domingo, 10 de novembro de 2013

Do Pireu ao Casual

A época 13/14 do Benfica chegava a Novembro sem uma única goleada (0-3 à Académica é algo trivial) e, pior ainda, sem uma grande exibição. A depressão do final da época passada teimava em prolongar-se num jogo sem chama nem inspiração, a equipa "apenas" sobrevivia, parecendo desconhecer os rasgos de génio do passado.

Foi preciso chegar o dia 5 de Novembro de 2013 para o Benfica "engatar" finalmente a primeira grande "jogatana" da época. Em Atenas vimos talvez o Benfica mais demolidor e autoritário, em jogos fora, na Champions. Talvez só o confronto do Nou Camp, na época passada, possa ficar próximo. Mas tal como nesse jogo, não vencemos. E, muito provavelmente, despedimo-nos desta edição da Liga dos Campeões (cuja final será no nosso Estádio).

Os gregos, como locais, são sempre um ambiente e equipa difíceis, mas desta feita devem ter agradecido aos deuses vencerem um jogo onde foram esmagados durante 90 minutos. O Olympiakos deve ter feito uns 3 remates (apenas 2 no alvo) durante toda a partida (o que lhes rendeu um golo), enquanto nós desperdiçámos mais de meia dúzia de ocasiões flagrantes.

As oportunidades de golo sucederam-se durante todo o jogo, e quase todas escandalosamente falhadas. Sim, Roberto fez um bom jogo e teve algumas defesas soberbas, mas também houve demérito nosso noutras ocasiões. O empate era injusto, a derrota um escândalo.

Mas ficou a primeira grande exibição da época, uma atitude inexcedível do primeiro ao último segundo, arrisco dizer que se tivéssemos demonstrado sempre aquela vontade, raça e ambição...esta estaria a ser uma época fabulosa. Mas infelizmente, o jogo jogado de Atenas foi a excepção numa época amorfa. E posto isto, dificilmente não dissemos adeus à Champions, precisamos vencer em Bruxelas e derrotar o PSG na Luz (e mesmo assim, com esses 10 pontos, podemos estar fora). Acho que vamos derrotar os franceses, com maiores ou menores dificuldades o Benfica é melhor equipa que estes "novos ricos" da Cidade Luz, e jogando em casa somos muito difíceis de bater. O que me preocupa é o desafio com o Anderlecht, porque além de terem excelentes jogadores, o empate que obtiveram frente ao PSG devolveu-lhes as esperanças e, se vencerem o Benfica ficam com os mesmos pontos que nós (4), portanto vão dar tudo para nos derrotar. Vencer em Bruxelas vai ser muito, muito difícil.

Depois de Atenas (e da sensação agridoce) seguia-se o Sporting para a Taça de Portugal. Voltámos a entrar muito bem, e o jogo parecia uma continuação de Atenas, roubávamos bolas atrás de bolas e sufocávamos o adversário que pura e simplesmente não conseguia jogar. Sílvio e Amorim tinham sido excelentes surpresas em Atenas, ambos realizando excelentes exibições (confesso-me bastante mais surpreendido com o Sílvio porque o achava desnecessário - sempre é melhor que o Cortez... - mas o português fez questão de me desmentir arrancando 2 grandes jogos: muito seguro a defender, competente nos duelos individuais e a associar-se ao ataque com propósito e frequência) que confirmaram no derby. Aliás, a saída de Ruben Amorim por lesão (mais uma, possivelmente grave) abanou significativamente a equipa, que até aí tinha sido imperial.

Mas voltemos ao derby. Houve um pormenor que me chamou a atenção, num centro de terreno bastante povoado, o Benfica tinha uma posse de bola com muita qualidade, fazendo trocas de bola sucessivas entre os seus atletas com bastante precisão. Não se viam alívios disparatados ou passes para a zona, houve muito critério, mesmo nos desarmes de bola os nossos jogadores deixavam a bola jogável para um companheiro, e para mim esse é um dado que revela confiança, trabalho táctico e que não se deve ignorar. Num jogo como um derby é natural que um jogador não queira falhar e as defesas tentam ser mais implacáveis que "bonitas", portanto foi muito interessante ver a classe dos nossos jogadores e a preocupação em "fazer bem", em manter a bola jogável em nossa posse.

Cardozo fez o primeiro cedo mas a equipa continuou autoritária e dominadora não cedendo qualquer veleidade ao Sporting. O empate surgiria contra a corrente do jogo. Uma perda de bola infantil e raríssima até então, fez deslocar Luisão da área, surgiu um excelente cruzamento (e cuidado que Capel pode estar offside nesse momento, tentem rever melhor esse lance) e Capel, sozinho (o seu marcador, André Almeida, foi fechar ao meio na falta de um central) empatou o jogo.

Mas a equipa não abanou e continuou a jogar bem, com personalidade. Apareceu então Gaitán e....Oscar Cardozo que fez um hat-trick em 45 minutos com 2 golaços ambos a passe do Nico. Um cabeceamento irrepreensível no ângulo e um tiraço à Cardozo sem chance de defesa. Chegava o intervalo com justíssima vantagem de 3-1 e mais uma excelente exibição.

