sábado, 29 de março de 2014

Beijo de Judas ? Não, abraço de Barrabás.

Rezam as crónicas (d'O Jogo, quem mais ?) que no final do último Porto-Benfica, o Presidente portista Pinto da Costa esperou por Jorge Jesus, deu-lhe um abraço e acompanhou-o até à sala de imprensa. Curiosamente (ou talvez não) não existem imagens ou fotografias do encontro, mas como ninguém do Benfica (incluindo JJ) o negou, dou por verdadeira a saudação.

Já o disse aquando da suposta defesa de Villas Boas que Jesus terá feito em Londres (e posteriormente nas conferências de imprensa), o cidadão Jorge Jesus pode ter os amigos que bem entender, o treinador do Sport Lisboa e Benfica encerra em si outro estatuto e competência, e esse treinador não pode nunca colocar a sua imagem privada à frente da sua imagem pública.

Jesus não pode dissociar o seu estatuto de treinador da maior potência futebolística do país das suas aparições e comportamentos (públicos ou privados). Mais estranheza me causa esta forma macia e dócil de lidar com o maior rival, quando ainda há pouco tempo havia "mostrado os dentes" - sem aparente razão ou sentido - a um jovem treinador (Marco Silva) e a uma equipa (Estoril Praia) que nunca desrespeitaram o Benfica ou o seu treinador.

E por falar de respeito, que dizer dos "gozos e graças" constantes da casa azul ao Benfica e ao próprio Jesus ?? Ainda está fresca na memória de todos os benfiquistas, a piadola de Pinto da Costa com o ajoelhar de Jesus, as críticas vorazes e desrespeituosas de alguns treinadores azuis para com o treinador do Benfica, mas, pasme-se, Jesus não só deu a outra face como mostrou uma inusitada falta de amor próprio (logo ele!!).

É nestes pormaiores que Jorge Jesus se esquece de "vestir a camisola". Ele que já esta época foi castigado por defender um adepto, acha que há algum adepto benfiquista no Mundo que defenda um abraço seu a Pinto da Costa ?? Vivemos num mundo civilizado, bem sei, mas há situações em que Jesus fica a milhas da mulher de César; ao retribuir um cumprimento venenoso (porque é Jesus quem é manipulado em toda esta situação, ou alguém acha que o "encontro" foi acidental ? mais, esperaria Pinto da Costa por Jesus se este tivesse ganho o jogo ? pois...) JJ caiu no engodo e ficou à mercê de todos aqueles que sentem o Benfica 365 dias por ano.

Barrabás foi um criminoso que saiu absolvido pela "populaça" face ao desejo desta em condenar Jesus de Nazaré (e depois de Pilatos não encontrar motivos para condenar Jesus, trouxe aquele criminoso para que o povo decidisse quem poupar, lavando as mãos dessa decisão), na verdade, um era inocente e o outro um claro culpado, ainda assim as hostes resolveram condenar o justo pelo pecador. Jesus foi muito inocente nesta história, porque todos sabemos quem é o verdadeiro culpado, mas se nos cabe a nós - povo do Benfica - não repetir o mesmo erro condenando o indivíduo errado, Jesus tem que fazer muito mais pelos seus "seguidores", tem que ser e parecer Benfica sempre! E naquele momento não defendeu os milhões de adeptos constantemente insultados, não defendeu o clube mais vilipendiado por aquele Barrabás e não soube ter a postura e o orgulho que se exige ao treinador do Benfica.

Isto no fundo não passa de mais um fait-diver, basta o Benfica derrotar amanhã o Braga e ninguém recordará este episódio, mas os benfiquistas de gema não esquecem, e estes "imbróglios" também terão peso na hora de condenar ou absolver. Disse e repito que JJ é treinador tecnicamente muito competente, mas parece não estar a esse nível no que ao futebol "jogado" fora das 4 linhas diz respeito.

Se ele realmente quer apagar este episódio (e gostava imenso que alguém do Benfica o tivesse chamado à razão acerca desta história) não tem outro remédio senão eliminar o Porto na Luz e, aí sim, ir retribuir o abraço a Pinto da Costa.

P.S. - parabéns ao Maestro Rui Costa! Faz hoje 20 anos que estive pela primeira vez na Luz (Benfica 2-1 Parma), na 1ª mão das meias-finais da Taça das Taças. Oxalá o Rui possa conquistar esta época aquilo que lhe fugiu naquele ano enquanto jogador: um título europeu.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Perdida a batalha mas não a guerra

Vitória justa do Porto na 1ª mão das meias-finais da Taça de Portugal, frente a um Benfica irreconhecível pelo menos nos primeiros 45 minutos. Houve momentos do jogo em que os nossos jogadores pareciam estar todos infectados por um vírus que os assemelhou ao nível distrital: passes ridículos, posse de bola inexistente, posicionamento anedótico e um nervoso miudinho profundamente irritante.

O Porto, mais em força que em categoria, dominava todas as disputas directas e fazia tremer o último reduto benfiquista. O golo madrugador (6') fazia antever o pior, e não fosse Artur e teríamos levado outro golo bem antes do intervalo. A forma desconexa com que a nossa equipa procurava "jogar" era arrepiante, não consigo encontrar nada positivo nesta 1ª parte, talvez o esforço incrível de Rodrigo e a forma tranquila e descomplexada como Sílvio se bateu.

Jesus fez o que eu previra, alterando 5/6 jogadores (quer-me parecer que Artur só não jogou na Liga Europa fruto de lesão...) para, ainda assim, apresentar uma equipa competitiva (de White Hart Lane, só não jogou Siqueira, Markovic e Oblak, por exemplo). No meu entender fez muito bem visto que a prioridade absoluta é o Campeonato e este 11 oferecia garantias de competitividade.

A verdade é que a equipa (no seu todo) demonstrou estar completamente perdida no terreno e à mercê de um Porto que tinha hoje o seu "jogo da época". O resultado: um golo sofrido e zero chances de golo na primeira parte. Fejsa e Amorim estavam manietados, não havia sequer uma saída de bola decente e os passes (exageradamente) compridos eram a única solução para tentar ultrapassar a linha intermédia adversária. O trio Fejsa-Garay-Luisão a oferecer segurança, amplitude e posse com critério nunca apareceram e o Benfica via-se preso por um Porto que parecia correr muito mais e estar em todo o lado.

A segunda parte não foi muito diferente, o Porto não aguentou o desgaste dos primeiros 45 minutos e o Benfica pareceu começar a respirar (depois da asfixia inicial) e finalmente ganhar alguma confiança. Ainda assim tivemos apenas 3 chances, todas na parte final do jogo, para fazer golo: a primeira, a melhor, num remate de Amorim depois de um canto, onde Fabiano (considero-o melhor que Helton) faz uma defesa - no solo - assombrosa; a segunda, depois de novo bom despejo de Fabiano, Markovic (foi a 3ª substituição) tenta o chapéu que sai ao lado; e por último, já nos descontos, uma investida de Maxi que chega à linha de fundo e decide mal na hora do passe (pedia-se um toque curto, atrasado e o uruguaio passou forte para a linha de golo (no meio da confusão).

Não tenho nenhum destaque positivo no Benfica, parece-me que roçaram todos a mediocridade, no entanto retive algumas notas: Salvio, fisicamente, parece-me estar em perfeitas condições; Rodrigo é o melhor avançado do Benfica, fez bem Jesus em substituí-lo, preservando-o para Braga; a forma como Cardozo (não) salta às disputas de bola no ar parece-me ridículo, diria completamente amador, um jogador até pode não ter bom jogo aéreo, mas ter a corpulência do Tacuara e nem sequer disputar as bolas aéreas parece-me um defeito grave; Artur esteve bem no regresso a um terreno difícil e que também o marcou a ele, hoje mostrou segurança e personalidade apesar do lugar ser actualmente de Oblak.

O melhor acaba mesmo por ser o resultado, vamos ter - quero acreditar - 65.000 adeptos na Luz no dia 16 de Abril, para tentarmos chegar outra vez à final da Taça, vencendo-a desta vez. Apesar da vitória inapelável do Porto hoje (e desperdiçaram mais que as nossas 3 chances) não vi classe nem categoria esmagadora, vi muita vontade, muito esforço e muito trabalho, mas pareceu-me sempre que se o Benfica empatasse, aquela equipa caía por ali abaixo.

Vamos ver, para já o Porto vai justamente na frente, mas falta a segunda mão em nossa casa, num ambiente - espero eu - bem mais emotivo e escaldante que hoje. Portanto estamos longe de estar eliminados e Domingo teremos a "melhor equipa" em boas condições para derrotar o Braga e encomendar as faixas.

Última nota para o árbitro Marco Ferreira: mais uma vez muito bem. Há ali umas entradas duras (mas difíceis de vislumbrar perfeitamente) de jogadores do Porto que passaram impunes (uma até terminaria em ocasião flagrante do Porto que Artur safou) mas acho que são pormenores numa larga maioria de boas decisões. Não foi por ele - longe disso - que perdemos. E tenho a certeza que em Braga, com Proença, o mesmo acontecerá: a arbitragem não será nefasta nem impedirá o Benfica de vencer, é a minha profunda convicção.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Sabem qual é o clube da Europa há mais tempo imbatível ?

Com a derrota de hoje (3-4 frente ao Barcelona) terminou a série de jogos consecutivos sem perder do Real Madrid (ficaram-se pelos 31 jogos). Era a maior série em vigor em toda a Europa (ou nos Campeonatos mais preponderantes.

Assim sendo, actualmente, é do Sport Lisboa e Benfica a maior série de invencibilidade em vigor, com a vitória (3-0) sobre a Académica somámos o 27º jogo sem derrotas.

A grande distância seguem-se as séries de Bayern de Munique (16 jogos imbatível), Juventus (13 jogos) e Paris Saint Germain (12 jogos). Não contabilizei todos os campeonatos (na Holanda, o PSV tem 8 vitórias consecutivas), nem todos os emblemas, mas analisando os principais clubes europeus, aquele que há mais tempo não sofre o amargo sabor da derrota chama-se SPORT LISBOA E BENFICA !!

Que assim continuemos até 2015, pelo menos.

domingo, 23 de março de 2014

Vitória briosa com nota artística

Grande exibição esta tarde frente à Académica (sofreu mais golos hoje - 3 - que em toda a segunda volta) a fazer lembrar a nota artística doutros tempos. A Académica é uma boa equipa, mas o Benfica hoje foi fortíssimo.

A gestão de quinta-feira frente ao Tottenham resultou em cheio (Jesus referiu que a vitória de hoje começou mesmo na anterior partida) e a equipa hoje esteve insuperável, portanto foram conseguidos os 2 objectivos: 3 pontos esta tarde e quartos de final da Liga Europa.

