sexta-feira, 26 de abril de 2013

E ao 39º perdemos...(a batalha, nunca a "guerra"!!)

Vejo os primeiros minutos do Fenerbahçe-Benfica e penso: estes turcos não jogam nada. Antes e durante o jogo pensei que resolveríamos a eliminatória já ontem, mas depois do jogo...está longe de estar resolvida, faltam 90/120 minutos "stressantes".

Hoje lembrei-me de uma meia-final bem mais difícil, no Velodrome, frente ao Marselha (então uma fortíssima equipa europeia, "só" com Mozer, Papin, Abedi Pelé, Chris Waddle, o grande Francescoli e mais uma mão cheia de internacionais franceses). Nessa altura também jogámos a 1ª mão fora e também perdemos (2-1, marcou o Lima). Estivemos na frente do marcador inclusivé. Mas nessa noite, sobretudo nos segundos 45 minutos, vi o Benfica sofrer o maior massacre que tenho memória. A avalanche francesa era de tal intensidade que me fui sentindo cada vez mais pequenino...

Nunca tinha visto o Glorioso Benfica ser dominado e vulgarizado daquela forma, não há mesmo outro adjectivo, foi um massacre! Mas sobrevivemos ao Massacre do Velodrome e haveríamos de alcançar uma final europeia (a última até aos dias de hoje, perdida frente ao "Super-Milan"). Ouvi o Valdo (um dos maiores génios que vestiu o Manto Sagrado) dizer recentemente acerca desse jogo:

No final, nos balneários, festejámos. Estávamos na Final! Porque depois de um "baile" daqueles, depois de termos sobrevivido àquele jogo com um 2-1, na Luz bastava um golo. Tínhamos saído vivos daquele jogo e com tudo em aberto, por isso, na Luz, com os nossos, de certeza absoluta que faríamos um golo.

Ontem estivemos longe de ser massacrados e, para mim, este Fenerbahçe é muita fraquinho, logo temos obrigação de voltar a ser finalistas numa competição da UEFA. O score não é bom, mas está longe de ser catastrófico, temos 90 minutos para fazer UM golo e não sofre. Dessa forma, estaremos na luta!

Os turcos mostraram ser pujantes (ressaltos, bolas divididas) mas não lhes vi qualquer estratégia ofensiva, um plano, uma forma delineada de atacar. Não jogam grande coisa em contra-ataque (não têm aquele extremo explosivo que desbarata defesas e leva perigo nas botas), de forma organizada parecem-me do mais básico que já defrontámos, mas são uma formação muito física, com vários jogadores compactos e contundentes. E pouco mais.

O Benfica ontem não teve dinâmica. Nem falo da nossa dinâmica habitual, nem contra-atacamos rápido e bem, nem soubemos fazer o carrocel (em posse) de forma efectiva. Jogámos anestesiados e muito provavelmente com um nadinha de confiança a mais.

Podíamos ter resolvido logo cedo, além do remate de Salvio, tivemos algumas aproximações em que "só" faltou uma melhor definição, uma escolha mais simples e inteligente das jogadas. Aí sim, fresquinhos em campo, podíamos ter arrumado com os turcos (que se limitavam ao chutão). O Fenerbahçe não se preocupou em jogar bonito ou dar espectáculo, queria a bola longe da área deles e chegar lá à frente, literalmente aos trambolhões.

Um Benfica concentrado e melhor disposto no terreno, teria ganho e resolvido a eliminatória. Muito provavelmente sem sofrer golos. Luisão e Enzo fizeram mesmo falta. O Jardel - que é um gajo que eu aprecio e até o considero o nosso central mais rápido - teve um início de jogo desastrado, andou aos papéis. Faltas escusadas e infantis, entradas tardias à bola e um posicionamento entre o nada e o longe. Acusou a responsabilidade ou faltou voz de comando ?

Se há coisa em que Luisão é essencial é na organização defensiva, é ele quem alerta todo o quarteto defensivo (e também o médio mais recuado) acerca da disposição no terreno. E depois é um atleta experiente e que não se impressiona com adversários difíceis ou ambientes hostis. E como esta época, o nosso Capitão ainda não fez um dos seus famosos golos decisivos, esperemos que na próxima 2ª (ou 5ª) ele mantenha a tradição.

Enzo Perez, já não há dúvidas, é uma das chaves do êxito desta equipa. Um jogador que alia a finesse técnica de um eleito à raça dos futebolistas argentinos, tem que forçosamente ser craque. E depois tem-se revelado bastas vezes o dínamo de todo o processo ofensivo. Um jogador como Enzo teria sido crucial ontem, já que, infelizmente, o André Gomes não teve o melhor dos desempenhos.

