terça-feira, 21 de janeiro de 2014

E o burro sou eu ??

«Estamos a 3 pontos devido a uma arbitragem escandalosa e vergonhosa» Pinto Costa 16.01.2014

«Na...os árbitros já não ligam a isso. Estar sempre a falar de árbitros, além de ridículo é estúpido. Portanto, como há muito estúpido vai-se continuar a falar» Pinto Costa 14.12.2012

http://www.frequency.com/video/so-os-burros-falam-de-arbitragem-vieira/91235842/-/5-915632


Um ano é muito tempo...mas a verdade é que à declaração de 14 de Dezembro bastou um mês (13.01.13) para que as palavras "calassem fundo" e ouvissemos o seu autor (e o seu então treinador) palrarem nos corredores da Luz após um empate (2-2) frente ao Benfica. Nesse dia, e como o empate foi muito melhor do que se estava à espera (o Benfica vinha esmagando todos os adversários e exibindo excelente nota artística ; ao passo que o Porto vivia um período depressivo de fraco futebol apresentado) os artistas-do-vaticano-azul-escuro "desfilaram" na Luz procurando os holofotes, atraídos subitamente por todas as câmaras e microfones. Nada como desfilar as vestes e exibir a (pouca) massa encefálica depois de escapar vivo do terreno do maior adversário.

Entusiasmados com a não-derrota, as mentes captas viveram os seus 15 minutos de fama vociferando tudo o que lhes deu na gana, ou melhor, repetindo a Cartilha-da-Corrupção que durante décadas foi provocando sorrisos nos idiotas úteis e náuseas em quem quer o desporto limpo e justo.

Um ano depois, e vergados à derrota (2-0) e a uma superior exibição dos encarnados...pufff, temeram os holofotes e fugiram o mais depressa possível de todo e qualquer microfone. As conferências de imprensa do Porto, em dias de derrota, são cópias perfeitas umas das outras: por norma são conferências-relâmpago, duram escassos minutos, têm pouquíssimas perguntas e respostas quase mono-silábicas. Nessas alturas de derrotas claras não vemos o sr. Costa pavonear-se para as câmaras (nem abre o bico...), tivessem eles ganho e até na sala de imprensa da Luz o Papa se teria apresentado (e nem seria inédito, relembremos o 0-1 do golo de Petit anulado por Benquerença e o bate-boca pindérico com Nuno Gomes).

Desta feita fugiram com o rabinho entre as pernas poupando-nos às bacoradas do costume. Ou pelo menos assim pensámos nós, face à unanimidade da justeza do desfecho final. 4 (!!!!) dias depois (esperou pelo desfecho do jogo da TL frente ao Penafiel, não fosse a coisa correr mal ??) , o ex-corrupto (risos) abriu o manual-da-corrupção na pág.23 e disse a mesma trampa de sempre, sendo que desta feita já poucos o levaram o sério (até nas suas hostes foi lamentada a esterilidade do "documento" - e sim, aquela cartilha já é uma história antiga...).

Mas ainda há quem queira ser mais papista que o papa (como se isso fosse possível!), por exemplo um avençado do Jornal Oficial Grémio Olival rabiscou o seguinte:


Não seria difícil a este último agarrar-se à infelicidade de um lance ou outro, ou até à contabilidade da arbitragem, para sugerir que a derrota foi acidental, mas as várias derrotas acidentais que o FC Porto teve esta época foram diferentes desta. Na Liga dos Campeões, Fonseca conseguiu, apesar de tudo, extrair da equipa um espírito e uma continuidade de jogo que não se viram na Luz nem, há duas semanas, em Alvalade.

Retenho a infelicidade de "um lance ou outro", na verdade o Porto teve UMA chance de golo, aos 45', infelizmente foi em offside (não assinalado). E depois, a medo, no meio da "prosa", uma referência à "contabilidade da arbitragem", dando a entender que o saldo seria negativo às suas cores. Nada de enumerar essa "contabilidade", porque o desempenho já havia sido embaraçoso o suficiente para se meter em guerras que nem o próprio líder azul e branco havia arriscado (escreveu antes da "entrevista" pacificadora), e as contas podiam-lhe sair furadas...

