quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

"Mas nós estamos na Champions" "Nós estamos em 4 frentes" : análise 1/3 da época

Com o primeiro terço da época atingida, só há UM clube que depende exclusivamente de si para se sagrar campeão, o Sport Lisboa e Benfica. O mesmo clube que detém o melhor ataque do campeonato (30 golos marcados) e a melhor defesa da prova (7 golos sofridos).

Em apenas 13 jornadas o Benfica deixou a concorrência directa a milhas (Porto a 6 e Sporting a 10 pontos!!), fruto de 11 vitórias, 1 derrota (em Braga, onde fizemos os melhores 45 minutos da época) e 1 empate (com o Sporting, graças ao Artur).

E tudo isto foi conseguido depois de em Julho termos perdido Oblak, Garay, Siqueira, André Gomes, Markovic, Rodrigo e Cardozo. Uff. Ah, e Matic também havia jogado na última época. 8 jogadores, coisa pouca portanto. Dos jogadores que chegaram, com a excepção de Júlio César, nenhum dos reforços é melhor que os que partiram.

Enquanto na nossa pré-época se acumulavam dúvidas e desilusões, os rivais enchiam parangonas com contratações sonantes e esperanças utópicas. Ao Benfica restava Jesus e um trio de elite: Salvio - Enzo - Gaitán. Nas casas de apostas perdíamos a pole position (um campeão em título, para mim, tem que reunir mais favoritismo) e alguns patetas (benfiquistas incluídos) não só incensavam o plantel portista como ainda consideravam o sportinguista melhor que o nosso. Enfim...

Um terço de prova disputado e esses iluminados devem andar escondidos ou doridos com o reality-check do clássico de domingo passado. A verdade é que o Benfica está de tal forma competente e com uma tarimba tão elevada, que só existe um jogador em Portugal que poderia ser titular entre nós: Jackson Martinez, do Porto.

Se na Liga Jesus foi quase irrepreensível, na Champions teve bastantes culpas no cartório. É certo que a única prova que o Benfica disputa e em que não é candidato a vencê-la é a Liga dos Campeões, ainda assim devia ter feito bastante mais num grupo onde era a melhor equipa (Pote 1). Mas a verdade, hoje, ontem e sempre é que o objectivo número 1 é o Campeonato Nacional. Objectivo para nós e para os denominados "três grandes" de Portugal.

Talvez por isso tenha surgido uma nova corrente em Portugal, ou melhor, duas:

i) no Porto (face á eliminação da Taça de Portugal e os 6/7 pontos de atraso para a liderança) "ah e tal mas ainda estamos na Champions"; como se fossem candidatos ou tivessem qualquer possibilidade de vencer essa competição, tentando (eles e os avençados da CS) menorizar o profundo fracasso que tem sido a performance da equipa na época em curso

ii) no Sporting, "ah e tal mas nós estamos em 4 frentes"; que esperar do LOL de Portugal senão isto ?? Um clube que festeja uma vitória de 7-1 sobre o Benfica mais que um Campeonato, que a festeja no dia em que fica a 10 pontos do...Benfica. Um clube que festejou uma derrota do...Benfica no dia em que assegurou um 7º lugar no Campeonato (não tenho visto aquele tipo da Juve Leo com o cartaz 'Nunca ficámos em 6º', que será feito dele ?), portanto do Sporting está tudo dito. Está em 4 frentes, numa está a 10 pontos, noutra ainda não se realizou qualquer jogo e na Europa só deve fazer mais dois. Portanto, realisticamente, o Sporting está em 1+3 frentes.

O Benfica mantém intactas as expectativas de conseguir nova tripleta e está no bom caminho para ser bicampeão nacional. Das deslocações difíceis já foi a Braga, Porto, Estoril e Nacional. Ficam a faltar Guimarães, Sporting, Marítimo e eventualmente Rio Ave/Paços de Ferreira.

O Porto foi a Guimarães, Estoril e Sporting, falta-lhes Benfica, Braga, Nacional e Marítimo. O Sporting...bem o Sporting já não conta para o Campeonato.


Concluindo, um primeiro terço de época bastante razoável do Benfica, se tivermos em conta o pânico das vistas mais curtas em Julho, então o que se conseguiu é assinalável, nomeadamente na consistência de uma equipa que perdeu quase todos os anéis e se reforçou sem grandes craques ou estrelas (mais uma vez, exceptuando JC). É Jorge Jesus quem volta a sair por cima e a demonstrar que é um dos mais trabalhadores e produtivos técnicos, é ele o tipo que faz omeletes sem ovos.