Outro muito apagado foi o Ola John. O Ola John tem futebol para ser muito mais decisivo e fazer muito mais golos. Falta-lhe carisma, falta-lhe "chispa", falta-lhe ir muito mais vezes para cima do adversário. E fisicamente também me pareceu "preso". Com a ascensão de Gaitán parece ter perdido influência no jogo e consequentemente, minutos na equipa. Precisamos de novo "click" no miúdo holandês.

Aimar foi a surpresa. Está para chegar o dia em que eu diga que Pablo César Aimar Giordano não devia jogar. Aimar é Aimar. É o melhor jogador do Campeonato, um dos melhores de sempre do Benfica. Quando oiço o nome Aimar penso sempre nesta citação (o autor que me perdoe - penso que foi um técnico brasileiro - mas não me recordo do seu nome):

Jogador mau é aquele que não consegue fazer um passe que todo o estádio viu; jogador bom é aquele que consegue fazer o passe que todo o estádio já viu ; génio é aquele que consegue fazer um passe que ninguém no estádio tinha visto.

Acho que no fundo Aimar é a definição de classe, é daqueles jogadores que, por si só, valem o preço do bilhete. Portanto, Aimar no 11 ontem, nunca seria uma má notícia para mim. E se foi surpreendente porque o craque argentino tem poucos minutos esta época (e algumas lesões) o que o tem impedido de ter mais impacto dentro do terreno de jogo.

Mas Jesus disse depois, que Lima e Gaitán não estavam nas melhores condições. Ora, André Gomes - apesar de titular em Nou Camp e Alvalade, por exemplo - não deixa de ser um dos mais inexperientes no nosso plantel, e num ambiente como o de ontem em Istambul, era importante ter alguma experiência dentro de campo. E é nessa perspectiva que percebo a titularidade de Pablo Aimar. Com Aimar, à partida, teríamos uma melhor gestão no meio-campo e um melhor critério em passe. Até para os colegas, era importante ver a palavra A-I-M-A-R estampada nas cores encarnadas.

O problema é que (apesar de termos terminado com uma vantagem grande na posse de bola: 60/40) nunca tivemos boas opções no passe e acumulámos várias perdas infantis (desde escorregadelas a ressaltos, a bola parecia ter "picos") o que diminuiu bastante o peso de Aimar no nosso futebol. E, como o próprio argentino já afirmou, também não se encontrou no seu melhor momento ontem. Apesar disso, não sofremos qualquer golo com Aimar em campo, e este dispôs mesmo de uma boa chance de golo (remate por cima da trave de Demirel).

Outra opção poderia ter sido Martins (que também tem acumulado lesões e desperdiçado minutos esta época), mas acredito que Aimar - com mais nome e mais experiência - imponha mais respeito na Turquia. E não, não foi por Aimar que perdemos o jogo.

Perdemos porque voltámos a cometer um erro infantil como em Newcastle (qual seria a ideia de Melgarejo ?? Atrasar para Artur ? Cabecear para ceder canto ? Ou será que não viu a bola ?). Desse cabeceamento horrível, a bola foi parar ao único sítio proibido (3 jogadores adversários soltos de marcação) e estava feito o único golo da partida.

É verdade que tivemos 3 bolas nos postes, mas a primeira é um caeceamento "alto" que desce na parte final e bate já na parte superior da trave, a segunda é um penalty e só na terceira acho que tivemos sorte, porque o adversário estava em excelente posição e o ressalto acabou nas mãos de Artur. Gaitán também enviou uma bola ao poste (remate muito parecido a um golaço que havia feito na época passada ao Trabzonspor) mas ontem não era dia de Benfica.

Foram 38 jogos consecutivos sem perder, 6 meses invictos (desde 23 de Outubro em Moscovo a Istambul) e, apenas a 5ª vez esta época que ficámos em branco (a maior pecha ontem). Foi mau, é pena, mas estamos vivos nos 3 títulos em disputa. Nesta época 2012/2013 só o Benfica tem proporcionado alegrias, só os benfiquistas haviam sorrido. O Sporting apenas provocou gargalhadas e o Porto tem engolido em seco uma e outra vez. Pois bem, ontem foi a 1ª grande alegria de portistas e sportinguistas na época em curso, não deixa de ser sintomático... Mas amigos, quem ri por último ri melhor, e segunda-feira é Dia de Benfica !

«O futebol não é uma questão de Vida ou Morte. É muito mais que isso...» - Bill Shankly

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