sábado, 8 de junho de 2013

Análise 12/13

ARTUR - depois duma 1ª época muito boa (contrariando a ideia que tinha dele) e onde terá valido alguns pontos (mas longe dos 9/10 que os keepers de eleição costumam garantir por Campeonato), Artur teve um segundo ano regular, com falhas graves em momentos chave. Se na primeira época recordamos defesas do outro mundo frente ao Twente (por exemplo), este ano fica marcado por frangos frente ao Porto (2 jogos), Nacional fora, Estoril em casa e na Final da TP. No dia dessas falhas não vencemos nenhum jogo... É que as falhas de um GR notam-se mais que qualquer outro jogador, porque normalmente resultam em golos sofridos. Na 1ª época lembro-me de um frango, na Luz, numa vitória frente ao Guimarães, este ano, já o escrevi acima, há vários. Fez bom jogos frente ao Barcelona (costuma jogar melhor na Europa...) e tem uma defesa descomunal (à Gordon Banks) em Vila do Conde no último minuto, mas não se viram muito mais dessas. O nível dele no ano passado pareceu tão bom que os rumores da canarinha se acentuaram..e não sei se esse sonho terá contribuído para a sua desconcentração deste ano, mas não tivemos o mesmo Artur. 11/20

PAULO LOPES - como se esperava jogou pouco. Recordo 2 jogos nas Taças, em Freamunde e Moreira de Cónegos, onde teve boas intervenções e jogou bem. Terá sido contratado porque é formado localmente e oferecia algumas garantias caso fosse chamado a jogar. 10/20

ANDRÉ ALMEIDA - sempre vi futebol no André, mas não esperava que rendesse tanto como esta época. E para ser justo, sempre achei que tinha muito mais futuro a médio-centro que a defesa lateral. Achava que como médio podia ter uma carreira interessante, mas como lateral não lhe via grandes capacidades para ser mais do que medíocre. Pois bem, e apesar de ter feito uma belíssima partida no centro do terreno frente ao Spartak, na Luz, foi na lateral que "arrancou" os seus melhores jogos. E terá sido mesmo na lateral esquerda onde assinou os melhores registos, recordo o jogo na Luz frente ao Fenerbahçe, o jogo no Dragão ou até a final da LE. Mostrou ser um bom valor e conto com ele no plantel do próximo ano, Jesus tem aqui um menino para moldar e fazer crescer. 14/20

MAXI - já o escrevi inúmeras vezes, o Maxi é, de todo o plantel, o jogador mais à Benfica que temos connosco. Tem aquela raça uruguaia que tão bem casa com os valores do Benfica, aquela coisa do antes quebrar que torcer. É um atleta que dá tudo durante 90 minutos (não raras vezes, e quando o marcador já passa dos 80', vemo-lo a fazer sprints até à linha de fundo) ou 45, ou apenas 5, para o Maxi nunca há jogo a feijões, ele veste aquela camisola e sabe que vai para a guerra, e na "guerra do Maxi" desistir nunca é opção. Se um dia tivéssemos 11 Maxis...seríamos quase imbatíveis. Mas isto não me impede de reconhecer que esta não foi a melhor época futebolística do uruguaio. Começou num aparente descontrolo táctico onde estava em todo o lado (ou queria estar) menos na defesa da lateral direita. Ainda me perguntei se era pura anarquia táctica ou, visto que o lateral esquerdo não subia, teria permissão para aquelas posições tão avançadas (deixando o Benfica com uma defesa a 3). Com o final da época viu-se que Jesus preferiu controlar o risco de ter um lateral direito demasiado ofensivo em certos jogos e sentou-o. Houve muitos jogos que lhe correram mal, mas a "bicicleta" frente ao Beira-Mar (num jogo muito complicado depois do desgaste físico ocorrido frente ao Barça) evitou a perda de pontos, e o golo frente ao Estoril (onde já havia "falhado" um..) ainda alimentou o sonho. Esperava-se mais de Maxi, a sua entrega incondicional não foi suficiente este ano. 12/20

