente, certamente) deveria jogar a sua "cartada". Se em 2005 foi também o golpe de génio de Vieira (comprando a quase totalidade da lotação do Bessa) que impulsionou a equipa para o título, o momento - agora - pode ser semelhante.

Não podemos estar reféns de um treinador, certo, mas também não podemos atrasar decisões baseadas numa corda-bamba de ser ou não Campeão. Anunciando a renovação agora, o Benfica traria o estímulo e convicção necessária para um final de época vitorioso. Conseguiria aglomerar a Nação Benfiquista e terminaria com qualquer tipo de rumor que possa ainda denegrir ou atrapalhar essa caminhada (e veja-se que até o Sporting anda a meter o bedelho...).

Por outro lado protegeria o treinador face às notícias (e acreditem que elas surgirão se o enfica não acabar, decididamente, com elas) de um ingresso no principal rival. Imaginem o cenário de um mau resultado aliado a essas especulações: não faltariam as más-línguas a apontar o dedo ao técnico «não se importa de perder porque para o ano vai para o Porto» ou «isto já são indicações do futuro patrão». Sei que Jesus não é de tretas dessas e é um homem sério, mas da especulação não se livraria, e na opinião pública menos informada, isso seria um dano considerável ao espírito de equipa e nas possibilidades de vitória.

Com o anúncio da renovação agora, neste momento, Vieira e o Benfica fariam a sua parte e teriam quota parte do sucesso deste fim de época. A minha visão é esta, num momento que se espera de total e esmagadora união, o Benfica devia renovar já dando um murro na mesa das conjecturas e alicerçando de forma sólida as Vitórias.

Há ainda a hipótese da renovação estar acordada (parece-me pouco provável, porque não a tornar pública não nos traz nenhum benefício) ou até de JJ não querer renovar. E aqui sim, o Clube fica numa posição difícil, primeiro porque tudo está em jogo e não interessa andar a auscultar futuros técnicos porque isso traria enorme instabilidade (e acreditem, que havendo "contactos", a CS saberia e daria grande destaque) a todos: Jesus, Benfica, adeptos e direcção. E se de facto, o Benfica não anunciar a renovação brevemente (nesta pausa de Campeonato) começo a pensar que JJ não será treinador do Benfica na época 13/14.

domingo, 17 de março de 2013

Ninguém pára o Benfica. LITERALMENTE!

23 de Outubro de 2012, Moscovo. Data e local da última derrota (2-1) do Benfica na época em curso. Daí para cá, 5 meses decorridos, 5 empates e só vitórias (ficámos em branco 2 vezes nesse período, Barcelona e Braga, ambos empates a zero).

Começando pela última 5ª feira, o Benfica venceu o 4º jogo consecutivo na Liga Europa no Parc Lescure (onde ninguém vencia nas competições europeias desde 2006) e fê-lo de forma tranquila, simples demais até. Com vantagem na eliminatória, mostrou maturidade de equipa de Champions (mesmo com 3 "novos" jogadores nos 4 defesas) e marcou quando tinha que marcar.

Nunca acusou nervosismo (tal como a dupla estreante do centro da defesa: Jardel & Roderick) e nunca esteve em desvantagem. A braçadeira de capitão parece ter funcionado como doping em Gaitán, que foi o MVP da partida. Cardozo - já uma lenda do Benfica - entrou e fez 2 golos (ultrapassando o mítico Néné), tornando-se o 2º melhor marcador de sempre (atrás de Deus Eusébio) do Benfica nas competições europeias.

Com 4 vitórias em 4 jogos, esta Liga Europa parece "curta" para tanto Benfica...mas ganhá-la seria inédito no historial centenário deste Clube (uma única presença na final - ainda disputada a 2 mãos - perdida frente aos belgas do Anderlecht). Segue-se o Newcastle nos 1/4 de final.

O Benfica tem-se apresentado bem perante equipas inglesas, logo, à partida, há algum optimismo nesta fase (quartos de final) que o Benfica atinge pelo 4º ano consecutivo (talvez só nos anos 60 haja algo semelhante). Há o handicap da 1ª mão ser em casa..mas o Benfica tem feito golos a toda a gente e em qualquer campo. Sobre o Newcastle falarei noutra altura.

Hoje houve Campeonato em Guimarães. E houve mais uma demonstração da valia deste Benfica. Foram 4 golos sem resposta mas poderiam ter sido 8, cheirou insistentemente a goleada tal a facilidade com que os avançados e extremos benfiquistas rasgavam a defesa contrária. Cardozo (quem mais ?), Garay, Salvio concretizaram as suas chances e Rodrigo fechou o marcador.