Mas ainda falta muito e nada está ganho, há que manter o espírito competitivo e a concentração demonstradas no Dragão. Porque se eles não nos conseguem derrotar no campo, vão tentar voltar a enfraquecer o nosso plantel (Enzo E Gaitán podem sair em Janeiro) porque se calhar já perceberam que mesmo com o actual plantel benfiquista não nos vão bater. Perder Enzo Pérez é um dado a ter muito em conta, mesmo que recuperemos agora Amorim & Fejsa (outros jogadores importantes da última época e que pouco ou nada contribuíram nesta face às suas lesões prolongadas), porque o argentino continua a ser o chefe, o metrónomo da equipa. E se Jesus não faz milagres, para quê enfraquecer a equipa a meio das provas ? Vender sim, mas em Junho.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Há o papa, os papistas e depois há o Guillherme Aguiar

Se há personagem venenoso, incoerente, mentiroso e mafioso nos programas sobre futebol em Portugal, esse personagem é José Guilherme Aguiar, um dos mais antigos membros do polvo corrupto que estendeu os seus tentáculos no desporto português.

Este crápula que há anos tem residência cativa em programas de grande audiência, vem despachando uma cartilha em prime time de forma verborráica. Raramente teve oposição do comentador benfiquista, ou por simpatia ou por puro desconhecimento futebolístico e dos seus meandros.

Aguiar nunca desce baixo de mais, para ele não há limites para defender o indefensável. Esta noite, depois de ter lançado o mote com um arrogante «o Benfica não consegue admitir o mérito do Porto, fala sempre de um fiscal ou de um árbitro» , dedicou-se a espalhar veneno e ignorância durante largos minutos sobre...um árbitro e um fiscal.

O iluminado conseguiu ver penalty sobre Tello, braço de Lima no 1º golo e involuntariedade de Jackson na mão deste no golo anulado. Palavras para quê, é um artista portista. E é capaz de terminar estas inenarráveis opiniões com um «não venho para aqui fazer uma triste cena».

Guilherme Aguiar, é por tipos como tu que o Benfica será sempre intocável para a tua ralé.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

LIMA, a lança de JORGE que matou o Dragão

César Brito. Nuno Gomes. Lima.

Vi 3 vitórias, para o Campeonato, no Estádio do Porto, em todas o nosso avançado bisou. César Brito saltou do banco, mas Nuno Gomes e Lima fizeram os 2 golos como titulares e tiveram festejos idênticos: Nuno apontou para as quinas de campeão, que na altura estavam no braço da nossa camisola e Lima relembrou a todos quem era o Campeão. Coincidências.



Mas recordemos o que foi ESTE pré-clássico. Desta vez não houve bolas de golfe, não houve "padradas" nem uma intimidação mesquinha e bacoca tão frequente naquele Estádio específico. Mas também não houve uma real e honesta abordagem por parte da Comunicação Social a este desafio. Durante anos o Benfica visitava o Porto atrás na classificação e existia uma pressão enorme sobre nós, «não podem sequer empatar» dizia-se, porque se não vencesse o Benfica estava afastado do título. Desta vez não li nem ouvi ninguém dizer que a pressão estava toda no Porto e que este não podia sequer empatar. O que eu li - até na jornada anterior - é que o Porto preparava o assalto à liderança...

Não li ninguém ponderar sequer a possibilidade de o Benfica fazer check-mate na casa do principal rival. Mas percebe-se. Se desde Agosto ouvimos falar de um Super-Porto, do melhor plantel dos últimos largos anos e do passeio que seria este Campeonato para eles face a um Benfica (detentor de TODAS as provas nacionais) morto e enterrado.

Deve haver hoje melões estratosféricos, destaco as palavras do director do jornal oficioso do Futebol Clube do Porto, antes do jogo:

«Os clássicos costumavam ser jogos tão importantes que os treinadores preferiam não os jogar. Eram armistícios de hora e meia. Nem os adeptos levavam a mal aquelas estratégias paranóicas, desconfiadas, de risco mínimo, com frequência acabadas em nulos. Jorge Jesus é desse tempo e chegou a jogar um Benfica-Porto assim, contra Jesualdo Ferreira. Em 2009, o Benfica dele, de olho na equipa tetracampeã de Jesualdo, era como este Porto de Lopetegui, e aquela vitória, mesmo assustadiça, significou o render de guarda. É indiscutível que, hoje, uma derrota castigará mais o espanhol, mas o Benfica também vai a exame. Tem muito mais rodagem (da melhor que há, porque treinador e equipa fizeram-na juntos) e vários jogadores estão no auge das carreiras. Se, nestas condições, não conseguirem vergar um concorrente que está só no começo haverá ilações a tirar. Talvez as mesmas de 2009.»