Dias depois, volta à carga, já "confiante" pelo ok norte-coreano:

Emendou ainda os pruridos de Fonseca na Luz a respeito da arbitragem e o hábito recente do FC Porto de pôr a autocrítica à frente da oportunidade de pontuar no nosso popular campeonato das culpas da arbitragem.

Portanto, agora já eram "pruridos de Fonseca", quando toda a gente calou o bico perante a superioridade do Benfica (incluindo ele) no Clássico. E achei piada à referência à autocrítica...


A entrevista de Pinto da Costa não podia ser mais cristalina quando afirmou que se o Porto ficar em terceiro, Paulo Fonseca renovará contrato, mas disso ninguém parece ter dado conta. Disso e da lata em falar do jogo com o Estoril, onde viu Otamendi ser perdoado a uma expulsão clara que deixaria os portistas 60 minutos com menos um jogador... Que o clube condenado por corrupção desportiva e seus dirigentes sejam cegos, parciais e mentirosos tudo bem, mas que a suposta Comunicação Social portuguesa se comporte como o burro atrás da cenoura...isso já me parece pouco sério e uma tentativa soez de envenenar a opinião pública.

Tudo isto me faz lembrar o mais famoso devoto da Sra do Caravaggio, E o burro sou eu ??

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Época 2013/2014: opinião sobre a primeira metade

A época 13/14 começa ainda sobre o espectro do pesadelo vivido nos últimos jogos da temporada anterior, os adeptos estão descrentes e a equipa não galvaniza. Nas pré-épocas do Benfica é comum ver-se uma euforia generalizada com as expectativas de toda a gente em alta. Em Julho/Agosto o céu é o limite. Nesta pré-época não se viu nada disso, observámos uma equipa tristonha e um pouco à deriva.

Viveu-se um tempo estranho, o Benfica não tinha uma voz de comando nem um caminho bem definido. Aquele que vinha sendo o maior "gestor desportivo" do Benfica nos últimos anos - Jorge Jesus (para o bem e para o mal) - parecia também anestesiado e a derrota na 1ª jornada do Campeonato foi quase esperada (6 meses depois é ainda a única em provas nacionais).

Depois de 3 pontos "jogados fora", soou o alarme (tarde!) e Luís Filipe Vieira deu uma boa entrevista esclarecendo muita coisa e acalmando as hostes. O Benfica continuou a jogar pouco (só perto do final do ano civil arrancaria as primeiras grandes exibições, em Atenas e no derby da Taça de Portugal) mas foi-se mantendo perto da liderança da Liga.

Vários jogadores-chave apresentavam-se muito longe do exibido na época passada (Garay, Matic e Lima por exemplo) e a equipa tardava em transmitir confiança e esperança aos adeptos (o número de espectadores na Luz era a prova disso - apesar de liderarmos assistências...). Em contraste com o fraco desempenho no jogo jogado, havia altíssimas expectativas por parte da administração que sonhava com a final da Champions no Estádio da Luz e que, pela voz do Presidente, considerava este «o melhor plantel dos últimos 30 anos». Alguma coisa não encaixava...

Eu considerei este o melhor plantel dos últimos 20, com soluções para todo o género e feitio e com uma série de jogadores fabulosos. Ora sendo este o melhor plantel da era Jesus, porque exibíamos então o pior futebol (de longe) dessa mesma Era ?? Jesus parecia ser o denominador comum e o "culpado" mais óbvio.

Mas há outros aspectos a considerar, desde logo o "melhor plantel". O jogador em melhor forma durante toda a pré-época chama-se Toto Salvio. O único extremo que é capaz de ir à linha de fundo e ao mesmo tempo apoiar defensivamente. O nosso extremo mais desequilibrador está lesionado há 5 meses (desde a 3ª jornada em Alvalade) e não há ninguém com as suas características...

Depois há ainda o melhor marcador estrangeiro da História do Sport Lisboa e Benfica: Oscar Cardozo. Depois de um defeso em que encheu capas e capas de jornais e em que a sua saída esteve iminente, o paraguaio acabaria por permanecer entre nós (mas sem pré-época feita). Em boa hora Vieira não cedeu à pressão de "vender de qualquer maneira" e, não existindo nenhuma proposta que correspondesse às expectativas do Benfica, Cardozo estava de volta ao grupo.

