domingo, 16 de agosto de 2015

Nelsinho e mais 10

Ok, estou a exagerar um pouco porque houve mais gente com nota positiva: Júlio César, Talisca e Vitor Andrade, por exemplo. Mas não exageraria se o título deste post fosse Estrelinha de Campeão na 1ª jornada.

Ganhámos 4-0 (quatro golos no último quarto de hora) mas a história do jogo é muito mais que isso. O Estoril entrou muito forte e a pressionar alto, dispôs mesmo das melhores oportunidades da primeira parte. Valeu um enorme Júlio César, que já no segundo tempo fez uma defesa impossível que negou o 0-1 e provavelmente mais um resultado negativo para nós face ao que se vira até ali.

Tenho dúvidas em 2 lances de penalidade para o Estoril (com 0-0) mas pareceram-me ambos bem julgados: contactos leves e consequente queda desproporcionada. Já no penalty que nos favoreceu parece-me que a bola bateu na barriga do Matheus (filho do Bebeto, a quem o brasileiro dedicou um festejo famoso no Mundial'94) e não vi mão nenhuma.

Quanto ao jogo foi mais do mesmo, um Benfica pastoso, manietado e sem soluções. Teve o dom Rui Vitória, desta feita, de ter feito boas substituições que mudaram bastante a história do jogo. Talisca foi espetacular. Tem uma qualidade superior e será engraçado ler os jornalistas amanhã depois de o terem enxovalhado no último domingo ("está de férias", "jogou zero", etc). Talisca joga muito, ponto. Mas pode jogar mais ou menos consoante as ordens que o treinador lhe dá e o local do terreno que ocupar. Aquele pé esquerdo é fabuloso e Talisca será um jogador de eleição, não tenho a mínima dúvida. Oxalá continue connosco bastantes anos. Craque!

De Júlio César só se pode esperar categoria. Hoje safou o Benfica várias vezes e mostrou que é um dos grandes GR mundiais, faz tudo bem. Diz-se que uma equipa top tem que ter um GR e um '9' de eleição. Guarda-redes já temos, um número nove ainda não sei...

Hoje o '9' foi Mitroglou. Completamente fora de forma (não sei que raio de pré-temporada fazem os gajos do Fulham...) e - outra vez - um corpo estranho à equipa. Dei por ele num falhanço foleiro já depois dos 60 minutos. Mas - e este mas não é de somenos - foi ele que abriu o marcador com um golo...à Cardozo. Isto é, estava no sítio certo para encostar. Mitroglou será a referência, o pivot deste Benfica 15/16, mas tem que melhorar muito ainda porque Jiménez está à espreita. O grego tem coisas de jogador de área como Cardozo e tem olfacto goleador como a lenda paraguaia mas isto são apenas conjecturas minhas porque a amostra real, para já, é curta. Espero que o "festejo à Mitroglou" vire moda em Portugal este ano. Era bom sinal.

Gostei muito mesmo do Vitor Andrade. A forma explosiva e carregadinha de alma com que entrou no jogo deve tê-lo deixado mais extenuado que companheiros seus que fizeram os 90 minutos. O miúdo queria ir a todas, disputava todas, corria para trás, para a frente, para os lados, uff, cansava e empolgava só de ver. Mas aquele sangue na guelra puxou pelos jogadores, puxou pelo público, e confesso mesmo que aquele cruzamento de primeira para o terceiro golo foi o momento em que me levantei entusiasmado pela primeira vez em todo o jogo (isto até ao golaço que foi o 4º).

O Vitor chegou do Santos (onde além de grande promessa vivia com rótulos de 'novo Robinho' e 'novo Neymar') e foi para a equipa B disputar uma segunda liga bem diferente do futebol brasileiro. Nunca se queixou, nunca amuou, foi jogando e evoluindo pouco a pouco sempre humilde e com um sorriso. Nunca teve hipóteses com Jesus (que eu me lembre...) mas nunca baixou os braços. Hoje - depois de nem ter sido chamado à pré-temporada - teve a sua chance e não defraudou. Mostrou aquilo que deve ser um suplente: os minutos que jogar - 5 ou 50 - têm que ser a alta rotação. Vitor Andrade entrou com alma até Almeida e foi recompensado, grande jogo e talvez a garantia de um lugar no plantel principal.

Mas aquele que enche as medidas é Nelsinho. Outro grande jogo de Nélson Semedo (chegou para a equipa B vindo do Sintrense pelas mãos de Norton de Matos se não estou em erro) culminado com um golaço depois da enésima genialidade de Nicolás Gaitán. O Semedo faz-me lembrar o Miguel, aquele Miguel empolgante quando surgiu a defesa direito. Velocidade, técnica, sprints, o miúdo tem tudo para ser um caso sério no futebol português, no Benfica e na Seleção.

Para quem, como eu, acompanha a equipa B, a qualidade do Nélson Semedo não é novidade nenhuma. Aquilo que estão agora a ver ele já fazia semanalmente na época transacta. Aquilo que me tem surpreendido é a tranquilidade (o despeito até) com que ele enfrenta rivais de primeira divisão. Não treme, não tem medo de "partir para cima" e não presta vassalagem a nenhum adversário. Se um miúdo acabado de chegar ao bicampeão nacional já se comporta assim...mal posso esperar para ver o Semedo lá para meio da época.

Contas feitas demos 4-0 (líderes) a um grande Estoril (que me surpreendeu imenso, excelente equipa) mas continuamos a jogar pouquinho. Depois de não sei quantas horas sem fazer um mísero golo, fizemos 4 num quarto de hora. Agora resta trabalhar. E trabalhar. E trabalhar. Muito! Porque temos demasiados bons jogadores para jogarmos tão pouco.

P.S. - estamos a assistir aos últimos passes de mágica do Nico Gaitán entre nós, aproveitem e compareçam Domingo em Aveiro para ver o astro argentino. Para ver o Gaitán, para ver o Benfica e para vencer, como sempre.

2 comentários:

Joseph Lemos disse...

Só faltou uma referência:os golpes de "karate"(lição estudada) aplicados e constantes pelos jogadores do Estoril.
Ainda na primeira parte e pouco antes do intervalo, as estatísticas ditaram na altura, 4 faltas para o Benfica e 25 para o Estoril.
Há que estar atento!

Tyler Durden disse...

Caro Joseph

obrigado pela lembrança, confesso que não reparei nessa estatística. Para dizer a verdade foram 60 e tal minutos de muito aborrecimento e alguma frustração. Valeram os "quinze minutos à Benfica".

De momento só penso em fazer 12 pontos até à 5ª jornada (no Dragão) e que aí, o nosso treinador demonstre que "o burro sou eu". Nada me faria mais feliz.

Até lá resta-me esperar que os 15 minutos de ontem sejam um prenúncio para o que de bom se seguirá.

Cumprimentos