Como em tão poucas linhas se pode errar tanto. Os dedos de Jesus devem estar bem marcados na tromba deste avençado ainda a esta hora. Este pequeno "texto" em conjunto com o jogo de ontem atinge dimensão épica. Comecemos pelo final, o artista tenta pressionar o Benfica (que até parece que tem a mesma equipa há 6 anos...) a vencer (2 vitórias em mais de 20 anos...) porque caso contrário será o fim de ciclo benfiquista. Haja decoro.

Depois consegui comparar o Benfica versão rolo-compressor de 09/10 com este Porto de Flopetegui. O quê ?!?? Sim, ele escreveu-o. E disse até que aquela vitória (1-0, golo de Saviola) foi assustadiça, quando, nesse jogo, o Porto entrou em campo com "três tristes trincos" (como Rui Moreira lhes chamou). Uma vitória que pecou por escassa e em que o Porto consegui ZERO oportunidades de golo. Mas que grande lata ò Ribeiro.

O tipo consegue dissertar que o Benfica é muito mais experiente, que deve ganhar por isso, mas, caso não consiga é o fim de ciclo encarnado. Que coerência. Mas o coitado conseguiu acertar numa coisa, os "adeptos não levavam a mal aquelas estratégias". Verdade. Os Super Dragões nem se importaram em comparecer ao jogo, o resto do Estádio recebeu os votos de Natal e nem lenços brancos foram visíveis. Portanto tudo está bem quando acaba bem e Lopetegui é um afortunado.

Por falar em Chulen (sic) Lopetegui (o tipo da transmissão apelidou-o assim), tem sido cada tiro cada melro num rol de declarações brilhantes, quiçá proféticas, a saber:

«O bonito da Taça de Portugal é ser um jogo único» - lá está, mais bonito foi ELE ter feito um único jogo.

«Olhar para a tabela classificativa é anedótico» - na altura estava a 2 pontos do Maior, hoje, a 6/7, a tabela parece-me hilariante Julen. E cheira-me que quando quiseres olhar para a tabela vais chorar por não nos veres.

O basco Lopetegui, que perdeu 2 clássicos em casa, disse, no final de ambos, que a sua equipa foi superior (no caso do Benfica, muy superior). Não digam a ninguém, mas na tabela da Liga Da Superioridade, o Porto de Lopetegui lidera isolado.

Outra coisa que tenho reparado em Flopetegui é a azia nas flash interviews e Conferências de Imprensa sempre que não obtém um bom resultado. As flash são a despachar e as CI são diminutas (mas isso já é política-Porto, quando perdem não querem ser questionados e pisgam-se depois de 3 ou 4 perguntas), mas nesta última começou por exibir - com pouca desfaçatez - o dedo do meio após a pergunta "o Porto tem mais dificuldade em lutar pelo título ?". Continua assim Julen, estás cada vez mais a Ser Porto.




Quem ganhou este clássico foi JORGE JESUS. De Cátedra.

O Benfica inicia o jogo muito subido não dando tempo e espaço para o Porto conseguir jogar. Nos primeiros 15 minutos o Porto até conseguiu rasgar essa postura defensiva do Benfica com 2/3 lançamentos em profundidade. Nunca mais, até ao intervalo, voltou a furar a linha defensiva encarnada. Ainda assim tem 2 flagrantes oportunidades, Herrera ao lado e Jackson  para grande defesa de Júlio César.

Mas com excepção destes dois lances, o Benfica manietou completamente o adversário. Reduziu fortemente o campo (os metros onde as duas equipas se encontravam eram diminutos) subindo a defesa mais que o habitual e o Porto não conseguia sair a jogar.