O Benfica estava compacto e não permitia veleidades ao adversário, até surgir o 3-2 (de canto outra vez, tal como em Atenas) e a lesão de Amorim. O jogo ficou equilibrado mas sem grandes chances. Só no final dos 90 minutos o Sporting se aproximou, primeiro com Slimani isolado a atirar ao poste e depois, já nos descontos, o mesmo jogador a empatar, de cabeça, em mais uma bola parada. Em jogo jogado, o Sporting foi muito inferior e só nas bolas paradas chegou ao golo, acho que até mais por demérito nosso (começa a haver frisson quando temos que defender esses lances e o psicológico dos jogadores, de ambas as equipas, reflecte-se no terreno) do que por alguma genialidade do outro lado. Aliás, a falta que origina o empate já nos descontos, é de uma infantilidade atroz do Ivan Cavaleiro (é um bom jogador, mas não é nenhum fora de série e ontem terá acusado alguma pressão). Um jogador de costas para a baliza não é um perigo eminente, o Ivan só tem que contemporizar e proteger o espaço, não precisa atropelar o adversário, não fazem sentido faltas destas em alta competição.

Com 90 minutos de Atenas nas pernas (recorde-se que o Sporting joga de semana a semana; e agora nem isso...), o prolongamento não se previa risonho. Primeiro porque animicamente o Sporting ganhou um alento gigantesco e, inversamente, os nossos jogadores sofreram um golpe (mais um) duríssimo; e depois, na parte física, nós vínhamos de um jogo da Champions em Atenas e eles do cansativo hobbie de meio da semana: ver o Benfica na TV.

Mas o prolongamento traria justiça e a passagem do Benfica à próxima eliminatória da Taça de Portugal. E foi Luisão (mais uma vez) a dar a vitória num jogo épico. É um frango monumental, mas a verdade é que Luisão cabeceou mesmo a bola e deu-nos a vitória num dos lances mais caricatos que há memória. Curiosamente, dois dos ódios de estimação dos lagartos (Cardozo e Luisão) voltaram a dizer olá. É comum eles dizerem que nenhum dos dois jogam nada e que não tinham lugar no Sporting, eu até os percebo, um não para de lhes fazer golos atrás de golos, o outro não faz muitos, mas quando marca...isso significa o adeus do Sporting a uma competição, portanto eu até entendo a azia descomunal que eles sentem para dizer tamanhas barbaridades.

Por fim o árbitro. Este senhor Duarte Gomes apitou o último derby na velha Catedral, derby famoso pelo derrube do ar a Jardel, numa das mais patéticas marcações de penalty que há memória. O Benfica empatou 2-2 esse jogo, e chegou a fazer o 2-0 reduzido a 10, mas Duarte Gomes empatou a contenda. Portanto de árbitros assumidamente benfiquistas estamos conversados (se Proença não bastasse...).

Mas vamos aos lances do derby. No primeiro golo do Sporting reclamou-se off-side de Montero, mas não existe, só que no momento do cruzamento de Wilson Eduardo, o Capel parece-me ligeiramente adiantado, ou pelo menos adiantado na mesma medida que Cardozo está no 3º golo benfiquista. O braço televisivo do polvo a.k.a. SportTV demorou segundos a traçar uma linha no lance de Cardozo e (largos) minutos no de Montero, porque no tal momento de Capel não só não traçaram linha como não pararam a imagem. "Critérios".

Depois, "chora" a Comunicação Social Parcial (o tal periodismo de camiseta) um penalty sobre Montero. Pois bem, a haver toque de Luisão no sportinguista este é no braço e quando o colombiano já está em queda fruto de uma simulação grosseira. Há até quem diga que houve pé em riste sobre Luisão, mas dando isso de barato, o toque posterior de Luisão não é suficiente para a queda (e se fosse de tal forma impactante que o fizesse cair, ele cairia para trás e não para a frente) como acima de tudo o jogador já vai em queda (simulada) quando esse toque acontece. Pois bem, parece que os senhores "jornalistas" ou nunca jogaram futebol (provável) e nem sequer sabem o que é aquilo que escrevi; ou então esses mesmos "senhores" escrevem mentiras com propósito e intenção (muito provável).

Reclama-se também uma mão de André Almeida, que aconteceu à queima roupa e sem o jogador estar a olhar para o lance. Aceito o penalty, mas estou curioso para ver os comentadores portistas acerca deste lance (coluna vertebral há muito se foi daquelas coordenadas...).

Mas se quisessem mais provas da parcialidade destes artistas do jornalismo desportivo, atente-se nas manchetes do último derby (1-1 em Alvalade). Com um golo obtido em off-side e um penalty do tamanho da Torre dos Clérigos perdoado ao Sporting, certamente que as capas de jornais diriam algo como: errou só para um lado ou influência directa no resultado. Certo ?



Pois...parece que foi tudo tranquilo. Como terá sido a capa de hoje ??



Lendária azia de artistas como Bernardo Ribeiro e António Varela, que não se cansam de ir perdendo crédito graças àquilo que escrevem e à posição que ocupam. Eu sei que é chato mas .... estudasses!

P.S. - menos de 24h depois do 4-3 da Taça de Portugal, mais dois derbys e duas vitórias (34-10 em Rugby e 7-8 em Futsal), obrigado Benfica!

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