segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Eu estive no último jogo de Enzo Pérez pelo Benfica...

...e deu uma Supertaça (a 5ª).

Fiquei com a plena sensação que o argentino se despediu ontem dos benfiquistas. E é esse o sentimento agridoce que trago da noite de ontem: vu o último jogo do Enzo por nós mas...foi o último. A maneira como disse adeus às 4 bancadas do estádio trouxe-me à memória o último jogo de Coentrão na Luz (que diria nessa mesma noite que era um até já porque ia de férias...) ou até mesmo de Miccoli ou Di Maria.

Se dúvidas havia sobre o estatuto de melhor jogador do plantel depois da saída de Matic (outro monstro futebolístico) ou sobre qual o mais imprescindível membro do nosso 11, Enzo Pérez voltou a dizer presente e a demarcar-se de todos. Não há ninguém com a capacidade de recuperação dele (corte fabuloso, em carrinho, ainda na 1ª parte que fez explodir o Estádio) ou com a capacidade de galgar metros e destruir linhas em posse.

O Gaitán (e mesmo o Salvio) de vez em quando "engata" uns slaloms incríveis, mas a forma como Enzo recebe a bola e serpenteia por entre adversários é qualquer coisa de extraordinário. Numa zona do terreno quase sempre densamente povoada, o internacional argentino sabe sempre dar o melhor caminho à bola, seja abrindo o jogo num colega mais "descoberto" ou arrancado pelo terreno semeando o pânico no adversário e destruindo qualquer organização defensiva.

Disse-o e repito-o: vendam-nos todos menos o Enzo!

Mas parece não haver volta a dar e, tal como Matic, deixará muitas saudades e memórias de jogos incríveis com o manto sagrado vestido.

E o jogo de ontem ? O primeiro a sério da época 14/15. Pois bem, a Supertaça já cá canta depois de um autêntico massacre ao Rio Ave ter resultado em zero golos... Houve coisas boas como a velocidade e a dinâmica da equipa, os jogadores pareciam querer provar a quem os desacreditou (benfiquistas incluídos) que estavam vivos e bem vivos!

Gostei muito do Lima, está um avançado de grande nível, lutou como sempre, deu linhas de passe e encheu toda a frente de ataque. Hoje por hoje é titular indiscutível. O Maxi é Benfica! Aquele espírito never surrender encanta-me, e se me galvaniza a mim que estou na bancada, nem imagino o quanto a alma e o coração dele mexem com os colegas. De Maxi Pereira espero tudo menos que se renda ou desista. E-N-O-R-M-E!

Já li elogios ao Talisca mas, pessoalmente, ontem não gostei nada. Jogando mais à frente do que havia feito na pré-época, pareceu-me oferecer poucas soluções e foi presa fácil, além de ter desperdiçado boas oportunidades e ter demonstrado (pela enésima vez) que parece "não poder com a bola" (não sei que bolas novas eram aquelas, mas a mim até me pareciam vazias...), tão fracos são os seus remates.

Pensei que Derley seguraria melhor a bola naquela posição e libertaria Lima para outras chances, mas o avançado ex-Marítimo foi outra das desilusões e parece fora de forma.

Luisão e Jardel (pode ser este o ano da sua afirmação total, e bem a merece) são outra loiça, e se o Capitão impressiona pela forma como comanda e como raramente comete erros, Jardel fez uso da potência física para "limpar" alguma displicência prévia.

Outra das notas que saliento é o toque de bola, as soluções que o trio argentino (Salvio-Enzo-Gaitán) nos oferece. Se tivéssemos este trio disponível durante toda a época, nova tripleta seria possível. A forma como eles combinam, a forma como a bola parece sempre redondinha nos seus pés demonstra que não há muitos reforços que nos possam oferecer aquela qualidade.

 
 
 
E a nota final vai, obviamente, para Artur. Acho que actualmente é um ex-jogador (mas ainda ninguém lho comunicou), demonstra uma ausência de reflexos gritante, deita-se (ou ajoelha-se) minutos (!!!) antes do opositor rematar, parecendo ter um espírito derrotista e/ou uma falta de confiança medonha. Ontem quase não teve trabalho, mas não me lembro de ganhar uma bola pelo ar (e lembro-me de situações dessas onde o seu posicionamento roçava o caricato) e conseguiu dar uma fífia à la Roberto aos 118' que por muito pouco não nos custava um título. Não acho que aquele frisson perto dos 45' seja uma grande falha dele, é certo que não domina bem mas depois tinha que fazer aquele drible - tinha dois gajos em cima e a probabilidade de, rematando, a bola bater neles era de 99% - e depois sofreu falta antes de agarrar a bola. Mas enfim, aparenta uma desilusão e uma linguagem corporal muito mole, muito lenta e muito pouco "vivo" na baliza.
 
Mas como em todas as histórias, muitos vilões viram lendas e Artur teve a oportunidade de se redimir nos lançamentos de grande penalidade. Aí, pediu o apoio dos Céus, pediu o apoio dos adeptos, sei lá, teve a mística do Benfica naquelas luvas encarnadas. Acredito piamente que o Artur não estava tão motivado naqueles momentos decisivos de ontem como provavelmente desde os seus primeiros tempos/jogos no Benfica.
 
 

 
E foi desta maneira que Artur terá feito as pazes - não com os adeptos, eu por exemplo, tenho hoje inteira certeza que o lugar de GR titular do Benfica não voltará a ser dele - com o destino, porque até estes decisivos penaltys, o Artur parecia conformado com a sua condição de inútil e fonte de problemas. Oxalá recupere a exigência que um futebolista profissional do Benfica tem que demonstrar. Mesmo que não seja - como espero - o titular da baliza encarnada.
 
 


Para a História fica mais um momento pioneiro do Benfica no futebol nacional: venceu Campeonato, Taça da Liga, Taça de Portugal e Supertaça. Foi bonita a festa pá!

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