O Benfica foi dono e senhor do jogo do primeiro ao último minuto, enviou 3 bolas aos ferros e desperdiçou, pelo menos, mais 3 golos feitos. Continuamos, ainda assim, a ser o melhor ataque (a melhor defesa e melhor goal-average) do Campeonato (mas com números muito distantes do que vinha sendo habitual na era Jesus) e a liderar isoladíssimos a principal competição de clubes em Portugal.

Depois do primeiro golo de Lima (iniciou a boa jogada de Rodrigo - em força e velocidade - com um excelente toque de peito), o minuto 27 traria, para mim, o momento do jogo. Fejsa recupera uma bola na parte lateral do terreno, junto à nossa grande área, e o que se seguiu foi pura magia:

Fejsa -(1)- Garay -(2)- Siqueira -(3)- Fejsa -(4)- Siqueira -(5)- Lima -(6)- Fejsa -(7)- Garay -(8)- Luisão -(9)- Enzo -(10)- Sílvio -(11)- Markovic -(12)- Sílvio -(13)- Markovic -(14)- Lima = GOLO!

14 passes e o Benfica vai de uma área à outra, sempre em posse (há uma perda momentânea no 12º passe, de Markovic para Sílvio, mas que o português imediatamente recuperou) para Lima (que havia estado junto à nossa área no início da jogada) concluir com o seu segundo golo uma jogada fabulosa.

Antes do intervalo, Siqueira (bem melhor a atacar que a defender hoje) desperdiçou o terceiro em mais uma excelente jogada. A segunda parte trouxe mais do mesmo mas apenas um golo, de Enzo Pérez (furou a defensiva contrária e já em desequilíbrio teve a frieza e a classe para concretizar um bonito golo):

 
 
 
Fejsa foi um monstro (para mim o melhor em campo). Lima trabalhou como sempre e já vai em 17 golos em todas as competições (melhor marcador do plantel), é incrível o quanto o brasileiro corre e trabalha em prol da equipa, e muitas vezes não se dá mérito ao seu desempenho (principalmente quando não marca). Não tem a espectacularidade ou a técnica de Rodrigo, nem a eficiência do melhor Cardozo, mas corre para todo o lado, desgasta as defesas adversárias e abre muitos espaços para os colegas, e de vez em quando marca uns golitos ("só" vai em 17 depois dos 30 do ano - incompleto - passado).
 
Rodrigo e Gaitán, sobretudo o primeiro, também estiveram em bom nível, e Salvio (a acrescentar minutos) esteve quase a voltar aos golos (maldita trave). O Enzo, além do golo, também subiu uns furos em relação aos últimos jogos.
 
Despachada a Académica vêm aí dois bons jogos, difíceis e competitivos, e ambos no Norte: quarta-feira às 21h no Dragão (1ª mão da Taça de Portugal) e Domingo às 17h no Estádio Axa em Braga (25ª jornada do Campeonato).
 
Se Jesus não poupou ninguém hoje, acho que devia fazê-lo no Dragão. É apenas a primeira mão e acho que a nossa teórica segunda equipa chega e sobra para vencer lá. Bem sei que eles vão entrar que nem cães procurando vingar as vergonhas que têm sofrido no Campeonato, mas o Benfica é muito mais equipa. E se há coisa mais saborosa que vencer no Dragão...só vencer no Dragão com os "suplentes".
 
A eliminatória não ficará decidida 4ª feira, não há porque desgastar em demasia a equipa nesse jogo (menos decisivo que a segunda mão com o AZ, por exemplo), mas sim jogar de forma inteligente (importante não entrar nas quezílias e armadilhas que estarão presentes em campo) e utilizar a o desespero contrário a nosso favor.
 
Acredito que Jesus não jogue com a melhor equipa, mas a sua (e nossa) ambição de vencer a Taça, certamente que o levará a apostar numa equipa competitiva e forte (Cardozo e Salvio devem ser titulares) trocando no máximo 5 jogadores (mantém-se o quarteto defensivo e a dupla de meio-campo). Veremos que acontece até lá, mas confio que temos muitas chances de vencer.
 
Quanto a Braga e ao Campeonato falamos depois. Para já faltam 11 pontos.
 
 

sábado, 22 de março de 2014

Juniores e Futsal: raça, querer e ambição!

A equipa de Juniores, que quarta-feira se apurou para as meias-finais da UEFA Youth League eliminando «uma super equipa» (como o treinador João Tralhão apelidou o City), voltou hoje à fase de apuramento do Campeão Nacional (do qual é detentora do título). E fê-lo da melhor maneira, derrotando o Porto por 1-0 no Caixa Futebol Campus.

Foi um jogo de muita luta e suor, com os jogadores portistas e o seu treinador a parecerem réplicas dos sombrios anos 80 e 90 para os lados das Antas: provocações, insultos e muita porrada. Mas estes meninos benfiquistas já não caem nesses jogos de bastidores, são miúdos formados noutra era e tentam ser melhores - pasme-se !! - apenas jogando dentro das 4 linhas.

Mesmo com o jogo a meio da semana (os portistas despediram-se da UEFA Youth League em Dezembro) os benfiquistas foram inteligentes na hora de gerir o jogo e não permitiram qualquer sufoco do Porto (apesar de estes terem entrado bem e com muita posse de bola). Só nos faltou "matar o jogo" com um segundo golo (não surgiu sobretudo por demérito nosso), porque de resto fomos uma verdadeira equipa: solidária, esforçada e lutadora.

Uma arbitragem completamente desfasada (que tipos de agressões serão passíveis de cartão vermelho ?!? É que hoje houve várias, umas não tiveram qualquer punição e outras um ridículo amarelo) e sem qualquer tipo de autoridade com as afrontas do treinador e jogadores portistas não foi suficiente para nos desconcentrar e terminamos a 1ª volta da Fase de Apuramento de Campeão como líderes.

Com 7 jornadas disputadas temos 16 pontos, os mesmos de um excelente Braga que derrotámos no CFC com muita dificuldade (1-0), mais dois que o Sporting (3º) e mais 7 (!!) que este Porto (4º). Mas atenção, nada está ganho, os três primeiros estão em posição de lutar até ao fim com as mesmas armas. Nos 7 jogos finais, o Benfica vai jogar fora frente a Leixões, Braga, Oeiras e Porto, recebendo Guimarães, Leiria e Sporting, sendo que as últimas duas jornadas são um Benfica-Sporting (penúltima) e um Porto-Benfica (última).

Mas estes miúdos já nos surpreenderam mais que uma vez esta época, portanto confio que conseguirão o bi-campeonato.

Numa das modalidades onde temos títulos europeus (e temos em 4: futebol, futsal, hóquei e atletismo), o futsal, recebemos e vencemos aquela que diziam ser "a melhor equipa do mundo e arredores" (a mais arrogante é-o sem dúvida, treinada por um gajo que fala, fala, fala mas...voltou a levar uma lição de humildade), o Sporting (3-1).

Não tenho problemas em dizer que a equipa de futsal do Sporting é fortíssima (individualmente acho que têm mesmo melhor plantel que nós) mas o treinador deles é um arrogante de primeira e tenta constantemente menosprezar o Benfica. Pois bem, depois de na 1ª volta termos ido derrotá-los a sua casa (7-8), hoje repetimos a dose e somos líderes do Campeonato (e prováveis vencedores da fase regular, que nos dará a vantagem do factor casa no playoff).

Vamos ver se o Sporting (que, segundo eles era candidato à Champions e nem à final-four chegou) continua com a mesma garganta daqui até final da época, porque a verdade é que os nossos atletas têm-se superado e deram hoje mais uma demonstração da sua raça. Numa época difícil (o plantel desta época foi quase refeito de raíz, e o 5 inicial também) que é de transição, os rapazes do futsal dão provas que podemos acreditar neles e que o melhor está para vir. Parabéns.

P.S. - não sei se alguém reparou (ou sabe explicar), mas tem-me chamado a atenção um pormenor nas capas do Record (penso que nos outros desportivos não acontece), ao promoverem um jogo televisionado colocam o logo e o nome da SportTV mas não o da BenficaTV (e acho que também não colocaram o da SIC aquando do Tottenham-Benfica). Motivos legais ??

quinta-feira, 20 de março de 2014

Mau jogo, mau resultado mas...rumo aos quartos de final (pelo 5º ano consecutivo)

Sentia-se que este jogo não tinha chispa, não havia pressão nem grandes feitos a atingir depois da estrondosa vitória (1-3) de White Hart Lane. Um Tottenham sem ambições (e com alguns jogadores importantes fora) frente a um Benfica que não tinha nada a ganhar nesta partida.

O início da partida mostrou isso mesmo, um Benfica tranquilo a deixar correr o marfim e uma equipa inglesa que, sem grande espalhafato ou pressão, tentava ter bola e chegar perto da área encarnada. Houve um remate falhado de Soldado, sozinho na área, que era bem o espelho de um Benfica relaxado emocionalmente.

Jesus voltou a mudar muita gente (e o jogo de hoje era ideal para isso) mas essas mudanças só se sentiram nos últimos 15 minutos, onde os menos utilizados "sofreram" fisicamente num momento do jogo mais "partido" que nunca. É verdade que (e JJ sublinhou-o) o desgaste dos minutos de hoje serão importantes daqui em diante, porque os jogadores que hoje "sofreram" estarão melhores nas próximas disputas, e só com minutos nas pernas podem atingir melhores desempenhos.

O Benica está num período de pouco descanso, pouco treino e muitos jogos, logo era essencial poupar jogadores hoje (e até Domingo frente à Académica, mas parece que, de momento, Jesus só tem olhos para o Campeonato). Jogámos segunda-feira, hoje (5ª) e voltamos a entrar em campo Domingo e quarta-feira. Com a passagem aos quartos de final da Liga Europa os jogos vão-se suceder a um ritmo frenético, esperemos que a imagem de hoje não se volte a repetir nos jogos de enorme tensão que aí vêm.

E foi essa tensão inexistente de hoje que nos permitiu chegar ao primeiro golo, Salvio acreditou, chegou à linha final e entregou o golo a Garay que cabeceou sem defesa para Brad Friedel. A eliminatória estava sentenciada. Se até aí jogávamos relaxados, nada se alterou daqui para a frente e o próprio Tottenham pareceu baixar definitivamente os braços.

Esperava-se apenas o fim do jogo (tanto os nossos jogadores como os deles) quando Chadli fez um belo remate e empatou a partida (78'). Não tenho a certeza se Oblak poderia ter feito mais alguma coisa, o remate é bom mas fiquei na dúvida sobre a colocação e estirada do esloveno (fica o benefício da dúvida). Parecia então que os ingleses já não regressariam à sua Pátria tristes por mais uma derrota.