Começaram a destacar-se os nossos homens de características defensivas: André Almeida , amarelado no primeiro minuto pelo veloz Tello, fez um jogo soberbo (mais um) "limpando" toda a gente que lhe apareceu ali (Tello, Brahimi, Quaresma). Eliseu vai ter que pedalar muito para recuperar o lugar porque hoje por hoje não deve haver muitos (se é que há algum) laterais portugueses mais competentes que ele. André Almeida é hoje - e muito justamente - um dos grandes símbolos do Benfica (ele que muita vez é injustiçado até por alguns benfiquistas de vistas curtas).

Se André Almeida, para mim, não foi surpresa nenhuma (já disse que o melhor jogo que vi dele - até esta época - havia sido a 2ª mão frente ao Fenerbahçe, onde foi defesa esquerdo), a portentosa exibição de Maxi Pereira superou as minhas expectativas. Não me recordo de uma exibição defensiva do uruguaio como esta. Intratável, meteu Brahimi no bolso e fez com que o argelino fosse assobiado pelos próprios adeptos.

De Enzo espero sempre o melhor, portanto o meu destaque para o esforço de Samaris e Talisca. O grego começa a soltar-se e o menino brasileiro, ontem arregaçou as mangas e foi mais um a ajudar a equipa. Outra grande surpresa para mim o espírito de sacrifício demonstrado por Talisca.

Gaitán é hoje o melhor jogador em Portugal (ultrapassou Enzo Pérez), só o toque de bola do homem vale o bilhete. Não tendo sido decisivo, foi genial sempre que tocou no esférico e via-se como o adversário tremia quando Nico dominava e encarava os defesas.

Salvio terá ficado inferiorizado no braço muito cedo e foi talvez o único que se exibiu abaixo das expectativas. Isto até ter entrado Ola John. Numa noite normal poderia ter ajudado a avolumar o resultado.. Entrou lento, sem velocidade de explosão e com tomadas de decisão horríveis. Com um Ola John destemido teríamos goleado ontem.

Ainda falta referir que o Porto enviou 2 bolas à trave na parte final, ambas após a saída por lesão do capitão Luisão. Coincidência talvez, porque tanto Jardel como César - que o substituiu num momento difícil - estiveram bem. E Júlio César a mostrar outra vez que é um GR de top mundial (Oblak who ?).

Nas tvs o prémio de aziado-mor vai para Manuel Queiroz (o tipo que depois de ver o murro de James Rodriguez disse que não era vermelho mas sim amarelo) que entre muitas, inúmeras, tiradas cheias de fel conseguiu comparar o apagar das luzes ao arremesso de bolas de golfe e que o Benfica teve sorte porque marcou um golo com a anca "acontece uma vez". Vá lá que o golo com a anca não foi um chouriço aos 92' ou em fora de jogo.

Já António Oliveira, o ex-selecionador, voltou a colocar os pontos nos is arrasando Flopetegui e dizendo aquilo que TODOS vimos: «Este discurso parece mais radiofónico. Ele por acaso sabe que o jogo foi transmitido? Parece um jogo relatado de hóquei em patins, em que a gente acreditava no que ouvia. Eu não queria duvidar do que o senhor está a dizer, mas nós vimos o jogo. E o FC Porto, em casa, tem a obrigação de ganhar. Alguém vai acreditar nisto? Ele está a fazer de todos nós parvos, ou não viu o jogo... Ele cria a expetativa na equipa de que tudo está bem. Este discurso não tem lógica nenhuma». Aplausos para o Oliveirinha que desde que se formou em direito parece ter-se apaixonado pela justiça e tem dito verdades como punhos, umas atrás de outras.

O melhor que aconteceu ao Benfica nos últimos largos anos chama-se Jorge Jesus, já ganhou todas as competições no Benfica, acumula recordes atrás de recordes e é ele o rosto da real mudança de ciclo no futebol português. Que continue muitos anos do nosso lado, porque com ele no Benfica..



quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

E depois do adeus...

...haverá Revolução no Benfica ?

O último jogo na fase de grupos da Champions desta época mostrou um Benfica de segundas linhas (só o Enorme André Almeida tinha sido titular no jogo anterior - 3-0 - frente ao Belenenses). Com 10 "suplentes" temeu-se o pior frente a um Leverkusen fortíssimo ofensivamente e que havia vulgarizado o Benfica na Alemanha (3-1).

Mas a "revolução" mostrou as reais capacidades dum plantel que tem sido constantemente alvo de críticas e considerado muito inferior face a outros candidatos neste cantinho à beira-mar plantado. Pois bem, uma equipa que nunca havia jogado junta, não só segurou o Bayer Leverkusen, como demonstrou excelente nível.