MELGAREJO - um dos estreantes desta época. Vinha de uma belíssima época enquanto extremo esquerdo e com mais de 10 golos no Campeonato pelo Paços de Ferreira (emprestado pelo Benfica). As minhas expectativas eram que pudesse ser o substituto de Gaitán na extrema esquerda visto ser potente, ter um bom pique e livrar-se com facilidade do seu marcador. E além disto tudo tinha golo. Jesus adaptou-o a lateral esquerdo e jogou aí toda a época (8º mais utilizado, 1873 minutos). Pensei que podia ser boa ideia tê-lo a lateral se ele se adaptasse defensivamente, porque na vertente ofensiva acho que ele podia ser tão bom como Coentrão. Não foi isso que aconteceu, Melgarejo poucas vezes ofereceu profundidades ofensiva e mostrou-se sempre muito mais resguardado e recuado que o lateral oposto. Creio que todo esse recato na parte atacante terá partido do banco, que se terá focado em que Melgarejo defendesse bem primeiramente, que aprendesse as rotinas defensivas para que ganhasse confiança na nova posição e que só depois se balanceasse no ataque. Ainda recordo o Melgarejo ofensivo no início de época (frente ao Madrid na Eusébio Cup ou frente a um V.Setúbal com 10 jogadores...), mas depois, o que assistimos com mais destaque foram várias exibições muito competentes defensivamente. Coentrão agarrou a titularidade como lateral perto do final da 1ª volta (Jesus trabalhou-o, sem pressão, até esse momento), Melgarejo não teve esse tempo, fez a sua aprendizagem em competição, quase sem hipótese de errar. E na minha perspectiva fez um traalho muito bom na 1ª época como defesa esquerdo, acho que tem potencial para ser um caso sério, assim lhe permitam continuar a evoluir na posição. 15/20

LUISINHO - o melhor que posso dizer dele é que é o lateral que melhor cruza no plantel, a sua técnica de cruzamento é excelente e uma arma ofensiva cada vez mais importante no futebol moderno. Mas de resto, Luisinho (também com poucas chances) desiludiu. Trapalhão, pouco concentrado e acusar falta de qualidade para estas andanças. Deve sair. 10/20

GARAY - muitíssimo regular. De Garay não se esperam grandes feitos, mas a verdade é que raramente falha nas suas competências: defender. Não tem o carisma ou a liderança de Luisão, mas é um fantástico complemento para qualquer central, joga simples, joga fácil e tem boa qualidade passe (melhor que Luisão por exemplo) para iniciar o processo ofensivo. Faz uma grande época (a falha com Wolfswinkel - onde é ultrapassado de forma risível.. - é das pouquíssimas coisas que lhe posso apontar) e terá sido, certamente, aquele que menos oscilou no seu nível exibicional. Essa regularidade e discrição no cumprimento das suas tarefas levaram-no à titularidade da Selecção Argentina e, mais que provavelmente, ao Manchester United. 16/20

LUISÃO - é o Capitão, estrategicamente é o jogador mais importante da nossa defensiva, quando ele está presente todos jogam melhor, mais concentrados. Luisão esteve castigado 2 meses, o que, forçosamente, terá um grande impacto na sua forma, e logo Luisão que (tal como Cardozo, por exemplo) é um jogador que demora a atingir a sua melhor forma, basta estarem atentos às pré-épocas. Além de Capitão, Luisão tem um "dom", uma espécie de timing para fazer golos decisivos, mas este ano isso não aconteceu... Ainda assim fez uma boa época, foi importante como sempre e raramente cometeu deslizes, a verdade é que se notou menos o seu impacto no terreno este ano. Luisão é fundamental naquele grupo, no balneário e até Jesus o considera um "treinador dentro de campo", e talvez por isso mesmo se espera sempre mais. 15/20

JARDEL - foi o companheiro de Garay durante o castigo de Luisão, e o melhor elogio que lhe posso fazer é que nesses 2 meses só pensei no Capitão uma vez: em Moscovo. Jardel é o central mais rápido do plantel, mas, tal como Garay, não é um líder, é um jogador competente, certinho e excelente profissional. Reconheço-lhe qualidades que me levam a considerá-lo o 3º central do plantel e merece permanecer connosco. Com a saída de Garay, e se não se contratar um central de eleição, Jardel dá-me garantias para assegurar a titularidade, a questão é que se queremos aumentar a exigência e o nível de jogo...precisamos de outro perfil de central, mas mantendo Jardel no plantel. 14/20