No minuto seguinte (79') Chadli volta a marcar. Apesar do offside do belga ter passado em claro, houve muita passividade da defesa e o jogo ganhou pela primeira vez emoção. Os ingleses arriscaram tudo e semearam o pânico com 2 situações claras de golo (numa valeu Luisão com Oblak já fora da baliza, e na outra o esloveno fez uma bela defesa a um cabeceamento sem oposição). Os benfiquistas pareciam tremer, as bolas aéreas eram terríveis e não conseguíamos ter posse de bola com o mínimo de critério aceitável. Acho até que estes minutos "nervosos" do jogo foram mais demérito nosso que mérito dos ingleses.

Haveríamos de chegar ao empate no último suspiro (num penalty clarinho de Sandro sobre Lima) com Lima a impedir que sofressemos a primeira derrota na Luz, nesta "nova" Liga Europa. Sofremos 4 golos em 2 jogos (dois na Choupana e dois hoje) e foi o terceiro jogo consecutivo a sofrer (Tottenham - Nacional - Tottenham) depois de longas semanas sem ir ao fundo das redes.

Não gosto de colocar tudo em causa ao primeiro resultado negativo, mas se o Campeonato está mais que ganho, teremos vida difícil nas restantes competições. Veremos se o menor fulgor de hoje foi uma excepção dos nossos rapazes (que tantas alegrias já nos proporcionaram esta época) ou se foi um aviso sério que o Benfica ainda não está uma equipa imbatível e fiável em todas as competições.

Ninguém se destacou, talvez Garay fosse o melhor em campo do Benfica na 1ª parte (onde além do golo deve ter vencido todos os duelos individuais), mas notei que Enzo voltou a entrar mal (será que só consegue render o máximo entrando de início); André Gomes tem pormenores de classe mas é ainda muito trapalhão; Salvio caminha para voltar a ser decisivo; e Djuricic está a ter uma não-época, voltou a roçar o zero e não acredito que tenha algum grande destaque positivo no que resta da época (oxalá me engane). Ah, e Oscar Cardozo. Não era o dia dele. Mas acho que devia lutar mais e reclamar menos. Bem sei que o Cardozo (até pela sua fisionomia) é um jogador que demora a ficar em forma, mas nos 2 jogos desta eliminatória o seu contributo assemelha-se ao de Djuricic. Tacuara é preciso mudar essa atitude e "apertar" ainda mais no trabalho, oxalá Domingo venha o golo que te sossegue e traga de volta o melhor que tens para nos dar.

Benfica, Juventus, AZ, Lyon, Valencia, Porto, Basel e Sevilla são os apurados, comungo da ideia de JJ (e já o havia escrito): só não queria a Juventus. O empate (e a exibição) de hoje fizeram-nos descer à Terra, vamos apoiar para que Domingo iniciemos nova subida ao Céu.

quarta-feira, 19 de março de 2014

A antítese do que é ser Benfica.

«Eu tenho saudades do Porto hostil que agride árbitros, adeptos adversários, jornalistas prostitutos, que aperta com os jogadores e treinadores adversários nos túneis, e que na tribuna presidencial qualquer adversário passa um péssimo bocado. É este o Porto que eu quero de volta, porque se estamos à espera que a comunicação social e a opinião pública nos admire temos que começar a perder regularmente. Aí eles vão adorar-nos. Quero petardos e bolas de golfe e que eles digam que o Porto é "palermo" ou a "sicília". Quando os ouvir falar de nós assim outra vez, eu vou ter a certeza que o grande Porto está de volta.» (sic)



A verborreia acima encontrei-a no mundo virtual da blogosfera, e quanto a mim é sintomática daquilo que eles são (e do que se regozijam) e daquilo que nós NUNCA poderemos ser! Preferia perder 100 campeonatos seguidos a enlamear o nome e a honra do nosso Clube com práticas e comportamentos daqueles.

Os portistas usam muito um chavão quando há jogadas duvidosas nos encontros dos rivais: Ai se fosse com o Porto...o que se diria e escreveria...  Pois bem, essa suspeição toda nas (muitas) incompreensíveis decisões dos jogos do Porto nasce precisamente neles. Se depois do Apito Dourado tivesse havido punições a sério, aí eles poderiam ter limpado o seu nome e ter um fresh start, afastando os corruptores e procurando iniciar um percurso de cara lavada (depois das punições adequadas), mesmo que fosse numa II Liga.

Mas não. Preferiram seguir em frente (sempre em frente, sempre em frente), e como a definição 'ex-corrupto' para mim não existe, a suspeição vai pairar sempre sobre eles (e paira já muito antes do Apito Dourado, este processo apenas permitiu a todos terem acesso a práticas com décadas, bem anteriores à invenção do telemóvel). Um clube que admite a perda de 6 pontos (e afinal que raio de "lei" é essa que apenas retira 3 pontos por cada tentativa de corrupção ?? Essa linha convida é à corrupção: vamos lá aliciar e corromper estes gajos todos, se correr bem são pontos garantidos, se correr mal não somos despromovidos e continuamos a fazer o nosso trabalho como se nada fosse, afinal só perdemos 3 pontos.), que não refuta as acusações (nem tinha como) e se escuda numa tecnicalidade (absurda no meu entender) que impede que conversações telefónicas sirvam de prova (porquê ????) é tudo menos honesto e honrado.

Ler os seus adeptos (vítimas de lobotomia ??) defenderem essas práticas de viva voz traz-me um enorme sorriso, pela simples razão de nós não sermos assim. Orgulho enorme em ser do Benfica.

terça-feira, 18 de março de 2014

Afinal ainda podemos ganhar a Champions este ano.

Os nossos "putos", os juniores do Benfica estão apurados para a meia-final da Champions da sua categoria (UEFA Youth League) depois de terem "despachado", há minutos, o Manchester City (1-2) no seu próprio terreno.

Estivemos a perder desde os 12 minutos de jogo mas guardámos o melhor para o fim. Gonçalo Guedes (74') e Valdomiro Lameira a.k.a. Estrela (82') deram a volta ao resultado e mantiveram o registo imbatível nesta competição. Impressionante.

Esta "aventura" iniciou-se vencendo o nosso grupo (formato idêntico às equipas A) com 14 pontos, fruto de 4 vitórias e 2 empates. Mostrámos mesmo uma melhor performance longe do Caixa Futebol Campus, vencendo em Paris (1-4 ao PSG), Atenas (0-1 ao Olympiakos) e Bruxelas (3-6 ao Anderlecht). Em casa só vencemos o Anderlecht na ronda inaugural (3-0), empatando os outros dois jogos: a zero com os gregos e a um com os franceses.

Fruto da primeira posição no grupo abordámos os oitavos de final (a uma só mão) em casa, onde goleámos o Áustria de Viena por 4-1 (apesar de ao intervalo estarmos a perder 0-1). Áustria de Viena que apenas tinha perdido um jogo (2-1 em Madrid frente ao Atlético, vencedor do grupo com mais dois pontos que os austríacos) e havia goleado Porto e Zenit por 3-0.

Ultrapassados os austríacos, quis o destino que nos tivéssemos que deslocar a Manchester para defrontar o milionário City nos quartos de final da competição (de novo numa só mão). Este City também só tinha uma derrota (1-2 frente aos russos do CSKA de Moscovo). Nos oitavos de final foram a Madrid eliminar o Atlético tornando-se numa das 3 equipas apuradas para os quartos que não haviam vencido o seu grupo, e que por isso jogaram fora (as outras duas foram o PSG e o Schalke 04).

Como este jogo não teve transmissão televisiva (a UEFA, na primeira edição oficial desta competição, que é a mais importante na categoria a nível europeu, não sabe "vender" melhor o produto ??) aquilo que se sabe pelos relatos da internet é que sofremos bastante mas que a nossa crença e trabalho permitiram-nos dar a volta a um resultado desfavorável em terreno contrário. É de admirar que os nossos meninos não se tenham deixado afectar com um começo a perder e tenham acreditado até ao fim, a eles, todos eles, o meu enorme OBRIGADO!

Nas meias-finais já temos adversário: o Real Madrid. E de novo fora de casa. O Real Madrid tem apenas uma derrota, na última jornada da fase de grupos, frente ao Copenhaga (3-2) na Dinamarca. Depois disso recebeu e bateu o Nápoles por 2-1 e foi a Paris eliminar o PSG (0-1). No papel, este Real Madrid não parece tão potente como o City e se utilizarmos o PSG como termo de comparação: nós goleámos lá por 1-4 e eles apenas por 0-1. Mas tenho a certeza que o Benfica encontrará um ambiente difícil no Alfredo Di Stefano (estádio onde joga o Castilla) até pela sede de conquistas europeias que os madridistas sentem.

Têm a palavra os nossos "putos". Que as ambições europeias do Sport Lisboa e Benfica na época em curso TAMBÉM passem por eles. Força meninos!

P.S. - parece que afinal o jogo com o Real Madrid será em território "neutro", e utilizei as aspas porque Nyon é terra de muito benfiquista. Arrisco mesmo dizer que somos favoritos.

segunda-feira, 17 de março de 2014

O vento é do Benfica. O melhor ataque e melhor defesa também.

Pela primeira vez no Campeonto 13/14, o Benfica fez 4 golos. Em todos os jogos (41) desta época, só por duas vezes conseguimos marcar tantos golos: 4-3 ao Sporting (9 de Novembro de 2013) e 5-0 ao Gil Vicente (4 de Janeiro de 2014), ambos os jogos na presente edição da Taça de Portugal.

Com os 4 golos de hoje, o Benfica torna-se - com 44 golos - no melhor ataque do Campeonato, e continua a ser a defesa menos batida (15 golos sofridos em 23 jornadas), apesar de não sofrer 2 golos num jogo desde 15 de Dezembro (2-3 no Estádio do Algarve, frente ao Olhanense). Aliás, o Benfica sofre 2 golos para o Campeonato em 4 ocasiões (Marítimo fora, Arouca em casa, Olhanense fora e Nacional fora) que representam mais de metade do total de golos sofridos. Se em casa isso só aconteceu uma vez, não deixa de ser quase inadmissível que tenha sido frente a um recém-promovido (Arouca) e que tenha custado um empate.

O que estes números transmitem, é que ver hoje um jogo do Benfica é um sossego, para o bem e para o mal. Positivamente porque mesmo sem grande espectacularidade o Benfica vence quase sempre, e de forma inapelável. O negativo, na minha opinião vem dessa mesma falta de espectáculo. Pode-se dizer (e bem) que o Benfica é hoje uma equipa de classe: madura, sólida e cínica. Para ser sincero tenho saudades de um Benfica mais ofensivo, mais demolidor e goleador, mas se o caminho para o(s) título(s) é este...que assim seja!

