domingo, 30 de novembro de 2014

Adeus Champions. Adeus Europa. Adeus Enzo. Olá 34º ?

Continuo a achar que o Benfica era a melhor equipa do seu grupo (e não por sermos Pote 1), o Monaco é mediano, o Zenit tem 3/4 jogadores muito bons mas está longe de ser uma Equipa de nível e o Leverkusen, apesar de bons elementos e um excelente treinador, não é ainda um papão, e não tem a nossa experiência europeia.

Por tudo isto, o nosso rotundo fracasso encontrará razões e origens internas. Para mim - confesso admirador do nosso Jorge Jesus - o principal responsável é o técnico. Mesmo que eu ache (continuo a achar!) que a este plantel falta um '9' nove!, isto é, um ponta de lança finalizador, frio, matador; o treinador teria que ter formatado a equipa para pelo menos ser consistente. Se ele não pode marcar golos, pode preparar e rentabilizar a equipa para não os sofrer. Por isso eu acho que faz mais falta um grande '9' (que Jonas nunca será, antes um bom segundo avançado) que um grande central para fazer dupla com Luisão.

No Monaco e em S.Petersburgo (até na Luz frente aos franceses) um grande PL teria resultado em 6 pontos para nós e um apuramento para os oitavos nesta altura. Em largos minutos desses jogos, o Benfica encostou o adversário e desperdiçou várias oportunidades de golo consecutivas. Ao não ser eficiente, acabou por ficar longe dos oitavos e hoje está fora da Europa em Dezembro!

Tivemos jogadores expulsos em todos os jogos menos na Alemanha (2 centrais e 1GR, e só a expulsão na Rússia não teve qualquer influência por ser nos instantes finais), mas na Alemanha Jesus levou um banho tático. Roger Schmidt estudou-nos bem e foi perfeito na optimização dos seus próprios atletas. No papel, esse jogo da Alemanha e a disposição do Leverkusen poderiam favorecer os nossos famosos contragolpes fulminantes, mas o triângulo Cristante-Enzo-Talisca foi engolido e passou ao lado do jogo, nunca conseguindo ter posse nem critério para dinamitar o último reduto alemão. Nesse jogo aconteceu o que costuma acontecer aos adversários europeus de Jesus, a nossa equipa foi bem estudada e nós fomos surpreendidos.

Houve golos falhados, houve expulsões...mas nesta fase de grupos não houve Jesus; não houve o dedo do treinador a desequilibrar para o nosso lado. E num plantel com menos opções que os últimos...isso nota-se.

E é Jesus que torna Coimbra e a Académica num surpreendente jogo-chave. Antes deste flop europeu, todos os benfiquistas contavam os 6 pontos (Académica fora e Belenenses em casa) antes da deslocação ao Dragão como garantidos, mas entretanto, a visita à cidade dos estudantes ganhou dimensão de desafio fundamental. Por várias razões: é o jogo seguinte a um jogo de Champions e isso nota-se sempre; é um jogo emocionalmente difícil tendo em vista a precoce eliminação europeia; e o stress de não perder qualquer ponto antes do clássico com o principal rival aumentou muito.

Como responderão os nossos jogadores ??

Disse em Agosto que Enzo se tinha despedido em Aveiro, na Supertaça. E na verdade ele pensava ter feito ali o último jogo de águia ao peito e inclusivé fez um aceno final a todos os adeptos. Ele sabia do negócio, o Valencia pensava tê-lo garantido e o Benfica, só à última hora (a entrevista de Vieira garantindo 30M ou nada) salvaguardou os nossos interesses depois de - creio eu - há muito ter aceitado os 25M propostos pelos espanhóis.

Face à inesperada razia do último defeso, Enzo - que era a jóia da coroa - tornou-se no símbolo da esperança dos benfiquistas, com ele do nosso lado nem tudo estava perdido na época 14/15. Terá sido esse o motivo para que o Benfica extremasse posições nas negociações exigindo agora o pagamento da cláusula. Enzo - felizmente - acabou por ficar. Se ficou contrariado nunca o demonstrou. Mesmo que o seu nível exibicional não seja ainda o nível de elite das últimas duas épocas (e alguém nesta equipa está ao mais alto nível que já exibiu ??), o internacional argentino tem dado o litro como sempre, em todos os jogos.

Só que com a prematura eliminação europeia, as receitas do Benfica diminuem drasticamente e não acredito que o Clube resista à tentação de vender o jogador com mais mercado. 30M servirão para...3 meses de salários...e pouco mais. Financeiramente a época fica resolvida, mas desportivamente...pode ser um hara-kiri que não vai acabar bem para ninguém, nem para Jesus, nem para Vieira e nem para o Benfica.

Se o Benfica não vender Enzo ao Valencia em Janeiro (porque faria muito mais sentido transacioná-lo no final da época, porque os espanhóis também não disputam provas europeias) aplaudo a estratura e o voto de confiança para que este plantel possa terminar o ano em beleza com mais 3 títulos no nosso Museu, mas é imprescindível que o Benfica se mantenha na liderança até Janeiro. E isso passa muito por hoje em Coimbra, se houver raça, querer e ambição, todos voltaremos de baterias carregadas e mais unidos face ao futuro próximo. Nem precisa haver nota artística, se os jogadores demonstrarem estar unidos e motivados, o Benfica vencerá, mas se houver uma réstea de dúvida ou indefinição...nuvens negras se aproximam.

Fora da Europa e com todo o primeiro semestre de 2015 centrado apenas em provas nacionais (ok, falta eliminar o Braga na Luz para a Taça de Portugal, mas foi curiosamente frente ao Braga, onde - para mim - fizemos os melhores 45 minutos desta época) o Benfica tem quase a obrigação de ser campeão. Até porque já é líder isolado, não tem que correr atrás de ninguém, basta-nos ser eficientes, consistentes e jogar as provas nacionais como se de finais se tratassem.

P.S. - se Enzo sair prevejo um meio-campo com Fejsa a 6 e Samaris a 8 depois de Janeiro. Porque até acho que o Samaris veio para o lugar do Enzo, é um jogador com propensão ofensiva, boa técnica e alguma chegada ao golo - que ainda não se viu porque o grego tem andado "amarrado" (e até nervoso) com aquilo que JJ lhe exige.

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