Portanto, este grupo estava órfão não só do melhor extremo mas também do melhor marcador. Assim talvez se perceba melhor a escassez de golos mas não serve de desculpa para o fraco rendimento defensivo.

Cardozo ainda demorou a ficar em forma e a começar a facturar, mas quando o Tacuara encontrou o caminho das balizas contrárias, os golos e boas exibições sucediam-se. Foi neste altura, para mim o melhor momento de forma de sempre de Oscar Cardozo, que o paraguaio se lesionou (4-3 frente ao Sporting na Taça de Portugal) e continuou de fora até hoje...(voltará frente a uma das suas vítimas preferidas na 18ª jornada ??)

Com a subida de forma de Matic & Enzo Pérez o rendimento da equipa melhorou e defensivamente tivemos uma melhor estabilidade. Mas a verdade (e contrariamente a outras épocas) é que continuávamos sem ter um 11 base e íamos alternando a nossa estratégia e os nomes que a compunham. Houve a questão das laterais (Cortez é um erro de casting), Siqueira e Sílvio tiveram lesões arreliadoras logo de início, e Maxi teimava em estar longe do fulgor exibido noutras alturas. Restava André Almeida, que tem - misteriosamente para mim - jogado pouco esta época.

Na frente tivemos um Lima batalhador mas com uma eficácia muito pequena e a milhas da época passada; e Rodrigo fez um primeiro terço de época desastrado, a roçar a vulgaridade. No último mês e pouco Rodrigo tem feito inúmeros golos e boas exibições, parecendo retomar a forma que o notabilizou entre nós. E talvez por isso se volte a falar na sua venda....

Outra incógnita para mim é o desaparecimento do outro André (Gomes) da equipa e até das convocatórias. Um jovem jogador que na época anterior foi titular em Nou Camp e Alvalade, nunca se intimidando e arrancando belíssimas exibições, está esta época arredado da equipa principal. Apenas na equipa B se vai mostrando, invariavelmente com grandes exibições e golos...

Tal como Rodrigo, também se fala na venda de André Gomes (por 15M), o que me parece absurdo, apesar de quinze milhões serem um bom negócio. Mas trata-se dos poucos portugueses de nível do plantel e com potencial para se afirmar na equipa A e mesmo na Selecção Nacional.

Quando Javi Garcia foi vendido, o espanhol disse que dentro de pouco tempo os beniquistas se esqueceriam dele porque ficava Nemanja Matic. Pois bem, a profecia do espanhol cumpriu-se e no momento da saída, Matic disse algo parecido acerca de André Gomes «vai ser o melhor médio do Campeonato».Depois da saída do melhor jogador do plantel (Matic) parece-me ridículo que se equacione a saída de André Gomes, mais do que a sua pouca utilização na equipa principal.

E sem Matic, o Benfica vê-se neste momento privado, provavelmente, das suas 3 pedras mais influentes: Matic, Cardozo e Salvio. Coisa pouca...  Mas falemos de Matic e da sua venda. É ponto assente que vendemos o melhor jogador do plantel e é claro também que 25M (ainda que a pronto pagamento) é um valor muito aquém do nível do sérvio. A sua cláusula era de 50M, valor que Vieira exigiu no Verão (e houve ofertas bem acima de 30M...), portanto o que levou o Benfica a abdicar, no máximo de 25M e no mínimo de 10M ??

Diz-se que a saída da Champions League ditou esse destino, mas que eu saiba, o apuramento para os oitavos de final rendia menos de 10M (apuramento + bilheteira). Para obtermos 25M na Champions...só vencendo a competição. Parece-me claro que a tesouraria precisava de mais que os valores de passagem aos oitavos de final da Champions...