Vamos por partes. Artur mostrou-se seguríssimo e revelou tranquilidade sempre que interviu (e bem). Os centrais foram excelentes na entreajuda e, para surpresa minha, não demonstraram nervosismo. Destaco César porque acho que foi melhor, vi-o com uma excelente capacidade técnica, muito bom com a bola no pé e a sair a jogar. Arrisco dizer que é neste momento o 3º central da equipa, na frente de Lisandro. O argentino não complicou, mas foi menos exuberante que o seu companheiro de sector. Lisandro tem mais minutos e experiência que César neste Benfica e talvez isso tenha ajudado na performance tranquila. Pessoalmente fiquei muito melhor impressionado com César, parece-me mais rápido e mais contundente que Lisandro López, mas ambos tiveram bons desempenhos.

Nas laterais, havia algum "burburinho" com Benito que não tem demonstrado grandes capacidades para ser titular e que no último jogo havia feito um atraso inenarrável para Júlio César que só se vê nos distritais... O mesmo Benito que nos poucos minutos desse último jogo parecia ter tremido como varas verdes, apresentou-se motivado e cresceu muito durante o jogo. Foi acertando as decisões (sobretudo os passes e as movimentações ofensivas) e ganhou confiança num jogo com opositores tudo menos fáceis. Fisicamente é muito forte e talvez por isso tenha subido mais no terreno que André Almeida, mas fiquei agradado com o ritmo do suíço e com a desfaçatez com que se incorporou na manobra ofensiva.

De regresso à lateral direita (tem jogado como defesa esquerdo desde a lesão de Eliseu) esteve o senhor André Almeida. Há algum tempo que tenho pensado em escrever um post sobre André Almeida, que, nos dias de hoje, me parece um dos maiores representantes da Mística. E acredito que tem cada vez mais peso naquele balneário. Jogador de uma grande humildade, joga 5 ou 90 minutos sempre "a tope", apoia todos os companheiros dentro ou fora de campo e nunca demonstra um pingo de insatisfação ou tristeza. Muito pelo contrário, jogue em que posição jogar, Almeida é competente e um valor seguríssimo neste plantel. A mim não me surpreendeu a braçadeira no seu braço, foi um prémio justíssimo para um homem e um jogador enorme. Neste jogo voltámos a ter a fiabilidade defensiva do costume (esteve intratável perante Hulk em S.Petersburgo) e o carácter de sempre. André Almeida é - justamente - um dos nomes grandes deste Benfica contemporâneo.

Como pivot defensivo surgiu Cristante. O jovem italiano tem uma capacidade de passe, sobretudo longo, exímio, mas não é tão agressivo na reacção à perda como aquele lugar exige (recordemos Javi Garcia, Fejsa ou Matic nesse aspecto) e a velocidade não é um dos seus fortes. Se juntarmos a isso o facto de ter uma equipa adversária potente e rápida e não ter nenhum "titular" a ajudar o seu trabalho, a sua tarefa parecia muito complicada. Mas Cristante foi à luta, literalmente, e além da sua capacidade de passe e gerir ritmos, conseguiu destruir e recuperar muito jogo. Encheu o campo com pormenores deliciosos e provou que temos aqui um jogador com um potencial superior, assim ele continue a trabalhar e a crescer.

No centro do terreno, junto a Cristante apareceu...Pizzi. Pizzi "fez de Enzo" (médio de ligação, defender e atacar, box-to-box) e cotou-se só como o MVP. Um jogo brutal de Pizzi pela qualidade elevadíssima do seu desempenho. Não só fazia jogar toda a equipa como recuperava bolas com o físico, corria quilómetros e raramente falhou um passe, dono de uma capacidade técnica assinalável, Pizzi colocou a cabeça em água aos alemães. Pizzi é tão bom como Enzo ? É difícil responder, Enzo faz muitas coisas e todas bem, Enzo não sabe jogar mal, mas neste jogo Pizzi foi tão bom como Enzo Pérez, sobretudo na elevada rotação que imprimiu ao seu jogo. Mas Pizzi só fez um jogo "à Enzo", poderá ele ter o rendimento constante do argentino naquela posição ? Veremos, mas a exibição da última terça-feira roçou o óptimo.