Gaitán, desta feita na esquerda (havia jogado no centro do terreno em França) e sem braçadeira, voltou a "pintar a manta" e fez mais um grande jogo. Lima (que havia descansado na Liga Europa) é um portento físico e capacita o nosso ataque de armas capazes de dinamitar qualquer defensiva.

Uma palavra ainda para Aimar, que voltou a jogar alguns minutos. Aimar é o "óleo" que agiliza o motor desta equipa. Com ele em campo multiplicam-se as linhas de passe (que só ele vê) e a equipa ganha magia, a bola corre mais "redonda", os jogadores cansam-se menos e progridem de forma quase imbatível. O melhor Aimar garantiria o(s) título(s).

Conclusões: finalizado o mês de Março (falta o jogo de dia 30, na Luz frente ao Rio Ave), o Benfica tem 4 pontos de vantagem sobre o segundo classificado com 7 jornadas para o final (4 em casa e 3 fora). Com 23 jornadas disputadas temos 60 golos marcados e 14 sofridos, estamos invictos nas provas nacionais e fazemos golos (no Campeonato) há 27 jornadas consecutivas. Com a final da Taça de Portugal praticamente garantida e com uma boa percentagem de possibilidades de atingirmos nova meia-final europeia, o Benfica começa a tocar o céu.

Está tudo em aberto e nada se venceu ainda, logo nada há para festejar, ainda assim, hoje, 17 de Março de 2013, o Benfica é a única equipa que depende apenas de si para ser Campeão e isso já é uma belíssima vantagem. Uma coisa é certa, este Benfica faz golos em todo o lado e é tremendamente difícil de derrotar.

domingo, 10 de março de 2013

40J = 30V ; 8E ; 2D

Ao 40º jogo oficial, o Benfica alcança uns impressionantes 88 golos marcados e 24 sofridos. Nestes 40 jogos, só ficámos em branco 4 vezes (Glasgow, os 2 jogos com o Barcelona e em Braga na meia-final da Taça da Liga) e exclusivamente no Campeonato Nacional levamos uma série de 26 jogos consecutivos a marcar (a última vez que não balançámos as redes contrárias - porque Soares Dias não quis... - foi a 9 de Abril de 2012 - quase há um ano - em Alvalade).

Falando unicamente da Liga 12/13 somos o melhor ataque (com 56 golos), temos a melhor diferença de golos (+42) e a segunda melhor defesa (14 golos sofridos, sendo que 8 deles resultam dos 4 empates, quer isto dizer que sofremos 6 golos em 18 jogos). E por falar na nossa defesa, ela está invicta desde a recepção ao Leverkusen (vitória por 2-1) e no Campeonato desde a ida à Choupana (a 10 de Fevereiro).

Na Taça de Portugal, e a um jogo (17 de Abril de 2013 na Luz) da final, ainda não sofremos qualquer golo (!!!) e marcámos 18 até agora. Vencer a Taça sem sofrer golos era um registo impressionante.

Não há volta a dar, a época 12/13 do Benfica tem sido quase perfeita (Moscovo, com o pior jogo da época e os penaltys na Pedreira impedem a perfeição. Segue-se o Bordeaux na próxima 5ª feira (que pode colocar o Benfica nos 1/4 de final de uma competição europeia pelo 4º ano consecutivo) e no Domingo seguinte deslocação ao berço da Nação para defrontar um aguerrido Vitória.

Se em França o Benfica nem precisa vencer (embora fosse muito importante vencer), em Guimarães será um jogo difícil e chave para o 33º. Primeiro a oposição, o Guimarães, como todas as equipas portuguesas, transfigura-se ao defrontar o Benfica ; depois, a recuperação dos nossos atletas não será a melhor devido ao curto espaço temporal entre a viagem a França e o regresso ao Campeonato. Aqui pode ser importante a vitória frente aos gauleses, pela motivação extra que dará para o jogo seguinte. E é fundamental vencer o Guimarães porque depois o Campeonato tem uma pausa de 15 dias para os compromissos das Selecções Nacionais e seria importante encarar esse período de "repouso" pelo menos com 2 pontos de avanço para abordar a recta final desta época que se prevê Gloriosa!

Há que confiar e apoiar, ainda não ganhámos nada mas podemos vencer muito se todos estivermos a remar para o mesmo lado.

sábado, 9 de março de 2013

Assobiar para o lado...

O Benfica venceu o Bordéus por 1-0 na Liga Europa. Desde a recepção ao Leverkusen fizemos 4 jogos (com o de ontem) e sofremos ZERO golos. As exibições foram todas medianas (Paços, Braga, Aveiro e Bordéus) mas vencemos 3 jogos e empatámos a zero na Pedreira.