Houve um grande esforço financeiro no defeso passado para não se vender ninguém importante, tudo bem, mas a gestão da venda de Matic parece-me péssima. Desportiva e financeiramente! Muito mal têm que estar os cofres da Luz para ter sido tomada esta decisão. Matic vale muito mais que 25M, e no final da época o sucesso desportivo (mais provável com Matic em campo) poderia catapultar o sérvio para valores bem mais condizentes com o seu real valor. Portanto o Benfica hipoteca algum do seu sucesso desportivo por 25M...viva o sucesso económico do Clube.

Eu sei que um clube como o Benfica não pode viver acima das suas posses, e que, supostamente, Matic teria feito alguma pressão para sair já, mas será que não há ali um "gestor" desportivo e/ou financeiro que saiba ler esta situação e procurar a melhor saída para o Benfica ?? O Matic, que não pode jogar na Europa por outra equipa, seria tão difícil de convencer durante "apenas" mais 6 meses ?? Conhecendo as pessoas que estão agora no Chelsea (toda a entourage Mendes & Mourinho) não me custa a acreditar que tenha havido pressão "inglesa" para Matic sair já...mas é assim tão imprescindível para eles ?? Mourinho já deitou a toalha ao chão na Champions (visto não poder utilizar o sérvio) ??

Tudo isto não passam de especulações, mas a verdade é que o Benfica não tomou (ou não soube tomar) uma medida de força nesta negociação, estaremos mesmo fragilizados financeiramente ? É que continua-se a falar de outras vendas (Garay, Rodrigo, André Gomes) e de muitos milhões...afinal de quantos milhões necessitaríamos se tivéssemos permanecido na Champions ? Enfim..

Sobra para o mesmo de sempre...o treinador Jorge Jesus (o ás de trunfo da "gestão-SLB" ou sr 200M como lhe chamam os tecnocratas do Clube) que pela enésima vez não se queixou e disse já que vai encontrar soluções dentro do plantel (A e B). Um treinador assim é o sonho de qualquer gestor económico: trabalha "pedras" e transforma-as em diamantes.

Na verdade, o trabalho de JJ é esse, encontrar soluções para as vitórias, e se não podemos caçar com cão... Resta-nos esperar que mestre da táctica saiba capitalizar a muita matéria-prima do CFC e "espremer" o máximo dos craques que por cá continuam. Porque até aqui, e com tantas contrariedades o Benfica lidera isolado o Campeonato, é a única equipa apurada para as meias-finais da Taça da Liga e está nos quartos de final da Taça de Portugal (visita o Penafiel).

Na Europa foi eliminado da Champions com 10 pontos (pontuação suficiente em mais de 80% dos casos para seguir em frente) e está nos 1/16 da Liga Europa (frente ao PAOK). Portanto e face a tudo o que já se passou esta época (sobretudo o primeiro terço) a equipa parece estabilizar e crescer nesta fase crítica, veremos se há estofo de Campeão entre os nossos, porque de sacrifício e solidariedade já são eles vencedores. Termino com um excerto do Tertúlia Benfiquista, que me parece resumir na perfeição o que foi esta primeira metade da época (as palavras são do Gonçalo, a.k.a. D'Arcy):

«Debaixo de constantes críticas da imprensa e dos seus próprios adeptos, a ter que superar a carga psicológica negativa do terrível final da época passada, com diversos jogadores fulcrais indisponíveis por lesão, com o treinador suspenso durante um mês, o Benfica foi a melhor equipa da primeira volta do campeonato, mesmo que outros tenham sido os campeões das loas. Estamos em primeiro com todo o mérito, e apesar das inúmeras contrariedades que nos têm afligido»


P.S. - na 1ª volta jogámos fora no Marítimo (D), Guimarães (V), Estoril (V) e Sporting (E), 4 deslocações que considero difíceis, e ainda vencemos na Académica e Rio Ave, onde nos últimos anos temos tropeçado. Na segunda volta temos Braga, Nacional e Porto como as saídas mais complicadas, portanto acho que devíamos fazer mais pontos nestes últimos 15 jogos do que nos primeiros 15. Não podemos é perder 4 pontos (em casa!!) com novos primodivisionários como Arouca e Belenenses...

domingo, 12 de janeiro de 2014

Foi à Eusébio !!