Nas alas tivemos Ola John e Bébé (ou Tiago). Ola John voltou a mostrar que tem um nível muito alto, falta-lhe continuidade e capacidade para se auto-motivar. Tecnicamente o holandês é um privilegiado e se aliarmos essa capacidade técnica à potência física, ele tem tudo para ser um extremo de nível mundial. Mas mentalmente estará muito longe dos requisitos necessários para se atingir esse patamar de eleição, se conseguir alterar isso, Ola John será das armas ofensivas mais perigosas do Benfica.

Se à esquerda esteve Ola John, na direita jogou Tiago. O português esteve melor do que esperava mas demonstrou tudo o que eu acho dele, o bom e o mau, a saber: muito possante e rápido mas fraco e pouco inteligente na tomada de decisão. Um jogador com a capacidade física dele precisa ser mais maduro na hora de passar, rematar ou cruzar. Nesse aspecto, Tiago é um jogador muito infantil e precipitado, é preciso trabalhar a tomada de decisão, sobretudo num jogador com a sua potência física e que tem tanta facilidade para se "ir embora" do seu marcador directo.

Derley e Lima formaram a dupla de avançados. Lima voltou a esforçar-se mas falhou um golo cantado de forma incrível e pareceu não ter conseguido apagar esse momento da sua memória. Se noutros jogos esta época, mesmo não marcando, Lima exibiu-se a muito bom nível, frente ao Leverkusen esteve abaixo do seu real valor. Já Derley demonstra a cada dia que está a crescer, que é um excelente pivot ofensivo, na forma como segura a bola, como faz paredes com os colegas e na forma como luta por todas as bolas. Ou muito me engano ou Derley terá um papel importante nesta época.

Do banco vieram os outros dois destaques: João Teixeira e Nélson Oliveira. O "miúdo" João Teixeira estreou-se de forma oficial nos seniores e em pouco mais de 5 minutos conseguiu expulsar um adversário e mostrou ser um jogador bastante rotativo (apesar de algo ingénuo também), depois da fantástica pré-época, há que contar com ele.

Nélson Oliveira provou, em apenas 15 minutos, que merece mais tempo de jogo (nem pensem em empresta-lo em Janeiro) e que é um avançado de elite: fino, técnica apuradíssima e um brilhante jogador de equipa. Se Jesus quiser reactivar o sistema de 2 avançados que tão bom resultado deu na última época com Lima & Rodrigo, Nélson tem que jogar, e parece-me perfeito para fazer o papel do hispano-brasileiro. Oxalá Nélson se tenha motivado (ele que aparentou uma cara "triste" desde que entrou em campo) e saiba capitalizar estes escassos mas brilhantes 15 minutos. E oxalá Jesus perceba que Nélson Oliveira tem muito a acrescentar a este Benfica, nem Lima nem Derley têm a sua capacidade técnica e nem Jonas tem a potência e velocidade do jovem formado nas nossas escolas. 2015 pode ser o ano de Nélson Oliveira. Disse-se muitas vezes que só lhe faltava um clique para explodir definitivamente, eu acho que esse clique não passa pela obtenção de um golo mas sim por uma mudança de chip na forma como o próprio Nélson abordará a questão. É ele quem tem que primeiramente mudar a sua atitude para se tornar um titular absoluto. A amostra foi boa e JJ não a pode ter ignorado.

O que ficou provado é que este plantel não é, de todo, tão fraco como se apregoava e que Jorge Jesus tem trabalhado bem. Porque uma coisa é incluir 2, 3 ou 4 jogadores numa equipa com rotinas e dinâmicas, outra bem diferente é colocar uma equipa nova e que ela demonstre os princípios de jogo da titular, a isso chama-se qualidade de treino. E se esta exibição não trouxer uma revolução no 11 (porque é difícil que jogadores como Enzo, Salvio e Gaitán, ou até Luisão não sejam titulares), já trouxe certamente uma esperança num futuro risonho.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Di Maria. Gaitán. Correa ?

Di Maria chegou à Luz como um dos novos prodígios do futebol argentino. Acabado de se sagrar Campeao do Mundo sub-20 com a Argentina (ao lado de Kun Aguero) no Canadá (onde Coentrao brilhou como extremo esquerdo), o jovem jogador do Rosario Central era visto como o substituto natural de Simao Sabrosa.

Di Maria era um jogador explosivo, tecnicamente evoluído mas muito diferente do Simãozinho. Di Maria era um extremo à antiga, jogava bem encostado à linha lateral e deixava a cabeça em água ao lateral contrário. Era normal ve-lo fintar (ou gambetear como dizem os seus compatriotas) o defesa uma, duas ou três vezes na mesma jogada. Di Maria optava por humilhar o contrário ao invés de ser produtivo e eficiente.