Tinha escrito que, na 2ª volta, tínhamos 3 saídas difíceis (Nacional, Braga e Porto), com os 2-4 desta noite na Choupana ficam a faltar duas, e frente a um Braga & Porto distantes (nesta altura da época) dos seus melhores dias, portanto não conto com nenhuma derrota até final no corrente Campeonato.

Com 7 pontos de avanço a 7 jogos do fim, o Benfica tem o Campeonato Nacional mais que controlado, por isso se calhar era interessante virar agulhas para as outras 3 Taças onde estamos envolvidos (Europa, Portugal e Liga). Bem sei que convém não ter mais olhos que barriga e que os fantasmas de Maio último só desaparecerão quando, efectivamente, levantarmos canecos, mas também não posso escamotear que temos equipa, plantel e calendário para alcançar grandes feitos.

Seguem-se dois jogos na Luz para cumprir calendário (com Tottenham e Académica) e depois dois jogos mais a sério e mais difíceis (no Dragão e no Estádio Axa), o primeiro para a 1ª mão da meia-final da Taça de Portugal e 3 dias depois para o Campeonato (25ª jornada). Talvez fosse interessante gerir a equipa nos 2 jogos que se seguem para podermos atacar os dois seguintes compromissos na máxima força.

Mas chega de futurologia. Faltam 14 pontos.


P.S. - a equipa de basquetebol do Benfica conquistou ontem a Taça de Portugal, dezoito (!!!) anos depois da última, em 96, era o Enorme Carlos Lisboa (treinador actual) jogador do Sport Lisboa e Benfica. Ao nosso dream team o meu obrigado!

sábado, 15 de março de 2014

Mantém os amigos perto (aos berros ?) e os inimigos ainda mais perto ??

Nefasta a Conferência de Imprensa de Jesus antes do jogo frente ao Nacional. A "súbita" amizade com Manuel Machado levou o nosso treinador a afirmar que o Nacional é a melhor equipa depois dos três grandes porque pontuou em Alvalade (0-0) e no Dragão (1-1). O Estoril, só no Dragão (0-1) já fez mais pontos que esses 2 jogos do portento Nacional da Madeira, e ainda empatou em casa tanto com Porto (2-2) como com Sporting (0-0).

Mais, esse novel quarto grande foi despachado por 3-1 na Amoreira e empatou (2-2) na recepção ao Estoril depois de ter estado a perder por 2 golos de diferença. Afinal, o Nacional da Madeira (5º classificado com 34 pontos e uma diferença de golos de 30-22) é melhor que o Estoril (4º classificado com 39 pontos e um saldo de +12 nos golos marcados e sofridos: 34-22) exactamente em quê ?? Em 22 jornadas, o Nacional ganhou...8 jogos! Já o "fraco" Estoril leva 11 vitórias...e tem apenas mais uma derrota (5) que o Nacional (4) mas já fez 5 dos 6 jogos com os ditos "três grandes", ao passo que o Nacional fez 3/6. Portanto, o Estoril tem mais vitórias, mais golos marcados e os mesmos sofridos, mas o Nacional é melhor ??

Isto é claramente a falta de chá de Jesus a falar, Marco Silva (e o seu Estoril) deve fazer-lhe "comichão", o que é para mim surreal porque o jovem treinador sempre se mostrou respeituoso para com o Benfica (diz-se que é mesmo benfiquista...) e tem demonstrado ser um excelente técnico. O ego de Jesus sentiu-se claramente beliscado pela qualidade de Marco Silva, mas o que realmente me irritou foi que essa "comichão" não seja dirigida a outros "artistas" do futebol, que esses sim já afrontaram várias vezes o nome do Benfica.

Um desses artistas é o André Villas Boas. Ouvir JJ solidarizar-se com esse personagem e por via da sua defesa (?!??) "pegar-se" inclusive com a sua equipa técnica deixou-me siderado. Com quem devia ser implacável passa a mão no pêlo, e com quem está do seu lado...grita e empurra ? Não esperava de todo estas palavras (e parece que antes da segunda mão com o Tottenham haverá mais...), mas ainda estou à espera que ele se refira a Shéu, Rui Costa e Raúl José com palavras positivas ou de relevo...

Jesus pode ter os amigos que quiser, obviamente, mas há situações, por contrastantes que são, que o deixam muito mal visto. Se calhar sou eu que, admito, não consigo ter fair-play para com personagens e símbolos de um polvo corrupto que há 30 anos tenta achincalhar o bom nome e a honra do Sport Lisboa e Benfica, mas Jesus devia saber (ou alguém lhe devia explicar - à força se for preciso) para com quem demonstrar fair-play e para com quem ser duro.

Jesus mudou alguma coisa esta época, acreditou em mais jogadores (ok, que este plantel pode ser o mais forte em opções que já teve ao seu dispor), teve um discurso mais rectilíneo (sem grandes picos de euforia) e não menosprezou nada (sejam adversários, sejam os recursos ao seu dispor). Falta-lhe vestir verdadeiramente o Manto Sagrado e identificar objectivamente quem são os nossos adversários. Deixo-lhe uma dica: temos 4 Benfica-Porto garantidos (que ainda podem ser 6) até final desta época, todos a darem acesso a títulos, vou escutar atentamente todas as palavras dessas antevisões, análises e pós-jogo do treinador do Benfica.

Gosto do Jesus, é um treinador fabuloso, o melhor que vi no Benfica desde Eriksson (que um dia disse, depois do imbróglio para a marcação do local de uma final da Taça de Portugal, «Deixa-os marcar o jogo para as Antas que nós vamos lá ganhar na mesma.») mas falta-lhe vestir a camisola, mostrar que é um de nós, sobretudo quando defrontamos equipas que através da corrupção nos roubaram (e a Jesus também!) tantos títulos. É isso que te falta Jesus, porque mesmo que ganhes tudo, se continuares com esta postura "simpática" para com adversários indignos nunca serás tão grande como poderias ser entre nós, os benfiquistas de berço.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Entretanto na floresta de Sherwood...

Não condenei os 4 dedos a Machado e não condenarei os 3 de ontem, foram momentos espontâneos de jogos de futebol, não direi *«Jesus, os teus dedos indicam-nos o caminho.»  mas senti-me radiante nesses dois momentos. E senti-o porque estávamos a dar um festival DENTRO DE CAMPO. Com muita raça, querer e ambição.

O que Jesus faz a Raúl José (uma espécie de Frei Tuck nesta história) não é sequer novidade, já por inúmeras vezes o adjunto foi violentado verbalmente pelo seu nº1. Sei que JJ faz questão de elogiar Raúl José e Quaresma (outro dos dois imprescindíveis na equipa técnica de Jesus) e que os considera essenciais nos seus sucessos, mas dava jeito que ele fizesse um mea culpa e uma vénia pública aos seus "companheiros de armas", sem os quais - e JJ é o primeiro a afirmá-lo - o treinador principal não teria tão bons resultados.

Raúl José é muito mais tímido que Jesus, nota-se a léguas, é reservado e tem dificuldade em lidar com as objectivas da imprensa (vejam-se as flash-interviews durante o castigo de JJ), ainda assim parece ter uma boa relação com os jogadores (será também mais afável e menos ríspido com os mesmos). Onde Jesus é um tsunami, Raúl José parece um mestre zen. E essa dicotomia, esse yin & yang tem que ser parte da receita de sucesso. Por isso mas não só, Jesus devia ter outro comportamento para com os seus companheiros de equipa técnica, em privado mas sobretudo em público.

Ontem Jesus alterou-se também para com Shéu Han (outra personalidade reservadíssima - como Raúl José - mas um Senhor no futebol e sobretudo no Benfica). Não gostei nada de ver hoje essas imagens, onde até Rui Costa (que tal como Shéu só queria acalmar a situação) sai beliscado a berros de Jesus. Os 3 dedos na tromba do inglês fizeram-me regozijar, a gritaria com símbolos vivos do Benfica (ainda consegui ler nos lábios de Shéu «Calma.») deixa-me triste. Jesus não devia, não podia (!!) comportar-se assim com quem leva quase uma vida a servir o Glorioso.

Há imagens também de abraços entre estes protagonistas no final do jogo, e acredito que internamente já esteja tudo sanado, mas gostava muito (e a Benfica TV, por exemplo, podia trazer essas perguntas na próxima conferência de imprensa) de ouvir JJ fazer um elogio tanto a Shéu-Han como a Rui Costa e Raúl José, só lhe ficava bem promover essa imagem de uma só voz agora que chegamos ao momento crítico da época. É importante que o faça em privado (e já o terá feito certamente) mas fundamental que em público elogie o staff técnico do Benfica, porque apesar de ser um Mestre da táctica, não atingiu esse estatuto sozinho.

Jorge, eu sei que vives os jogos como um jogador, que saltas, cabeceias, rematas e vociferas como se estivesses ali dentro, mas depois do calor do jogo podes sempre recordar quem te ajuda (ajudou e ajudará) a vencer, ás vezes partilhar o mérito é o primeiro passo para o sucesso seguinte. De resto continua a "roubar" os ricos para nos deixares felizes a nós, os pobres.


* depois de ter enfiado o dedo na cara de Vilanova, Mourinho deparou-se com uma faixa no Bernabéu que dizia "Mou, o teu dedo indica-nos o caminho".

Xerife de Sherwood volta a ser enganado. Três vezes!



Na história de Robin Hood, este roubava aos ricos para dar aos pobres, e tudo nas barbas do pobre Xerife da floresta de Sherwood, que ficava completamente desnorteado e irritado. Hoje Jesus deu uma de Robin Hood e voltou a repetir as maldades ao ricalhaço (o Tottenham foi a equipa que mais dinheiro gastou este Verão em toda a Europa - e no Mundo, já agora - na compra de jogadores de futebol) do...Sherwood.

Haverá muita gente a apontar o dedo (curioso não ?) à atitude de Jorge Jesus. Eu não. Já quando mostrou 4 ao Machado delirei, vê-lo repetir a bicada hoje fez-me sorrir de novo. É falta de classe ? Ok. E a classe que a equipa dele mostrou lá dentro ? Jesus deu uma "tareia" ao Sherwood dentro do campo, foi um k.o. impiedoso (ou melhor, ainda houve misericórdia para se desperdiçar o quarto no finalzinho do jogo...) de um português que não é muito bem falante mas que não pede meças a nenhum estrangeiro quando se trata de preparar as suas equipas dentro do terreno.