MATIC - MVP do Campeonato, melhor jogador do Benfica e provavelmente estará actualmente entre os 10 melhores médios-defensivos do Mundo. Raio de acção inacreditável (ás vezes parecia omnipresente), técnica de avançado, imponente fisicamente, Matic faz tudo e tudo faz bem. De desconhecido JJ transformou-o em referência mundial, um patrão dentro das 4 linhas. A souplesse, a facilidade com que ele "deita" adversários, a forma como transforma uma acção defensiva num contra-golpe, a capacidade de destruir muralhas defensivas com a cabeça levantada tornam-no já numa lenda do Benfica. Podemos vender todos os jogadores menos o Nemanja Matic, o futuro do Benfica passa por este fabuloso sérvio. 18/20

ENZO PÉREZ - o argentino tem todas as características do futebolista moderno: intensidade, raça, pulmão, velocidade, técnica e disponibilidade física. Houve jogos em que os adversários pareciam crianças a defrontar um adulto, sozinho encheu campos e campos por essa Europa fora, um fenómeno. E depois tem atitude, tem aquele feitio argentino que faz dele um jogador de fibra (como Maxi), um médio que tem hoje a Luz a seus pés. Depois de Matic é o jogador mais fundamental na próxima época, e é com jogadores desta estirpe que eu quero que se construa o Benfica, são jogadores assim que se tornarão Lendas na História do Sport Lisboa e Benfica. 17/20

ANDRÉ GOMES - era Capitão dos Juniores e chegou ao plantel principal após alguns jogos na Equipa B. Jogador maduro, tranquilo (foi titular em Camp Nou e Alvalade e parecia um veterano) e que faz da simplicidade de processos a sua maior qualidade. É muito forte fisicamente, protege bem a bola e ainda tem "chegada" à área. Bem trabalhado pode ser um caso sério no futebol português, espera-se que a próxima seja a época de afirmação, entra no "meu" plantel para 13/14. 13/20

PABLO AIMAR - jogou pouquíssimo, foi fustigado por uma longa lesão (antes dele, e com poucas jornadas já liderava o ranking das assistências) e depois disso nunca teve tempo ou espaço para realmente mostrar o seu nível (gostei da sua exibição na Pedreira, para a TL). A verdade é que o nosso futebol ganhava outra dimensão com ele em campo, o jogo passava a ser mais cerebral e mais fluído. Arrisco a dizer que, com o melhor Aimar, este ano tínhamos "dado de calcanhar" em todas as competições. Aquele gerir o jogo de El Mago, as pausas, as triangulações teriam sido o maior aliado de Enzo e Matic (que trio de luxo tinha sido...) formando um centro do terreno fabuloso. Foi pena não poder desfrutar mais de Pablito este ano e "oferecer-lhe" os merecidos títulos nesta sua última campanha entre nós. 11/20

SALVIO - para mim é o jogador que, ofensivamente, mais desequilibra os nossos adversários, porque alia à potência e técnica individual um sentido táctico e colectivo muito importante. E além de criar inúmeras situações de golo, concretiza ele próprio muitas. Depois de Artur e Maxi foi o jogador com mais minutos do plantel e só por aí se vê a importância dele no Benfica actual. Jogador de fino recorte técnico, tem ainda uma capacidade física impressionante, que muitas vezes transportou a equipa às costas para grandes exibições. De Salvio apetece dizer que o melhor ainda está para vir, fará parte dos eleitos da Argentina no Mundial de 2014. 16/20

URRETAVIZCAYA - primeira parte da época em branco (inexplicavelmente não foi inscrito - ou não quis ser - nem na equipa B) e segunda metade com bons jogos na B e curtíssimas aparições na equipa principal (onde fez um golaço de livre na Madeira, frente ao Nacional). Rapidíssimo, sempre pareceu ter potencial a rodos mas sucessivos falhanços nos empréstimos ameçam fazer dele eterna promessa. Quando jogou mostrou vontade e atitude em ajudar mas acabou por não ter continuidade. JJ teve-o sempre por perto (maioritariamente no banco, é verdade) no último trecho do Campeonato, o que me faz pensar que o uruguaio "conta" para a próxima época, mas dos nomes que se falam como possíveis contratações do Benfica, vários seriam concorrentes dele... 12/20