Era um jovem com sangue na guelra mas bastante "verdinhho" para o competitivo futebol europeu. Mas via-se que era um fenómeno, num dos seus primeiros jogos, na Choupana, fez uma jogada antológica onde driblou meia equipa e depois foi incapaz de oferecer o golo a Cardozo ou concretizá-lo ele próprio.

Muitas vezes Di Maria parecia uma galinha sem cabeça, pois corria desenfreadamente mas sem o mínimo critério e/ou objectividade.Foram anos negros até à chegada de Jorge Jesus à Luz. Tendo-se equacionado mesmo a transferência do astro argentino por não passar de um brinca na areia.

Mas havia magia em Di Maria (golo de antologia com Maradona - então seleccionador argentino - na Luz a assistir), o que demonstrava que não se podia perder a esperança num talento bruto deste quilate.

Jesus potenciou as suas capacidades e Di Maria tonou-se um punhal na extrema esquerda encarnada em 09/10. Não esqueço, ainda nessa pré-época, um jogo em Amsterdam, no torneio do Ajax, onde vi Di Maria a fazer carrinhos na linha de fundo defensiva e a subir e descer com critério e pulmão. Parecia estar motivadíssimo como nunca o tínhamos visto e nessa época sucederam-se as exibições monumentais, umas atrás de outras. O rebelde gambetero havia-se tornado num futebolista de elite, sabendo decidir quando driblar e como ser produtivo. Sem surpresas, seria transferido para o Real Madrid de Mourinho por mais de 30M (recorde na altura).

Depois de Di Maria chegou ao Benfica outro argentino para o substituir: Osvaldo Nicolás Fabián Gaitán. Vindo do colosso Boca Juniors, Nico Gaitán demonstrou o seu nível rapidamente, mas a memória fresca de Di Magia (como o pequeno genial se referiu a ele) tornou a comparação inevitável e isso não foi fácil ou positivo para o novo craque vindo das Pampas.

Gaitán não era (nunca será) um extremo "de linha" como Di Maria, era um jogador que gostava mais de zonas interiores e que - tal como o seu predecessor - não estava habituado a defender. O talento de Gaitán também era óbvio, mas Nico era mais cerebral, mais elegante que o puro sangue Di Maria.

A sua adaptação foi mais rápida que a de Angelito, e apesar de não ter um jogo tao espectacular e entusiasmante como o compatriota, tinha algo superior: classe.

Gaitán deu nas vistas, nos seus inícios entre nós, com slaloms impressionantes, quando embalado parecia imparável. Mas desaparecia muitos minutos durante um jogo, deixando de vez em quando alguns pormenores de génio. Gaitán era um craque, mas não era Di Maria, pareciam pensar os benfiquistas.

Mas Nico Gaitán evoluiu de época para época e passou a ser determinante no poder ofensivo do Benfica, ele tinha técnica, velocidade, visão de jogo e muita, muita classe. Gaitán é o tipo de jogador que perfuma a bola quando lhe toca, com ele a redondinha nunca se queixa.

Portanto tivemos 2 argentinos "canhotos" que encantaram a Luz. Com a mais que provável transferência de Gaitán no final desta época (digo eu...), outro argentino entra no radar do Sport Lisboa e Benfica: Joaquín Correa.

Digo-o desde já, a concretizar-se o negócio Correa, o Benfica acerta na mouche! É um jogador bastante parecido com o Gaitán, na minha opinião, um futebolista fino, elegante, transpira classe a cada toque de bola. No Estudiantes joga no lado esquerdo, mas tal como Nico, não é um extremo puro e procura bastante jogo interior. É um destro (apesar de não ser "cego" com o pé contrário) a jogar no lado esquerdo mas a elevada capacidade técnica permite-lhe sair do drible para "dentro" ou para "fora" deixando o seu opositor sem saber por onde o vai "partir".

Correa tem boa visão de jogo, uma técnica prodigiosa e muita velocidade, é um talento extraordinário e se for este o substituto do Picasso Gaitán, não temos nada a temer: é craque da cabeça aos pés!

Não quero que Gaitán saia, mas quando isso acontecer, quero que seja Correa o seu substituto, é um futebolista que tem tudo para ser estrela mundial.