Dizia o King «enquanto eu joguei, o Porto nem cheirou», referindo-se às conquistas de Campeonatos (inexistentes) por parte dos nossos rivais. Hoje foi mesmo assim, com 11 Eusébios em campo, o Porto nem cheirou.

Foi um jogo de grande entrega e raça dos nossos rapazes, demonstrando a garra de que é feito o Benfica. E essa foi a melhor resposta ao muito que se disse e escreveu (os ridículos pseudo-intelectuais que tentaram minorizar uma figura mítica, espantados pelo poder e impacto de um miúdo pobre da Mafalala; e também aos pobres de espírito que através de blogues afectos ao Porto gozaram, faltaram ao respeito e - como sempre fazem - insultaram os benfiquistas e tudo o que seja vermelho).

Aos primeiros, sobretudo os "jornalistas desportivos", os que diziam coisas como uma derrota do Benfica será muito difícil de superar ; ficar a 3 pontos de Porto e Sporting é um duro golpe ; Jesus tem medo ; Jesus vai mudar ; e outras balelas do futebolês, aqui fica o voto de resto de um bom Domingo e a farmácia de serviço já recuperou o stock de Rennie.

Aos outros, os idiotas úteis, os que se dizem adeptos de um clube e passam a semana a "postar" verborreia sobre o Sport Lisboa e Benfica (porque de facto eles só vêem encarnado...), a esses deixou-lhes uma citação de Maradona...

Custou-me ver e ler as barbaridades que se disseram, hoje atingiu-se mesmo a pouca vergonha de se fazer uma capa de jornal dizendo que Matic se recusara a seguir para estágio. Perdeu-se toda a vergonha e tentou-se tudo. Enganaram-se no alvo. Matic é enorme, um senhor e respondeu como sempre: em grande! dentro do campo!

A outra teoria que tentam passar por verdade (e há beniquistas a sustentarem-na) é que JJ tem medo do Porto, como antes "tinha um buraco no meio campo só com 2 médios" e ainda "não se pode jogar com 2 avançados". Pois bem, JJ respondeu no campo: com 2 médios (Enzo & Matic) e 2 avançados (Lima & Rodrigo). Resultado ? Outra dupla, de golos! Benfica - 2, Porto - 0

Jesus colocou a melhor equipa neste momento (Salvio e Cardozo fariam parte do 11 se estivessem em condições) e jogou como joga quase sempre (só muito pontualmente - por motivos de forma ou tácticos dentro dos 90 minutos ele altera o modelo de jogo). Eu, pessoalmente gosto que as pessoas tenham convicção nas suas ideias, se acreditam num modelo devem trabalhá-lo para o potenciar e não abandonar ideias ao sabor do vento. O Benica deve jogar sempre com 2 avançados ? Na esmagadora maioria dos jogos defendo que sim, aliás, se se trabalham automatismos numa táctica (e é nessa que este Benfica está formatado) não faz sentido grandes alterações em competição e com pouca convicção.

Mas não se devia mudar quando os resultados são escassos ? Sim e Não. Se os resultados não aparecem, SIM é preciso modificar algo; e NÃO, não é necessário que seja forçosamente o desenho táctico. Dentro duma táctica há vários modelos e várias sub-tácticas dentro da equipa, a forma como as várias "duplas" (a de centrais, a dos médios centro, a dos avançados, a do lateral com o extremo) se encaixam e solucionam dificuldades deve ter tanta ou mais incidência como a disposição no papel. O Benfica de 09/10 defendia com 3 (Luisão, David Luiz e Javi Garcia) e sofria pouquíssimos golos.

Mas eu nem me chateio muito com golos sofridos, preocupa-me mais poucos golos marcados, porque nós fomos, somos e seremos uma equipa de ataque, à Eusébio, à Benfica. E uma equipa que ataque tanto, ficará forçosamente mais exposta ao adversário. Não deveria então haver uma situação de compromisso, de meio termo, onde, mesmo marcando menos não passássemos por tanta exposição defensiva e ficássemos menos expostos ? A racionalidade dirá SIM, nenhuma equipa do Mundo ataca os 90 minutos sem sofrer qualquer sobressalto (nem a equipa nº1 actualmente, o Bayern), portanto seria importante dosear os esforços e as "basculações" da equipa, tornando-a menos vertiginosa e mais compacta. Pessoalmente prefiro ganhar 5-4 que 1-0, mas admito que no futebol de hoje em dia não se fazem tantos golos a todas as equipas, logo, o recato também é importante (por muito que me custe ver os nossos a "fazer posse" ou a "gerir"...).