OLA JOHN - é uma pérola, um jogador com um potencial ofensivo fabuloso, tecnicamente quase perfeito mas muito imaturo tacticamente. Jesus traalhou-o no primeiro terço da época para que depois se pudesse apresentar a um bom nível. Internacional A pela Holanda, o jovem nascido na Libéria foi sempre um quebra-cabeças para os laterais adversários, mas espero dele que arrisque mais no 1x1 e que procure o golo mais vezes. Foi a época de ambientação ao futebol português, porque Ola John tem muito mais para dar, é um gajo que, à maneira da escola holandesa, não treme com a bola no pé, sabe sempre o que fazer com ela (mas espero mais verticalidade na próxima época), tem um pique e velocidade muito bons e quando tiver mais confiança será um caso sério e um titular indiscutível. Apesar do primeiro impacto não ter sido negativo, longe disso, Ola John deixou-nos com água na boca acerca do craque que se poderá tornar ao serviço do Sport Lisboa e Benfica. 15/20

NICOLÁS GAITÁN - respira futebol por todos os poros, é um puro sangue, um craque da cabeça aos pés, tivesse ele maior regularidade e consistência e seria top-mundial, aqui e em qualquer sítio. Gaitán joga no Estádio como se estivesse nas ruas da Argentina, procura um futebol espectáculo, de finta, de passe curto e de jogadas espectaculares. Tem um pique excelente e a forma como consegue embalar com a bola controlada é empolgante e dificílima de parar. Começou mal a época (ou algum companheiro estava a trabalhar melhor) mas terminou muito bem, ainda a tempo de participar nalguns golaços (o calcanhar no Estoril e a jogada do derby no golo de Lima). É capaz de fazer jogadas ao alcance de muito poucos jogadores, de trazer classe e perfume a cada toque na bola, mas depois fica largos minutos sem um lance de destaque ou, pior, com consecutivas más decisões. Gostava que ficasse, porque apesar de tacticamente ainda ser um rebelde, é capaz de oferecer coisas que nenhum outro jogador no plantel consegue. 15/20

LIMA - o joker. O avançado mais versátil, mais lutador e que mais constante foi no seu rendimento. Fazer 30 golos numa primeira época, onde se estreou apenas em Coimbra (saltando do banco para marcar uma "bomba" fora da área) é digno de registo e sinal da sua fantástica temporada. Lutador, pressionante, comativo e sobretudo colectivo, Lima foi preponderante no bom rendimento de todo o ataque benfiquista. Jogando como único avançado ou em dupla, o seu rendimento raramente oscilou, o que demonstra bem a sua produtividade e a importância táctica que ele ganhou. Espero mais e melhor na próxima época. 17/20

RODRIGO - tal como Artur teve uma época passada muito boa e as expectativas acerca dele eram enormes este ano. Infelizmente as coisas não lhe saíram bem e digo-o porque de Rodrigo só esperam grandes feitos, grandes golos e grandes jogos, e este ano ele ficou aquém. Pode ser um avançado que vá marcar a próxima década no futebol europeu, esperemos que seja connosco. 13/20

OSCAR CARDOZO - golo. Falar de Cardozo é isso, falar de golos. Voltou a marcar uma "carrada" deles, para todos os gostos e feitios (parecia mesmo que a chegada de Lima tinha também melhorado o seu futebol), a verdade é que Cardozo decide mesmo. A última imagem é a que fica e é verdade que o comportamento de Cardozo no Jamor é indigno e ultraja o benfiquismo, mas não posso julga-lo apenas pelo seu pior momento com o Manto Sagrado, Cardozo tem milhentas boas memórias que, não apagando o mau gesto, permitem que se demonstre reconhecimento pelo excelente jogador que sempre é dentro das quatro linhas. Na hora da verdade, as nossas preces iam sempre ter com o Tacuara, e a verdade é que ele raramente falhava. Não sei se continua a haver espaço para ele no Benfica, mas se sair vai ser muito, muito, muito difícil substituí-lo, demorará anos até que voltemos a ter alguém que marque tantos golos e de forma tão frequente como Oscar Cardozo. 16/20

Esta é a minha análise a alguns dos jogadores na época 12/13, não todos, mas é o meu registo pessoal à época que terminou.

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