Se com o Paços de Ferreira houve momentos de grande futebol (escassos), nos outros foi mesmo seviço mínimo, ainda assim suficiente para vitórias inquestionáveis. O problema é que no Benfica não basta ganhar, é preciso marcar golos (muitos) e dar espectáculo. É algo histórico, a vertigem das goleadas e grandes exibições faz parte do ADN benfiquista.

Percebi isso muito novo, quando se discutia o Benfica mesmo após vitórias. A exigência deste clube é algo histórico e nunca vai mudar, resta aos seus funcionários (atletas, treinadores e dirigentes) darem o máximo na busca dessa perfeição encarnada, porque o benfiquista é exigente mas sabe reconhecer a raça e o querer dos seus (mesmo quando o resultado não agrada).

Depois dos anos negros e de uma quebra de expectativas drástica, o Benfica de Jesus trouxe outra vez o futebol empolgante, os tais 20 minutos à Benfica, um futebol arrasador e de goleadas. Os títulos ainda são insuficientes, mas o Benfica e o Estádio da Luz voltaram a ser infernais e temidos. Mas a memória é curta, a última imagem é a que fica e actualmente - apesar de excelente posição nos objectivos prioritários - os benfiquistas têm tanta (ou mais) fome de nota artística como de vitórias.

A verdade é que nas duas épocas anteriores (sem a conquista do campeonato) ninguém ficou de papo cheio com o futebol espectacular, eram (e são!!) vitórias que se exigiam. A mudança deste paradigma surge, na minha opinião, porque há - ainda - o fantasma de não se conseguirem os objectivos. E esse fantasma tolda as pessoas, que ao invés de contribuirem para essas conquistas - remando TODOS para o mesmo lado - preferem substituir-se à frieza dos resultados quase perfeitos e dar uma de Zandinga, só porque sim.

Não consigo assobiar os atletas do Benfica (de qualquer modalidade), não sei porquê mas não consigo. Gosto demasiado deste clube para maltratar quem tantas alegrias me proporciona, porque o símbolo é sempre o mesmo, o manto sagrado também. Serei sempre mais um a puxar, a aplaudir, a ACREDITAR!

Mas não censuro quem pense de maneira diferente, só acho que deviam guardar os assobios ou outras manifestações de desagrado "apenas" para o fim das partidas. Aí parece-me haver alguma legitimidade em que as pessoas se manifestem (mesmo que de forma errada), já no decurso de uma partida parece-me verdadeiramente insuportável.

Se sempre se falou na vantagem do factor casa é precisamente porque o público da Luz sempre foi importante, sempre foi o tal 12º jogador. E na perspectiva do jogador, ter 6.000 ou 60.000 pessoas connosco, a gritarem por nós, a apoiar é sempre um estímulo extra; já ser assobiado na nossa casa apenas aumento o nervosismo e a margem de erro. Era importante que o público benfiquista percebesse isso e entendesse verdadeiramente qual o estímulo que podem "emprestar" ao jogador ou à equipa.

Luisão foi um dos melhores ontem, dentro de campo mostrou que é um Capitão a sério e mostrou-o por exemplo. No final do jogo era dos que não merecia aquela assobiadela, descontente, chamou o grupo e a equipa recolheu ao balneário. É verdade que haveria muitos que não assobiaram e que mereciam um agradecimento final, mas como seria interpretada a seguinte imagem: jogadores fortemente assobiados batem palmas ao público ? Não ficariam ainda mais indignados os indignados ? Se esta equipa e este Capitão já foram assobiados na conquista de alguma Taça da Liga e veementemente repudiados quando agradeciam o apoio das bancadas, porque não recolher aos balneários desta feita ?

Várias vezes este treinador, este capitão e outras pessoas do Benfica têm manifestado o seu apreço pelo público benfiquista e realçado a importância deste na conquista dos objectivos. Neste jogo, decidiram simplesmente ignorar esses assobios e recolher às cabines. Porque afinal o objectivo havia sido conseguido: vitória e sem sofrer golos.

Tenho a certeza absoluta que a equipa não será assobiada em França. Se há coisa que os emigrantes benfiquistas têm demonstrado por essa Europa fora é uma tremenda paixão e orgulho no seu Benfica, que também é o nosso, apesar de às vezes, alguns, preferirem assobiar para o lado...

quinta-feira, 7 de março de 2013

Da Pedra À Liderança

Quando o Beira-Mar terminou o seu jogo em Setúbal (sábado), o Benfica entraria em campo duas vezes antes de ambas as equipas se defrontarem em Aveiro. O Benfica recebeu e "despachou" o Paços de Ferreira com 3 golos sem resposta e depois deslocou-se à Pedreira.