Gosto dos ingleses, admiro o seu fair-play, mas também sou um fã acérrimo do seu humor, e o gesto de Jesus (por classless que seja) também fez gargalhar muito inglês hoje (sobretudo os rivais do Tottenham). Durante um jogo de futebol as emoções estão ao rubro (quem nunca viu treinadores a comunicar de diferentes formas com o público adversário, o treinador rival ou até jogadores adversários ?) e saber utilizá-las a nosso favor também é uma arte. O pobre do Sherwood ainda disse que adorava devolver o gesto no final da 2ª mão (afinal a fleuma britânica não dá a outra face...) mas disse-o sem qualquer ponta de convicção que o possa fazer, e se nem ele acredita....comeu e calou.

Não acho que o gesto de Jesus tenha sido uma falta de vergonha, já disse que gostei, admito que seja latino demais para os bem-falantes e bem-pensantes que falam de tudo, criticando tudo sem nunca terem experienciado o futebol na realidade, por dentro. Já viram que para um programa de futebol convida-se tudo ? Advogados, jornalistas, médicos, cantores, etc. Num programa de culinária só falam chefs. Num de direito teremos advogados, juízes e juristas. Mas no futebol toda a gente manda o seu bitaite, toda a gente quer dar opinião, por vezes totalmente infundada... Mas adiante. Assino a afronta de Jesus porque aquilo que o Benfica fez hoje foi histórico e os 3 dedos só acentuaram esta noite europeia. O Tottenham nem tem como chorar ou barafustar com esse episódio tal o banho de bola que levou dentro de campo, o gesto de Jorge Jesus foi apenas um torcer de navalha nas três feridas inglesas. É preciso saber ganhar ? Ter respeito pelos vencidos ? Claro que sim, mas isto é um desporto de emoções, muitas à flor da pele e também é necessário extravasar alegrias grandes de vez em quando, sem insultar ninguém (e JJ não insultou).

Podíamos ser todos mais polidos, dar a outra face, elogiar toda a gente e viver num Convento de Humildade ad eternum ? Podíamos, mas era uma chatice descomunal. Eu quero esfregar 3, 4 ou 5 dedos na cara de um bom adversário quando sou superior, sujeito-me a que me façam o mesmo um dia mas trabalharei para que no fim seja eu quem o possa fazer. E se um dia me fizerem o mesmo por ter perdido...só tenho que aceitar, obviamente. O futebol é isto. Nos jogos de maior rivalidade (pela proximidade regional entre as equipas, por exemplo) que disputava, se uma das equipas goleasse a outra (imaginemos um 4-0, por exemplo) passávamos a apertar a mão dos adversários sempre com 4 dedos apenas (até ao próximo jogo...).

Quem se sente melindrado com isto está muito longe de saber o que é a sensação, a adrenalina do futebol. E meus amigos, para poder "espetar" 3 dedos nas fuças do inglês é preciso jogar «muita futabole» onde as coisas realmente se decidem: dentro das 4 linhas. E aí o Benfica "abusou" do Tottenham e derrotou-o onde nenhuma equipa portuguesa havia ganho (nem o mítico Benfica da década de 60): White Hart Lane. O resto são mesmo peanuts.

Entrámos algo receosos, havia uma falha de ligação entre a defesa e o meio-campo, não conseguíamos ter bola entre linhas (clamava-se por Enzo, que encontra sempre uma solução) e Fejsa parecia afectado (passes de risco, passes falhados) enquanto Amorim pedia mais apoio numa zona onde parecia isolado. Curiosamente os dois haveriam de assinar tremendas prestações. Sulejmani era quem parecia mais à vontade neste ambiente: queria ter a bola, pedia-a sempre e estava disposto a fazer tremer os ingleses.

O Tottenham entrou à equipa inglesa: muito lance aéreo e muito kick & rush. O Benfica parecia algo desconfortável com este início britânico e faltava alguém que pusesse gelo no jogo (como diz o Freitas Lobo). Quem começou a tirar o receio à equipa foi mesmo Sulejmani (uma das 4 novidades em relação ao último jogo do Campeonato; Sílvio, Cardozo e Amorim foram as outras), mandou-se para cima dos ingleses, correu que se fartou e fez a equipa acreditar.

Subimos um pouco as linhas, começámos finalmente a ter posse com critério e agora só esperávamos o momento certo para dar a nossa estocada. E foi num genial passe de R.Amorim que esse momento surgiu, bola lançada em profundidade ainda no nosso meio-campo a rasgar a defesa adversária e um Rodrigo embalado a isolar-se e a fazer o primeiro. Na nossa primeira oportunidade facturámos. O Tottenham teve que esperar até ao segundo tempo para dispor da sua primeira chance. E isso diz muito do que na verdade foi a primeira parte do jogo.

Essa oportunidade do Tottenham surgiu num remate de Adebayor ao lado, pouco depois dos 50'. Depois disso o Benfica voltou lá à frente, grande recuperação de Ruben Amorim que acaba a rematar em boa posição (mas com o pé esquerdo) para defesa de Lloris. Canto. Amorim vai bater o canto (de forma perfeita) e o capitão Luisão cabeceia lá para dentro. 2-0. Sem hipótese. Há muito trabalho táctico neste segundo golo, Luisão não apareceu ali solto casualmente, nem o canto é batido para uma zona morta, tudo é planeado. E a genialidade do lance começa em Fejsa, reparem na sua movimentação, segue numa direcção "arrastando" dois defesas contrários e impedindo que algum vá na direcção de Luisão, que deste modo está sozinho. Depois é "só" meter a bola no sítio combinado que o capitão irá saltar sem oposição para o golo. Laboratório benfiquista a dar cartas em Londres.

O Tottenham reduziria pouco depois num bom livre de Eriksen (o que faria Jesus deste craque se estivesse no Benfica...) mas onde a falta de Sílvio que o origina é desnecessária e Oblak deixa a sensação de poder ter feito algo mais, o livre é forte mas não é colocadíssimo.

O Benfica chegaria ao terceiro com Luisão (outra vez ele) a fuzilar o desamparado Lloris, já dentro da área, com um tiraço à ponta de lança. Podíamos ter chegado ao quarto mais que uma vez, mas os 3 dedos já haviam sido lançados... Apesar disso, os 3000 benfiquistas "abafaram" completamente White Hart Lane e foram os únicos a ser ouvidos durante 90 minutos, mostrando também a qualidade das nossas bancadas a toda a Europa. Foi uma noite europeia em grande, vamos a notas:

OBLAK - teve um início onde pareceu acusar a pressão demonstrando um nervoso miudinho em muitos lances. Vejo-o chutar com força de pé esquerdo, de pé direito e não falha, mas faz-me muita impressão que nalguns lances ele não domine primeiro e chute depois. No golo talvez se pudesse ter lançado pelo menos (mesmo que não chegasse lá) mas talvez aquela bola não fosse defensável da posição em que ele estava. Voltámos a sofrer um golo depois de Barcelos (a 1 de Fevereiro) mas desta feita o esloveno não tem culpas no cartório. Continou - na senda dos últimos, longos, jogos - a ter pouco trabalho. 2

SÍLVIO - fez um jogo certinho na lateral direita, desta feita não subiu amiúde com havia feito nos outros jogos europeus, mas defensivamente não comprometeu. Levou um amarelo que o deixa fora da 2ª mão (na falta que originaria o golo inglês). 3

LUISÃO - outra vez o homem do jogo. Cortou tudo e mais alguma coisa e ainda foi lá à frente marcar dois golaços. Tremendo. 5

GARAY - muito concentrado, não permitiu veleidades aos adversários. Um jogo tranquilo do mais-que-provável-titular da Argentina no Campeonato do Mundo. 3

SIQUEIRA - é um lateral de clube grande, defende bem e ataca melhor. Tinha o veloz Lennon pela frente e nunca se intimidou assinando outra exibição positiva. Um outro erro, na minha opinião, por não gostar de jogar feio mas nada que manche a sua prestação. 3

FEJSA - começou tremido, foi-se acalmando e no final era tudo dele. Outro jogaço do patinho feio da equipa. Não tem a técnica ou o requinte de um predestinado mas é um jogador nuclear já (fará falta na Choupana) nesta equipa. Correu para todo o lado e contribuiu muito para que Amorim se destacasse no jogo. Fejsa é hoje um guarda-costas que todo e qualquer médio do Benfica quer ter a seu lado. É o maior "achado" da prospecção benfiquista esta época e ainda vai crescer muito. 4

R.AMORIM - um jogão do Rúben a encher o campo todo. Duas assistências, um sem número de lances bem elaborados e várias bolas roubadas foram alguns dos destaques deste médio todo-o-terreno. Sempre humilde e trabalhador, não se intimidou com o maior poderio físico dos adversários e tornou-se um pesadelo para o inglês que o tivesse por perto. Já o havia dito, hoje por hoje é o 12º jogador da equipa. 4

SULEJMANI - começou on-fire e foi o primeiro benfiquista a gritar «presente!» em Inglaterra. Fartou-se de correr, criou sempre linhas de passe ofensivas e pareceu-me até mais leve que o costume. Gostei muito do Sulejmani desta noite. Apesar de ter jogado pouco esta época, admiro o seu profissionalismo e o comportamento em prol do grupo, e se o jogo de hoje servir de amostra, talvez Sulejmani ainda tenha vários truques para tirar da cartola esta época. 4

MARKOVIC - o problema com Lazar é que a fasquia já está muita alta, jogo em que não faz uma obra-prima não é jogo conseguido. Tacticamente foi irrepreensível e teve algumas acelerações brutais que podiam ter criado muito mais perigo (passes cortados in extremis, solicitações muito longas ou até mesmo más recepções orientadas). Já não é tacticamente anarquista, está um jogador de equipa na sua plenitude, mas Markets dá para na segunda mão fazeres das tuas ? 3

RODRIGO - já o vi falhar aquele lance - que hoje deu golo - várias vezes (Nou Camp, por exemplo), até a forma como colocou o corpo e o pé foi semelhante, mas hoje o nosso Fenômeno não perdoou. Aceleração brutal, defesa esquerdo nas covas e o passe de Amorim deixa-o na cara de Lloris, remate bem colocado e estava concretizado um belo (e importante) golo. No resto do jogo fartou-se de correr lá na frente e trabalhou muito, Lloris ainda lhe roubou um golo quase feito ao recuperar um mau posicionamento inicial. 4

CARDOZO - o nosso Tacuara voltou à titularidade e teve um jogo difícil como se previa. Correu enquanto fisicamente teve pernas, ganhou alguns lances pelo ar (nem sempre aproveitados pelos colegas) mas não teve oportunidade de experimentar o seu letal pé esquerdo. Foi bom para a melhoria física e também pela participação numa jornada histórica. Comecem a chorar, o Cardozo está a voltar. 2

GAITÁN - entrou bem na partida, com excelentes pormenores (assistência de luxo no último suspiro do jogo, que Siqueira desperdiçou) a darem continuidade ao seu bom momento de forma. Nico Gaitán vai ser chave na Choupana. 3

ENZO PÉREZ - não entrou tão bem no jogo como Gaitán mas ainda foi a tempo de juntar o seu grãozinho de areia à vitória da equipa. Boa técnica e visão de jogo mas menos disponibilidade que o costume, num jogo tão intenso talvez Enzo tivesse demorado a entrar no ritmo, ou simplesmente quis evitar um amarelo que o afastaria da 2ª mão. 2

LIMA - menos de 5 minutos em campo. -


Man of the match: Luisão.



