quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Destino nos nossos pés

Jesus teve um "intervalo" no castigo, voltou ao banco e... decidiu. Ok, tirar dois dos melhores em campo (Enzo e Gaitán) para que entrassem Sulejmani (praticamente sem jogar desde Agosto) e Rodrigo (numa forma horrível e a quem tudo parecia sair mal) não pareciam golpes de génio, mas resultaram numa vitória inédita no terreno do Anderlecht, portanto kudos JJ.

Mas voltemos ao início do jogo. O Anderlecht estava a 3 pontos do Benfica e via uma chance única para entrar na disputa pelo 3º lugar e consequente qualificação para a Liga Europa. Renascidos com o empate conseguido no Parque dos Príncipes (na jornada anterior), os belgas agarraram-se com unhas e dentes a esta última oportunidade. Têm uma equipa jovem recheada de bons valores (Praet, Mbemba, Bruno, Mitrovic e Suárez que não jogou por lesão) e com muito potencial, mas falta-lhes ordem e disciplina táctica.

O Benfica entrou melhor mas viu-se cedo a perder. Depois do 1-0, o Anderlecht chegou a ter uma linha de 6 defesas, num atípico 6-3-1, onde tinha 3 jogadores no centro do terreno e Mitrovic como "corpo estranho", o avançado isolado. Nós tínhamos muitas dificuldades em trocar a bola criando perigo e sucediam-se as perdas de bola infantis. Também não houve as solicitações às diagonais de Markovic, portanto furar aquela linha de 6 só surgiria numa bola parada.

E foi Matic a fazer golo de novo. Livre bem batido por Enzo Pérez (enorme jogador) para a zona entra a defesa e o GR, e Matic a cabecear para o empate. A equipa pareceu acreditar nela própria e este desafio estava longe de ser resolvido. No início da segunda parte, Gaitán (transfigura-se na Champions, e ontem via-se que queria fazer "estragos", estava com fome de bola) tem um grande lance, onde acaba por ser desarmado pelo último adversário - devia ter solto a bola antes desse momento - e estatela-se. A bola sobra para o omnipresente Enzo, Gaitán levanta-se e cria uma linha de passe para o compatriota, Pérez faz um passe simples e directo e deixa Nico Gaitán na frente do GR. Estando descaído para a direita, Gaitán não pode visar a baliza com o seu pior pé, faz então uma rotação ao mesmo tempo que domina a bola, preparando o remate com o pé esquerdo, que executa de seguida, a bola ainda bate num adversário antes de entrar na baliza. Com 52', o Benfica passa pela primeira vez para a frente do marcador.

Tudo parecia encaminhar-se para uma vitória tranquila e para um avolumar do resultado, mas falta classe a este Benfica, que não só não soube matar o jogo como permitiu o empate com menos de 15 minutos para o final. Esse golo entrou pelo poste que cabia a Artur, mas a violência do mesmo talvez sirva de desculpa, não se pode é desculpar a fraca pressão defensiva dos jogadores benfiquistas, sobretudo a Vanden Borre, que, a passo, escolheu onde e a quem meter a bola.

Se a nossa exibição já vinha perdendo cor, a perda da vantagem (e consequente adeus à Champions) parecia ser o nosso fim. Teria JJ poupado Gaitán (por Sulejmani) demasiado cedo? O argentino parecia capaz de, num lance de génio, fazer o check mate aos belgas e o sérvio Sulejmani nada tinha acrescentado.

Nova bola parada. Se há coisa em que Sulejmani é bom é a cruzar e a bater bolas paradas. Cruzamento perfeito do sérvio a isolar Luisão em jogada de laboratório (Luisão colocou-se no vértice da área, apareceu Markovic a bloquear - no limiar da falta... - o marcador de Luisão) mas o capitão falhou inexplicavelmente o cabeceamento sem ninguém a importuná-lo.

Com pouco engenho mas muita adrenalina, o Anderlecht também criava frisson na nossa área (bem Artur nesta fase) e apesar da forma atabalhoada (e de muitos erros nossos) ameaçava marcar. É na sequência de um desses lances que Maxi (hoje muito pouco afoito ofensivamente, ordens de Jesus certamente) dá um "charuto" na bola e Lima vai disputá-la sobre a linha divisória. E é este o momento decisivo para mim - o lance de Lima - porque é no cabeceamento excelente de Lima que se constrói o golo da vitória. Ofensivamente o Benfica disputa poucas bolas aéreas (Lima, Cardozo e Rodrigo ganham poucas, mas disputam menos lances destes do que os que deviam), os nossos avançados parecem ter pouca confiança neste gesto muitas vezes fundamental. Mas neste caso Lima encheu-se de fé e procurou uma bola perdida, aliviada por Maxi, a sua crença permitiu-lhe não só ganhar o lance como ainda deixar a bola redondinha nos pés de Sulejmani. O sérvio deu dois passos e isolou Rodrigo com um passe simples, o malogrado Rodrigo (entrado há 3 minutos apenas havia feito uma falta, inexistente diga-se) estava isolado em frente ao GR belga, no minuto 90 da partida.

O hispano-brasileiro deu um toque na bola (o seu 1º no jogo) preparando o remate com o pé esquerdo... (por momentos pensei no seu falhanço de Nou Camp...) e o seu segundo toque na partida foi o remate para a baliza. Um remate como têm sido as suas prestações: desajeitado, trapalhão e sem grande objectividade. Mas esse remate "tosco", além de bater nas pernas do desamparado Proto, deu golo! Deu golo, deu a vitória, deu 1M de euros e sabe-se lá se não terá sido o início da tragédia grega...para os gregos (que mais ou menos nessa altura sofriam o 2-1 que os derrotava em Paris).

Não satisfeitos com a improbabilidade de uma vitória nos últimos suspiros de um desafio, os benfiquistas em campo ainda acumularam 2 ou 3 erros de bradar aos céus nos restantes minutos de compensação. Parecia que queriam mesmo "animar o ambiente" até ao último segundo. Último segundo que aconteceu quando 2 jogadores nossos iam isolados para a baliza belga apenas com o GR como oposição, mas o urso do árbitro decidiu apitar, um tal de Daniele Orsato, pois...

Fejsa mostrou que é um bom elemento e vai ser muito útil. Artur falhou num cruzamento mas de resto pareceu-me concentrado (no lance do 2-2 tem atenuantes). Enzo e Matic são craques, têm muita classe mas...são apenas 2 jogadores. Markovic é um génio mas precisa compreender rapidamente que não vai ter lances maradonianos todos os jogos. Lima fez um bom jogo, competente e Rodrigo esperemos que tenha acabado com o péssimo momento que atravessava.

No final uma coisa me chamou a atenção, Matic disse algo como «também podemos ganhar jogos no último minuto». O que mostra que os jogadores ainda não estão (ou não estavam) refeitos dessa praga de sofrer golos no fim. Mas talvez se tenha invertido uma tendência neste jogo.

P.S. - muito difícil e importantíssimo o jogo que se segue frente ao Rio Ave. Nunca temos facilidades naquele campo e quando vencemos são sempre jogos duríssimos com vantagens magras. Ora vindo nós de um jogo de Champions (e o Rio Ave é uma das boas equipas da Liga) a dificuldade aumenta...mas é imperioso vencer! Por isso, todos ao Estádio dos Arcos apoiar o Maior!!!

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