Meia-final da Taça da Liga, em casa de um Braga que via esta competição como a derradeira oportunidade de conquistar um título (desde a Intertoto de 08/09). Se por norma jogar em Braga nos dias de hoje é tremendamente difícil, nestas condições e com a exigente série de jogos do Benfica, mais complicado se tornava.

Várias alterações no nosso 11 não nos retiraram competitividade (a maior surpresa terá sido mesmo a titularidade de Roderick a..."trinco"). Logo no início da partida, um contra-ataque fulminante do Benfica terminou - com grande estrondo - na barra da baliza bracarense. Rodrigo foi o autor dessa jogada e remate. Quando vi Cardozo e Martins isolados, ao lado de Rodrigo, nessa jogada, tive um déjà-vu de Nou Camp, quando o prodígio brasileiro falhou um lance similar quando tinha Nolito isolado ao seu lado.

O Braga equilibrou a luta e de realçar apenas uma oportunidade (com 3 remates) superiormente negada por Artur e um offside escandalosamente marcado a Urreta (com grande probabilidade de fazer golo).

No segundo tempo, com Aimar e Martins, a nossa posse de bola melhorou e houve mais critério no passe. Pelo menos até à área adversária, onde várias vezes faltou uma tomada de decisão adequada para "acabar com o jogo" e a eliminatória. Adivinhava-se o golo benfiquista e o Braga recuava cada vez mais. Numa dessas investidas, Gaitán foi mesmo derrubado dentro da área. Faltavam 10 minutos para o fim da partida. O árbitro Marco Ferreira - que, sejamos justos, tem feito boas arbitragens - fechou os olhos e cedeu canto. Fica a sensação de o jogo terminar como começou, com um Benfica "em cima" do adversário. Talvez no prolongamento a nossa vitória se materializasse.

Curiosamente o Benfica termina a partida fisicamente mais forte que o Braga (que tinha mais 24h de descanso e um calendário bem mais leve) e tanto Roderick (que andou perdido nalguns momentos, tendo sido inclusivé amarelado) como Martins e Aimar foram mais que suficientes para se superiorizar ao meio-campo adversário. Tal como no jogo frente ao Paços, fica a sensação que o nosso centro do terreno joga melhor com Martins e/ou Aimar. Os passes de ruptura são mais frequentes e o carrocel do meio-campo tem outra nota artística.

Era Taça da Liga e não havia prolongamento. Seguiram-se os pontapés da marca de grande penalidade. Artur fez uma assombrosa defesa no primeiro penalty e deu vantagem ao Benfica, o mais complicado parecia feito. Luisão, Roderick e Gaitán trataram de desfazer esse sonho falhando as suas penalidades. A 5ª vitória na Taça da Liga ficava afastada, numa competição onde contabilizamos uma única derrota em 6 edições (31 de Outubro de 2007, 2-1 em Setúbal).

Seguiu-se o Beira-Mar em Aveiro, para aquela que é a competição prioritária: o Campeonato Nacional. Num estádio vestido de vermelho, o Benfica entrou forte e aos 30 segundos Lima desperdiçava um golo feito com um gesto técnico deficiente. A bola não estava alta demais nem baixa demais, Lima tinha tudo para fazer golo (e nem precisava de fazer um chapéu..) mas rematou mal e perdeu-se ali uma flagrante ocasião.

Os primeiros 15 minutos foram de boa qualidade e culminaram com o golo de Cardozo (numa penalidade tão indiscutível como ridículas foram as discussões de quem a questionou). Daí para a frente o Beira-Mar agigantou-se e num misto de entrega e sacrifício chegava ao intervalo com mais ataques, mais posse e mais remates que o Benfica.

No segundo o tempo, esta ideia não se alterou muito e apesar de duas boas ocasiões (remate de Lima e falhanço de Cardozo na pequena área!!) desperdiçadas, o Beira-Mar criou muitos problemas e demonstrou que dificilmente descerá de divisão (é último classificado actualmente).

Neste jogos (como noutros desta época) vimos pouca nota artística e um Jesus mais pragmático. Ele parece ter aprendido como é difícil ser-se campeão no futebol português e que o espectáculo em forma de golos não garante, por si só, o escudo nas camisolas encarnadas.

O jogo de Braga foi o terceiro (primeiro a nível nacional) desta época em que o Benfica não marcou (depois do duplo duelo com o Barcelona) mas a verdade é que nesta época, o Benfica apenas contabiliza 2 derrotas: Spartak e Barcelona.

Espera-se que as derrotas europeias tenham terminado por aí (o Bordéus é já a seguir) e que as derrotas a nível doméstico sejam mesmo algo desconhecido neste final de época.