Custa ver jogadores excepcionais como Paulinho e Eriksen serem tão mal aproveitados (as maravilhas que Jesus faria com eles) mas o que ficou provado é que um grande treinador não tem preço. O Tottenham tem um plantel riquíssimo, com mais e melhores soluções que o nosso, mas dentro de campo e a jogar futebol...o Benfica deu de calcanhar.

Não sei como acabará esta Liga Europa, mas também não sei como alguém baterá este personalizadíssimo Benfica em duas mãos, hoje por hoje parece-me irreal. Há uma única equipa nesta Liga Europa que me faz franzir o sobrolho: Juventus. Porque são italianos, porque jogam bem, porque são muito difíceis de contrariar, porque têm dos melhores jogadores do Mundo (Pogba - vai marcar uma era -, Pirlo, Vidal, Giovinco, uff..) e porque a final da competição será em sua casa.

Mas para se ser o melhor há que bater os melhores, se não se puder evitar a Juve....venham eles que a coisa também não será facile per lui.

domingo, 9 de março de 2014

Faltam 17 pontos

O Benfica recebeu o Estoril cerca de 10 meses depois do balde de água fria da época passada (1-1 a duas jornadas do fim) e desta feita estávamos avisados para a valia do adversário e sobretudo do seu técnico Marco Silva. O que o Estoril fez hoje na Luz (equipa personalizada, a pressionar alto, chegou a ter mais de 60% de posse de bola - !!! - e terminou com superioridade nesse domínio) sem nunca renunciar ao jogo ou colocando um autocarro na área merece o meu apreço (e deve envergonhar os Ruis Vitórias desta vida).

O Estoril não teve chances de golo (um livre que embateu no poste depois de um ressalto) é certo, não sei se fez algum remate na 1ª parte e se terá conseguido mais que um entre os 3 postes de Oblak, mas a forma como se dispôs em campo e procurou tratar a bola...mostra dedo de treinador. O Estoril desta época, na minha opinião, tem pior plantel que a época passada mas joga incomensuravelmente melhor, logo o mérito tem que ser mesmo do treinador. O Estoril do ano passado (recheado de bons valores individuais) jogava muito nas transições e na velocidade na frente, era dominado largos períodos de tempo mas tinha veneno no contra-ataque. O Estoril 13/14 é uma equipa madura e consistente que se apresentou na Luz olhos nos olhos e tentando a vitória. E o Benfica ?

Face a tantos elogios ao Estoril, que dizer do nosso Benfica que despachou os canarinhos com 2 golos sem resposta e umas 3 ocasiões flagrantes desperdiçadas ? Entrámos concentrados e resolvemos cedo a questão (bons golos de Luisão e Rodrigo), soubemos adaptar-nos à pouca posse de bola, não perdemos a cabeça e procurámos ser eficazes nos momentos certos.

O Benfica jogou quase sempre pela certa e os jogadores mais adiantados (Lima, Rodrigo, Gaitán e Markovic) correram muito e bem. A dupla Enzo & Fejsa parecia omnipresente e o colectivo bastante disponível e equilibrado. Este Benfica é cínico, não concede veleidades (Oblak outra vez a bocejar) e quando chega à frente...mata os jogos. Continua sem me entusiasmar por aí além esta tranquilidade competitiva que o nosso futebol demonstra, mas a verdade é que os resultados e os números (esmagadores) não mentem, e neste momento o Benfica leva várias séries positivas em curso: minutos sem sofrer golos; jogos consecutivos a marcar; jogos sem derrotas.

Se a isto acrescentarmos 7 e 9 pontos de avanço sobre segundo e terceiro classificados respectivamente (quando há 24 em disputa), a presença em Março nas 3 taças em disputa (Portugal, Liga e Europa) o saldo tem que ser tremendamente positivo. Ok, sem goleadas nem nota artística mas com um rigor e uma solidez digna de registo. Vamos a notas:

OBLAK - continua sem ser posto à prova. Com a eficiência de todo o sector benfiquista, Oblak vai sendo um mero espectador nos jogos que disputa, tendo sofrido apenas um golo (um frango que custou 2 pontos) desde que é o dono da baliza há vários jogos. Gosto da forma segura como vai às bolas aéreas (agarrando-as com autoridade) fora da pequena área mas tenho algumas reticências quanto ao seu jogo de pés. Até ver vive um estado de graça mas também tem feito o seu trabalho para esse status. 3

MAXI - não desequilibrou ofensivamente mas também não comprometeu na defesa. Levou um amarelo (escusado) pela sua eterna impetuosidade mas isso não o perturbou e terminou mais 90 minutos sem dores de cabeça e com a missão cumprida. 3

LUISÃO - alô Scolari ? Daqui fala o "Girafa". O Capitão do Benfica abriu o marcador com um belo salto de cabeça num canto e esteve quase irrepreensível durante toda a partida, apenas um erro perto do fim que resultaria num livre perigoso quando tentava corrigir a sua própria falha. O Luisão actual merecia estar no Mundial, seguríssimo a defender, rápido (isto pode parecer uma antítese, ou simples ilusão de óptica, mas não recordo um Luisão tão veloz e assertivo) nas dobras e insuperável pelo ar. É o grande líder do grupo e demonstra-o como sempre, dentro do campo, jogando como nunca. 4

GARAY - não se notou que vinha de lesão e vi-o na sua plenitude física, chegando mesmo a aventurar-se num contra-ataque em que ficou na cara do golo, a lembrar as cavalgadas dos bons tempos de Hélder Cristóvão ou mesmo David Luiz. Fazem falta mais centrais que tenham visão para desequilibrar partidos procurando a superioridade numérica no momento certo, não digo um Beckenbauer (o expoente máximo) mas alguém que possa não se limitar a defender. Dirão os puristas que a principal missão de um central é defender e têm toda a razão, para concretizar estão lá outros, mas em determinados jogos e em circunstâncias momentâneas, um central inteligente e com bom toque de bola pode ser decisivo. Não sei se Garay alguma vez será esse central, mas o que o argentino demonstra é que um seguro de vida para Oblak e o Benfica, perde poucos duelos e joga de forma a nunca se expor utilizando brilhantemente o seu posicionamento e antecipação. Regresso muito bom. 3

SIQUEIRA - está agora numa excelente forma física, rapidíssimo e de boa técnica, Siqueira não descura as tarefas defensivas mas é ofensivamente que se destaca. Tem toque de bola de tecnicista e não gosta de jogar feio (o que por vezes o deixa em situações embaraçosas), é um lateral esquerdo de eleição. 7M é muito dinheiro mas eu accionava a cláusula e contratava-o já. 3

FEJSA - o sérvio voltou a fazer um grande jogo, se não fosse o golo de Luisão teria-o eleito man of the match. Teve um erro cedo e foi amarelado (justamente) por isso, ainda assim mostrou uma força física e disponibilidade impressionantes. Nos duelos mais intensos raramente Fejsa perde uma bola, corre o meio campo todo e pressiona toda a gente sem nunca dar uma bola por perdida. E como já disse noutras vezes parece-me ter melhor critério no passe (e melhor técnica) que Javi Garcia. Mais discreto que um Enzo Pérez mas super eficiente, este sérvio "descoberto" na Grécia tem marcado pontos na equipa e no coração dos adeptos. Sem ninguém se aperceber, Fejsa é hoje o Pulmão do Benfica. E que pulmão! 4

ENZO - se Fejsa é o Pulmão, Enzo é o Coração. Em centros de terreno por vezes labirínticos, El Principito descobre sempre a saída, empolga as bancadas com as suas mudanças de velocidade e direcção e é ele quem gere a dicotomia defesa/ataque de toda a equipa. Hoje não cheirou o golo, mas nota-se, até nos adversários, um respeito enorme por uma das grandes figuras do Campeonato 13/14. 3

GAITÁN - o canhoto argentino tem sempre uma delicatessen no seu arsenal para nos oferecer e junta a isso um espírito de sacrifício notável, que o tornam num dos maiores destaques deste Benfica, cuja imagem assenta perfeitamente a Nico Gaitán: um maestro de fato-macaco. 3

MARKOVIC - o sérvio d'Ouro esteve apagado hoje, não se viram as acelerações brutais nem as diabólicas diagonais. Apesar do menor fulgor, Markets cumpriu tacticamente num jogo com pouco brilho. 2

RODRIGO - quando se lançou na direcção da baliza do Estoril ainda no seu meio-campo houve ali um déjà-vu fenomenal. A cadência, a potência na condução de bola deixando adversários a "milhas" no seu "solitário" percurso até ao golo deu-me um vislumbre do grande Ronaldo Fenômeno. Não terá a mesma ponta de velocidade do mito Ronaldo Nazário, mas há ali uma mudança de velocidade da engrenagem fenomenal que recorda os bons velhos tempos do brasileiro. Nesse lance acabou por falhar (remate de pé direito...) mas já havia feito um belo golo de primeira (de pé esquerdo). Pode ser um dos '9' que vão marcar o futebol europeu na próxima década, faltam-lhe "só" mais golos e mais eficiência. Correu bastante e vimo-lo pelo enésimo jogo a dobrar colegas defensivamente (em quantos e quantos lances de contra-ataques adversários já vimos Rodrigo a fazer sprints brutais e aparecer na nossa área ?) mostrando o seu fulgor físico actual. Depois de um início de época horroroso (até ao golo de Bruxelas ao Anderlecht) desfrutemos do melhor de Rodrigo Moreno. 4

LIMA - quando desperdiçou uma oportunidade de golo no minuto inicial veio-me à mente a sua desinspiração dez meses antes frente a este mesmo adversário (desperdiçando 3 golos cantados nos primeiros 20 minutos). Voltou a falhar um golo mais tarde e a concretizar um numa bela jogada colectiva do Benfica, mas foi-lhe anulado o festejo num offside muito mal marcado. Apesar disso Lima nunca vira a cara à luta e o seu esforço incansável merece o meu respeito. E o de JJ também, porque quando tira um dos dois avançados...normalmente Lima fica em campo. 3