O ataque ganha jogos e a defesa campeonatos. Tenho que concordar com a frase e ela é a maior realidade dos nossos tempos, porque antigamente era Eusébio que ganhava campeonatos... No fundo, eu acho é que jogando ao ataque estaremos sempre mais perto de poder vencer, de sermos felizes, e "jogar à defesa" é coisa do Porto. Cresci assim, a ver o Porto plantado cá atrás, cheio de defesas e trincos (todos caceteiros da pior espécie) e o Benfica a tentar com arte e engenho (o jogo bonito) derrubar aquelas muralhas de feios, porcos e maus. E enquanto vir futebol, esse sonho de que o ataque, o artista vencerá a retranca, a expectativa e o jogo desleal e feio, viverá em mim. Penso em Valdano (ou Guardiola) e Mourinho, o português já ganhou tudo em todo o lado, mas muitas vezes de forma pouca empolgante. O argentino Valdano defende a estética do futebol, defende que vencer não chega, a forma como se vence é muito mais importante para ele. Talvez os resultadistas levem campeonatos para casa, nada mais, mas os românticos, os líricos ficam eternamente na memória colectiva.

A laranja mecânica de 74 não venceu o Mundial, mas é dela que se fala e não daquela Alemanha campeã mundial. Vou sempre preferir um Messi a um Cannavaro. Um Zidane a um Materazzi. O futebol não é científico nem lógico mas nada me dá mais prazer que vencer bem, com golos e a jogar bom futebol.

O Benfica venceu bem, correu muito (Lima poderá ter passado despercebido, mas correu quilómetros) e teve uma garra incrível (à Benfica), o resto, a arte e engenho foram os mesmos de sempre, o que foi diferente hoje foram os litros de suor (e de lágrimas) que os nossos jogadores mostraram.

A garra característica de Maxi Pereira esteve presente em todos (talvez o uruguaio até se tenha destacado menos nesse aspecto hoje - vi-o lento, não está em forma o nosso Maxi, e eu que sempre quis 11 Maxi's pergunto-me hoje se Sílvio ou André Almeida não serão melhores titulares...mas o jogo de hoje precisava do nervo do Maxi, o mais raçudo do plantel) e houve uma grande entreajuda da equipa. Fiquei com um amargo de boca por JJ não ter acelerado a equipa na parte final - podíamos ter goleado uma equipa adversária desnorteada - e ter preferido segurar o resultado. Sinal dos tempos...mas continuo com saudades do Jorge Jesus arrojado e de quando a nossa equipa não tirava o pé do acelerador.

Jesus está diferente (passaram-se mais de 9 messes desde a última vez que fizemos 4 golos - 6-1 ao Rio Ave até aos 5-0 ao Gil Vicente, única goleada desta época, já em Janeiro!), a época passada ter-lhe-á tirado alguma ingenuidade e voracidade, o Benfica hoje é uma equipa cautelosa. Esperemos que isso se reflicta em títulos no final.

O Benfica ganhou hoje muito por Eusébio (pelo ambiente que ele deixou nos nossos, público e jogadores) porque a arbitragem estava instruída para que o jogo fosse marcante mas com um resultado ao contrário. Mas se a época passada teve algo sobrenatural no seu final, os deuses hoje não nos deixaram cair, e depois da mão de Mangala (lembrou-me uma do Cebola Rodriguez, nessa mesma área e que também terminou com vitória nossa) veio a mão divina esbofetear Artur Soares Dias (que inclusivé faz o gesto com o braço direito para apitar, o instinto natural, mas que depois reparou que a camisola era azul e portanto "esqueceu-se" de soprar...) através da cabeçada fulminante de Garay.