SALVIO - vai acumulando minutos na procura da melhor forma, hoje teve menos destaque (apesar de ter contado mais minutos) e apesar de alguma desconexão com a equipa, parece-me estar fisicamente quase na plenitude. Talvez o vejamos a dar cartas em White Hart Lane, palpita-me... 2

RUBEN AMORIM - gosto da forma entusiasmada como entra sempre em campo, procurando emprestar alegria e soluções à equipa. Hoje teve poucos minutos e pouco destaque (recordo uma perda de bola infantil e perigosa) mas é claramente o 12º jogador do plantel. Penso que em determinados jogos (se calhar já 5ª feira) a sua titularidade pode ser importante (como já o foi este ano, em Atenas por exemplo). 2

DJURICIC - segundos em campo e não sei se terá tocado na bola... Custam-me estas substituições em período de descontos, e Djuricic ainda recentemente passou por isso, mas nem chegando a entrar, visto que o jogo terminou com o sérvio já na linha lateral preparado. Eu sei que o que interessa é o Benfica e os interesses da equipa, mas um pouco de pedagogia nestas situações não prejudicava... Não tenho grandes expectativas com o contributo de Filip Djuricic no que resta da época (oxalá me engane e pelo menos nas taças ele ainda dê um ar da sua graça) mas espero que a próxima seja a da sua afirmação. A Djurici ainda lhe falta o click. -

Man of the match: Luisão.


P.S. - Jesus picou (ou sentiu-se picado, não sei) Marco Silva no final dizendo que o Benfica podia ter goleado (e podia!) e que estava à espera deste Estoril. Não gostei. Não gostei porque o Estoril foi uma senhora equipa e merece a honra dos vencidos, e porque não vi Jesus ter afirmações ácidas destas quando defrontámos espécies de treinadores adversários que nada acrescentam ao futebol português e que se limitam a perder por poucos prejudicando fortemente o espectáculo. Não sei se foi o ego de JJ a responder ao maior destaque dos media ao jovem treinador estorilista ou apenas a defesa do poderio actual do Benfica, espero que tenha sido a segunda, mas acho que foi a primeira. Mister se é para mandar bocas escolha melhor os adversários: os nossos rivais!

P.S. 2 - houve um golo muito mal anulado ao Benfica (seria o 3-0 e o fim do jogo) mas antes houve também um offside mal tirado (este foi no limite) ao Estoril com o resultado em 2-0. No caso de Lima foi golo, no do Estoril, apesar da oportunidade ser prometedora, não se pode falar em certeza de golo.

sábado, 8 de março de 2014

Jorge Van Der Jesus

(1) - Tinha o futebol na cabeça, não tanto no método...
(2) - É muito exigente, sabe muito, quase tudo ou pensa que sabe tudo mas é a sua maneira de ser. O desgaste é muito grande, 5 anos com um treinador é muito, 5 anos com ele...é impressionante.
(3) - A nível individual, podes ter-te sentido decepcionado, às vezes humilhado, porque ele é extremista, levava toda a gente ao limite e quem não aguentasse essa pressão não servia para a sua equipa.
(4) - Conseguimos muito mas podíamos ter conseguido muito mais...se ele fosse menos rígido.


Estas frases são de 4 jogadores que treinaram durante 5 anos com o mesmo treinador. Conseguem adivinhar os nomes (do treinador e dos jogadores) ? Para  o treinador em causa havia dois tipos de equipa: as que jogam apenas tendo em vista o resultado e as que rendem um sensacional jogo de ataque.

Já os jogadores em causa eram titulares indiscutíveis com esse mesmo treinador, e foi sob o seu comando que viveram os melhores períodos das suas carreiras. Curioso, não ?



Ninguém pode acusar Jorge Jesus de ser um treinador defensivo ou de não procurar sempre golos e espectáculo, mas também salta à vista a enorme exigência e constante concentração exigida aos seus atletas, por vezes de forma "vulcânica" e pouco estética. Ter os seus jogadores em constante estado de alerta, corrigir posições, movimentos e bolas paradas são o prato do dia de Jorge Jesus. Alguém disse que o trabalho durante a semana é 70% mérito do treinador e 30% dos jogadores; no dia de jogo essas percentagens invertem-se: 70% jogadores/30% treinador. Mas Jesus parece não querer resignar-se nunca a esses "míseros" 30 e está sempre a um pequeno passo de entrar em campo e fazer um corte, um passe, um golo ou uma desmarcação.

Eu concordo com aquelas percentagens, e também acho que o resultado de um desafio é trabalhado toda a semana e não só nos 90 minutos: treina bem que jogarás melhor. A exigência no trabalho é um critério fundamental para o sucesso, mas o bom senso, a adaptabilidade ao meio e às circunstâncias não podem nunca ser ignoradas. Os jogadores não são máquinas infalíveis e convém não desgastá-los com repetições e rotinas muito além da compreensão, mas um treinador também não deve (ou não pode) ser um irmão mais velho, as distâncias, a hierarquia não se pode perder nunca, sob perigo de isso desequilibrar todo um grupo de trabalho.

Se estão curiosos para saber os nomes dos jogadores e treinador vejam o pequeno documentário abaixo. Imperdível!

Parte 1


Parte 2






(1) - Andoni Zubizarreta
(2) - Michael Laudrup
(3) - José Maria Bakero
(4) - Guillermo Amor

O Jorge e o Jesus

«Nota Prévia: Da mesma forma que lhe aponto todas as qualidades que tem quando o critico, não me esqueço dos erros e dos problemas que apresenta ano após ano quando o elogio.


O Jorge Jesus é um Treinador incrível. O Jorge Jesus tem qualidades nalguns momentos do jogo que pouco se vê na Europa do Futebol. O Jorge Jesus sabe de Futebol como muito pouca gente e as suas equipas taticamente são simplesmente soberbas.

O Jorge Jesus erra ano após ano na gestão, nas teimosias épicas e na facilidade com que se incompatibiliza com alguns jogadores. É uma besta na forma mas não o é no conteúdo, ou seja, refila de forma ridícula com os seus jogadores não sabendo que alguns reagem de forma diferente de outros, mas o porquê desse "refilanço" é sempre bem visto, é sempre válido.

O Jorge Jesus parece todos os anos que vai partir a corda, que já não vai ser a mesma coisa, que já não vai dar outra vez, mas depois recupera SEMPRE a equipa... é incrível... Esse trabalho este ano parecia impossível, parecia que ninguém seria capaz de recuperar uma equipa que perde tudo nas finais do ano passado, que regressa com uma derrota e que parece mais apática que nunca...

O ciclo tinha de facto acabado (continuo a achar o mesmo) mas ele respondeu de forma categórica com uma equipa a crescer e a tornar-se novamente demolidora. Uma equipa que é das que melhor defende na Europa com poucos jogadores (como ele em tempos disse, defender com muito é fácil... difícil é defender com pouco), uma equipa que não deixa o adversário respirar e que tem movimentações muito bem trabalhadas e difíceis de parar, que tem processos bem conseguidos e que fazem alguns jogos parecer mais fáceis do que realmente são.

Nunca pensei que ele conseguisse recuperar uma equipa que ele próprio esgotou, que ele próprio não conseguiu conduzir a títulos na época passada embora tenha chegado às decisões todas (exceto Taça da Liga).

Provou que merece o nosso apoio incondicional até final da época, foi criticado por muitos e todos lhe escreveram um autêntico Requiem (eu incluído), mas a verdade é que a corda esticou mas voltou a não partir e parece ter engrossado mais que nunca. Grande trabalho.

Muitos (ou quase todos) os problemas do Jesus surgem de um excesso de poder que é culpa da estrutura onde está inserido. Assim sendo, se alguma corda tiver que partir que não seja a dele, o trabalho apresentado depois de um péssimo momento merece toda a confiança e apoio para avaliarmos os sucessos ou insucessos no final desta época.
Os enormes vêem-se nas más fases e o Jesus recuperou um Benfica que parecia destruído mentalmente. Grande trabalho e os meus sinceros Parabéns.

Agora? Agora é continuar e espero poder festejar no Marquês em vez de só reservá-lo para depois não aparecer (coisa de rico como fazem os Abramovich's quando reservam restaurantes inteiros e almoçam no iate).»



Texto retirado do blog http://gordovaiabaliza.blogspot.pt/2014/02/jorge-jesus-mao-palmatoria.html  os negritos são da minha autoria.

Copiei este texto porque o acho um perfeito exemplo do trabalho de Jorge Jesus. Fui contra a sua entrada em 2009, mas no final da 1ª jornada (e depois de um empate em casa - !!! - frente ao Marítimo) estava rendido. Desde essa data apoio-o e acho que é, de longe, o melhor treinador que tivemos desde Sven Goran Eriksson. Tem falhas ? Tem. Erros ? Alguns. Mas tem também virtudes e competências que tornam o balanço das suas capacidades claramente favorável.

Acho que a sua principal falha reside na comunicação: com os media e com os atletas. Falta-lhe aquela pontinha de astúcia e sagacidade (vulgo mind-games e/ou capacidade de motivação) que demonstra tantas vezes dentro do terreno de jogo. A treinar Jesus deve estar entre os melhores do Mundo, já a passar a mensagem está longe de figurar em qualquer ranking de destaque. JJ subiu a pulso, nunca teve "cunhas" nem "padrinhos" no mundo do futebol, talvez isso tenha ajudado ao seu ego desmesurado, mas a verdade é que o homem apresentou trabalho em inúmeros clubes.

O treinador contemporâneo não pode ser apenas um Mestre da táctica, é preciso ser também um Mestre da câmara e um Mestre das palavras, saber conjugar o técnico-táctico com o emocional, retirar mais dos jogadores não só aprimorando o treino mas apelando também ao psicológico. Como futebolista digo há muito que o estado psicológico é no mínimo tão importante quanto o físico, quando um jogador está bem, feliz, motivado, rende muito mais (mesmo que o seu estado físico não esteja na plenitude. Já o contrário não acontece: um jogador pode estar nos píncaros fisicamente que se tiver algum "problema" emocional, não renderá. Ou pelo menos ficará aquém do seu real valor.

Como disse uma vez António-Pedro Vasconcelos, o Jesus «sabe de futebol para encher uma enciclopédia, e sabe coisas que não estão nem nunca estarão em nenhum livro». Mas hoje em dia isso per se não chega, há que estar atento a todas as vertentes do futebol, do futebolista e do grupo.

Se calhar é fácil "escrever bem" de JJ agora, mas eu sempre fui seu defensor e este Benica 13/14 até me parece o que menos se ajusta ao meu gosto pessoal (pouco espectacular e poucos golos) tendo uns míseros 38 golos marcados em 21 jornadas do Campeonato (os golos do Benfica de Jesus à 21ª jornada: 51 em 12/13; 49 em 11/12; 44 em 10/11; 56 em 09/10), o seu pior registo.

Há ainda muito Campeonato pela frente e quatro provas em disputa e se este Benfica não empolga como outros (pela ausência de vertigem e espectacularidade à la rolo compressor) também é verdade que esta equipa é muito sólida e difícil de bater, portanto apesar de as perspectivas serem positivas ainda falta...tudo.


domingo, 2 de março de 2014

Agridoce

Ponto 1 - o Benfica foi a única equipa que mereceu ganhar;

Ponto 2 - há um golo incrivelmente mal anulado ao Belenenses que lhes daria o empate a cerca de quinze minutos dos 90;


O Benfica continuou a senda de bons resultados (voltando a não sofrer golos, é já a defesa menos batida da prova: 13 golos sofridos em 21 jogos) batendo o Belenenses por 0-1 no Restelo. Mas jogou "pouquinho". O jogo vale pelos 3 pontos e pela (enésima) genialidade de Gaitán. No dia de aniversário de Lazar Markovic, o argentino Nico Gaitán teve uma arrancada brutal e culminou-a com um chapéu soberbo. Estavam decorridos 7 minutos de jogo.

O golo parece ter transmitido um excesso de confiança aos jogadores, é verdade que o Belenenses nunca esteve perto de marcar ou assustar sequer, mas o Benfica "pôs-se a jeito". O adversário deu o que tinha: suou, correu e nunca virou a cara à luta. Já o Benfica procurou resguardar-se e terá tentado proteger um resultado magro cedo demais.

Houve muita entrega de ambas as equipas, mas ao Benfica exigia-se muito mais. O segundo golo tardava em aparecer e os abnegados atletas do Belém fizeram das tripas coração para não perderem este jogo. Marcaram mesmo um golo, muito mal anulado por offside inexistente. O erro é tão gritante que o fiscal de linha dá a sensação de ter levantado a bandeira por reflexo, e muito depois do lance ocorrido.

Gosto que o Benfica vença e bata recordes (neste caso defensivos) mas vencer assim com um erro grosseiro que nos beneficia é horrível (nem consigo imaginar o que alguns portistas "a sério" sentirão com 30 anos de coisas assim...) e deixa-me um sabor amargo na consciência. Sim, o Belenenses não mereceu vencer, mas a displicência dos benfiquistas talvez merecesse o castigo do empate, empate que talvez também fosse um prémio justo à enorme luta dos homens do Restelo.

Na 1ª volta perdemos 2 pontos na Luz, frente a este Belenenses com o golo deles em offside, mas nem isso apaga a sensação estranha e agridoce dos 3 pontos de hoje: sim vencemos, não, não estou contente. Do jogo gostei de muito pouca coisa, além do génio de Gaitán pouco mais há a realçar. Gostei muito das declarações finais, sobretudo dos homens do Restelo. Tanto o treinador como o jogador do Belenenses não fizeram um choradinho com o lance e procuraram realçar o sacrifício e bom trabalho da sua equipa. Passar um jogo inteiro dominado pelo Benfica e depois vir "chorar" de uma semi-oportunidade de golo mal anulada parecer-me-ia exagerado. O Belenenses correu mas nunca esteve perto de incomodar o Benfica, portanto a vitória seria sempre uma miragem, mas pelo fair-play demonstrado no final a minha vénia.

Também gostei das declarações de Jesus nessa mesma flash-interview porque resumiu exactamente aquilo que eu pensei: a equipa não sofre golos e às vezes demonstra excesso de confiança que nos pode sair caro. Não custou hoje, mas... Só gostava que Jesus tivesse também dito claramente que o golo do adversário era legal, só lhe ficava bem. Apesar de ter "contra-atacado" com o offside da 1ª volta que nos roubou 2 pontos (e essa referência, no fundo, admite o erro que hoje nos beneficiou) não custava nada dizer que hoje havia sido beneficiado. Era uma lufada de ar fresco no Futeluso e uma chapada de luva branca em muita gente.

Faltam 22 pontos. (mas depois do que vi hoje....22 pontos são uma enormidade ainda)

sábado, 1 de março de 2014

Cuidado, o Benfica está em campo!

A grande "novidade" nos últimos tempos do Benfica tem sido a coesão e solidez da equipa principal de futebol. Noutros tempos, o Benfica tinha que jogar o dobro (no mínimo) dos adversários para vencer, e quando tinha um dia mau...raramente conseguia os 3 pontos.

Hoje por hoje, este Benfica parece uma máquina: joga sempre igual, não permite veleidades a ninguém e despacha adversário atrás de adversário (com mais ou menos suor) sem precisar de dar "murros na mesa" ou recorrer à Alma. Os adversários deste Benfica terminam invariavelmente derrotados.

Isto a propósito da eliminatória com o PAOK na Liga Europa. Por cá, os "artistas" da Comunicação Social depressa saíram a terreno para escrevinhar a pequenez do adversário e catalogá-lo de fácil. Uma equipa que tinha ZERO derrotas no seu Estádio e que era a equipa mais forte do seu campeonato (depois do Olympiakos) tem que ser fraca. Imagine-se o que teriam dito se porventura esta equipa estivesse a lutar pela permanência no seu campeonato, como um Estugarda desta vida...

Portanto o PAOK era fraquinho, fortes são os adversários dos outros, os do Benfica são sempre uma m#*%a. Mas não foi isso que se viu no terreno. Tanto na Grécia como na Luz, esta equipa grega (orientada por um holandês) provou ser muito consistente e esteve longe de ser presa fácil, arrisco-me a dizer que um Benfica "pouco sério" não teria passado a eliminatória. O "azar" do PAOK foi ter embatido com um dos Benficas mais sólidos e honestos que há memória. Mesmo sem grande genialidade (exceptuando as obras de arte dos golos de Gaitán - livre numa espécie de "folha seca" - e Markovic - toque subtil a colocar o esférico longe do alcance de Glykos, que é um muito bom GR, gostei dele nos 2 jogos da eliminatória) o Benfica "despachou os gregos com um 3-0 inapelável (4-0 no total da eliminatória).

Houve mais posse de bola ainda que na Grécia (terminámos com 66%) e várias mudanças no 11 outra vez: Salvio titular pela primeira vez desde fim de Agosto; Cardozo, Gaitán e Garay voltavam de lesão também; Djuricic e Maxi (ausentes no último jogo frente ao Vitória de Guimarães) eram novidades e a dupla Enzo & Fejsa estava ausente.

Nada disso prejudicou a nossa equipa (talvez não tenha havido a mesma fluidez de jogo habitual) e vencemos "sem espinhas". Este Benfica 13/14 parece mesmo ter 15, 16, 17 titulares e opções para todos os gostos e feitios. Ao aproximarmo-nos das grandes decisões desta época desportiva (novamente em todas as - 4 - competições) é de realçar o pulmão da equipa e a ausência de jogadores do boletim clínico, tendo todas as armas disponíveis para vencer tudo o que está em disputa.

O momento pujante do Benfica reflecte-se nos números (líder isolado do Campeonato com 5 e 7 pontos de avanço aos 2º e 3º classificados; semi-finalista das duas Taças Nacionais; UM golo sofrido nos últimos 14 jogos; 21 jogos sem perder: 19 vitórias e 2 empates) mas não só, as raríssimas ocasiões de golo permitidas aos adversários (não sei se a média chegará a uma oportunidade de golo por jogo), a capacidade de fazer golos em todo o lado (5 de Novembro de 2013, em Atenas, é a data da última vez que ficámos em branco...e tivemos mais chances de golo nesse jogo que nos últimos 3 - PAOK, Guimarães, PAOK - por exemplo.

Nos 35 jogos oficiais desta época o Benfica só não marcou em 2 (Olympiakos e PSG, ambos fora) e perdeu ambos. A última vez que ficámos sem marcar golos na Luz foi a 2 de Outubro de 2012 (0-2 frente ao Barcelona), nas competições nacionais não ficamos sem facturar em casa desde 22 de Novembro de 2009 (0-1 frente ao Guimarães, na Taça de Portugal) e para o Campeonato, a última vez que o Estádio da Luz não gritou «goloooo» foi a 11 de Abril de 2009 (0-1 frente à Académica de Coimbra).

Portanto o Estádio da Luz é mesmo sinónimo de golos (menos golos esta época é verdade...) o que ajuda a que Jorge Jesus tenha uma percentagem de vitórias de cerca de 70% (na totalidade dos jogos disputados) e que esses números nos coloquem no 6º lugar do ranking europeu neste momento (somos Pote 1 da Champions novamente).

Com tanto número faltam os mais importantes, os títulos: o 33º de Campeão Nacional e o 25ª da Taça de Portugal. Ainda falta a parte mais decisiva da época, estes números voltarão a ser meras estatísticas positivas se no final não se levantarem "canecos". As perspectivas deste ano voltam a ser boas (já o foram noutros anos e até com um futebol mais avassalador) mas se a confiança aumentou ultimamente, isso deve-se sobretudo a fiabilidade deste Benfica, o motor nunca "engripa" e as válvulas estão sempre afinadas.

Conclui-se que ter este Benfica como adversário é um perigo: tem-se quase a certeza absoluta que se vai sofrer golos (pelo menos um) e é muito, muito difícil conseguir marcar (ou estar perto disso sequer).

P.S. - o Benfica vai discutir a próxima eliminatória da Liga Europa com o milionário Tottenham (a equipa que mais gastou em toda a Europa no último defeso) a 13 e 20 de Março. Pelo meio (Domingo 16 ou Segunda-feira 17 de Março) há uma deslocação fundamental à Choupana para defrontar o Nacional da Madeira. Crucial porque se joga um Sporting-Porto nessa jornada e porque, por norma, o Benfica sente dificuldades para vencer naquele campo e o Nacional está a fazer um belo Campeonato. Jogando a 2ª mão na Luz a 20 de Março, o Benfica deveria jogar a 17 na Madeira mas palpita-me que pode haver marosca para que se jogue a 16... Ainda assim, recordo uma situação similar em que jogámos nesse mesmo campo no meio duma eliminatória com o Marselha e tivemos duas vitórias épicas, oxalá se repita, a chave do sucesso do Campeonato (e da Liga Europa também!) pode passar por esta semana 13-20 de Março.