A estratégia estava bem estudada, a única (!!!) oportunidade de golo do Porto surge num offside gritante de Jackson e até ao 2-0 o árbitro tentou....depois disso "perdeu-se". Como viu que já não iria haver fruta hoje, decidiu apitar tudo e bem (falhou um penalty sobre Quaresma e uma inenarrável bola ao solo). De resto expulsou bem a simulação de Danilo e apita a falta de Matic (levou amarelo) sobre Quaresma bem antes de a bola chegar a Jackson (que no instante da falta dura nem se sabia onde iria cair a bola). Mas garanto-vos que se o resultado fosse apenas 1-0 aquelas quedas portistas na nossa área tinham dado um ou dois penaltys para eles (vide épico Braga-Guimarães da época 09/10). Como o Porto já não chegava lá tentou não prejudicar muito a nota do observador e apitou sem estratégia (e sim, este Artur portista é filho de outro portista, árbitro e de mesmo apelido, a família Soares Dias há muito vem manchando a verdade desportiva deste país com desastrosas arbitragens).

No jogo jogado gostei do passe sublime (foi mais que perfeito) de Markovic no 1º golo, é um golaço de Rodrigo mas fiquei de tal forma impressionado com a assistência que o Mundo parecia ter parado naquele segundo e que o consequente golo foi apenas um resquício bonito da genialidade do sérvio. O espaço era curto, a velocidade dos jogadores em movimento era muita e Markovic coloca a bola de forma incrível (na trajectória, na velocidade imprimida, no sítio perfeito para ser rematada de primeira e em corrida) e com uma souplesse desarmante. Valeu Marko! (gostei quando te "apresentaste" ao Quaresma).

Rodrigo perderia um golo isolado na segunda parte (ok, foi com o pé direito, mas um toque mais subtil, menos forte teria resultado no 3-0) e Enzo idem. Matic (será que era ele ? não se tinha recusado a ir para estágio ?) foi o Matic de sempre: um monstro do futebol! Arrisco-me a dizer que com Matic o título não escapa, sem ele...também não (mas é muito, muito mais difícil), preferia vender Rodrigo e Gaitán (dois excelentes jogadores que gosto muito) a perder o sérvio, mas segundo as últimas notícias Nemanja Matic vai mesmo sair este mês...  Eu sei que o Benfica precisa de dinheiro, mas será que o título e o desempenho desportivo desta época não ficará em risco sem Matic em Janeiro ? Ainda por cima, a confirmarem-se os valores de 25M, muito abaixo do seu valor... Não seria mais inteligente vendê-lo no Verão com outra valorização de mercado ?

Quando Javi saiu disse: «vendam-nos todos menos o Witsel!». Poucos dias depois saiu o belga e achei que ia ser muito complicado. Apareceu Matic e um mês depois já nem pensava em Javi nem em Witsel. A vida continua é verdade, e o Benfica superior a todos, mas perder Matic vai doer muito...

E chegados ao fim da primeira volta, a tal equipa que para os experts não joga nada e é fraca perante os colossos Sporting e Porto, lidera isolada (!!!) a tabela classificativa com mais 2 pontos que os rivais de Lisboa e 3 sobre os do Porto. Agora imaginem quando começarmos a jogar à bola...

domingo, 5 de janeiro de 2014

Eusébio da Silva Ferreira, o melhor entre os melhores

O nome Eusébio é sinónimo de Benfica, os dois são indissociáveis, os dois são eternos. O King partiu hoje mas viverá para sempre na memória de todos nós, independentemente da cor, credo ou filiação clubística.

Eusébio foi o melhor jogador de sempre do futebol português e o melhor futebolista do Sport Lisboa e Benfica, aquele que mais engrandeceu o nosso nome no Mundo. No Benfica, se há algo unânime, é o nome Eusébio, o Rei, o número 1 da nação benfiquista. E como o nosso lema diz - E Pluribus Unum - de todos, Eusébio foi único!

Cabe-nos a todos nós benfiquistas manter a chama acesa e honrar o legado do mito que hoje partiu rumo ao 4º anel. Todas as palavras seriam poucas para exprimir o que Eusébio significava e significará sempre, resta-me um enorme Obrigado Eusébio! E enquanto o Benfica existir, Eusébio viverá!