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sexta-feira, 14 de março de 2014

Xerife de Sherwood volta a ser enganado. Três vezes!



Na história de Robin Hood, este roubava aos ricos para dar aos pobres, e tudo nas barbas do pobre Xerife da floresta de Sherwood, que ficava completamente desnorteado e irritado. Hoje Jesus deu uma de Robin Hood e voltou a repetir as maldades ao ricalhaço (o Tottenham foi a equipa que mais dinheiro gastou este Verão em toda a Europa - e no Mundo, já agora - na compra de jogadores de futebol) do...Sherwood.

Haverá muita gente a apontar o dedo (curioso não ?) à atitude de Jorge Jesus. Eu não. Já quando mostrou 4 ao Machado delirei, vê-lo repetir a bicada hoje fez-me sorrir de novo. É falta de classe ? Ok. E a classe que a equipa dele mostrou lá dentro ? Jesus deu uma "tareia" ao Sherwood dentro do campo, foi um k.o. impiedoso (ou melhor, ainda houve misericórdia para se desperdiçar o quarto no finalzinho do jogo...) de um português que não é muito bem falante mas que não pede meças a nenhum estrangeiro quando se trata de preparar as suas equipas dentro do terreno.

Gosto dos ingleses, admiro o seu fair-play, mas também sou um fã acérrimo do seu humor, e o gesto de Jesus (por classless que seja) também fez gargalhar muito inglês hoje (sobretudo os rivais do Tottenham). Durante um jogo de futebol as emoções estão ao rubro (quem nunca viu treinadores a comunicar de diferentes formas com o público adversário, o treinador rival ou até jogadores adversários ?) e saber utilizá-las a nosso favor também é uma arte. O pobre do Sherwood ainda disse que adorava devolver o gesto no final da 2ª mão (afinal a fleuma britânica não dá a outra face...) mas disse-o sem qualquer ponta de convicção que o possa fazer, e se nem ele acredita....comeu e calou.

Não acho que o gesto de Jesus tenha sido uma falta de vergonha, já disse que gostei, admito que seja latino demais para os bem-falantes e bem-pensantes que falam de tudo, criticando tudo sem nunca terem experienciado o futebol na realidade, por dentro. Já viram que para um programa de futebol convida-se tudo ? Advogados, jornalistas, médicos, cantores, etc. Num programa de culinária só falam chefs. Num de direito teremos advogados, juízes e juristas. Mas no futebol toda a gente manda o seu bitaite, toda a gente quer dar opinião, por vezes totalmente infundada... Mas adiante. Assino a afronta de Jesus porque aquilo que o Benfica fez hoje foi histórico e os 3 dedos só acentuaram esta noite europeia. O Tottenham nem tem como chorar ou barafustar com esse episódio tal o banho de bola que levou dentro de campo, o gesto de Jorge Jesus foi apenas um torcer de navalha nas três feridas inglesas. É preciso saber ganhar ? Ter respeito pelos vencidos ? Claro que sim, mas isto é um desporto de emoções, muitas à flor da pele e também é necessário extravasar alegrias grandes de vez em quando, sem insultar ninguém (e JJ não insultou).

Podíamos ser todos mais polidos, dar a outra face, elogiar toda a gente e viver num Convento de Humildade ad eternum ? Podíamos, mas era uma chatice descomunal. Eu quero esfregar 3, 4 ou 5 dedos na cara de um bom adversário quando sou superior, sujeito-me a que me façam o mesmo um dia mas trabalharei para que no fim seja eu quem o possa fazer. E se um dia me fizerem o mesmo por ter perdido...só tenho que aceitar, obviamente. O futebol é isto. Nos jogos de maior rivalidade (pela proximidade regional entre as equipas, por exemplo) que disputava, se uma das equipas goleasse a outra (imaginemos um 4-0, por exemplo) passávamos a apertar a mão dos adversários sempre com 4 dedos apenas (até ao próximo jogo...).

Quem se sente melindrado com isto está muito longe de saber o que é a sensação, a adrenalina do futebol. E meus amigos, para poder "espetar" 3 dedos nas fuças do inglês é preciso jogar «muita futabole» onde as coisas realmente se decidem: dentro das 4 linhas. E aí o Benfica "abusou" do Tottenham e derrotou-o onde nenhuma equipa portuguesa havia ganho (nem o mítico Benfica da década de 60): White Hart Lane. O resto são mesmo peanuts.

Entrámos algo receosos, havia uma falha de ligação entre a defesa e o meio-campo, não conseguíamos ter bola entre linhas (clamava-se por Enzo, que encontra sempre uma solução) e Fejsa parecia afectado (passes de risco, passes falhados) enquanto Amorim pedia mais apoio numa zona onde parecia isolado. Curiosamente os dois haveriam de assinar tremendas prestações. Sulejmani era quem parecia mais à vontade neste ambiente: queria ter a bola, pedia-a sempre e estava disposto a fazer tremer os ingleses.

O Tottenham entrou à equipa inglesa: muito lance aéreo e muito kick & rush. O Benfica parecia algo desconfortável com este início britânico e faltava alguém que pusesse gelo no jogo (como diz o Freitas Lobo). Quem começou a tirar o receio à equipa foi mesmo Sulejmani (uma das 4 novidades em relação ao último jogo do Campeonato; Sílvio, Cardozo e Amorim foram as outras), mandou-se para cima dos ingleses, correu que se fartou e fez a equipa acreditar.

Subimos um pouco as linhas, começámos finalmente a ter posse com critério e agora só esperávamos o momento certo para dar a nossa estocada. E foi num genial passe de R.Amorim que esse momento surgiu, bola lançada em profundidade ainda no nosso meio-campo a rasgar a defesa adversária e um Rodrigo embalado a isolar-se e a fazer o primeiro. Na nossa primeira oportunidade facturámos. O Tottenham teve que esperar até ao segundo tempo para dispor da sua primeira chance. E isso diz muito do que na verdade foi a primeira parte do jogo.

Essa oportunidade do Tottenham surgiu num remate de Adebayor ao lado, pouco depois dos 50'. Depois disso o Benfica voltou lá à frente, grande recuperação de Ruben Amorim que acaba a rematar em boa posição (mas com o pé esquerdo) para defesa de Lloris. Canto. Amorim vai bater o canto (de forma perfeita) e o capitão Luisão cabeceia lá para dentro. 2-0. Sem hipótese. Há muito trabalho táctico neste segundo golo, Luisão não apareceu ali solto casualmente, nem o canto é batido para uma zona morta, tudo é planeado. E a genialidade do lance começa em Fejsa, reparem na sua movimentação, segue numa direcção "arrastando" dois defesas contrários e impedindo que algum vá na direcção de Luisão, que deste modo está sozinho. Depois é "só" meter a bola no sítio combinado que o capitão irá saltar sem oposição para o golo. Laboratório benfiquista a dar cartas em Londres.

O Tottenham reduziria pouco depois num bom livre de Eriksen (o que faria Jesus deste craque se estivesse no Benfica...) mas onde a falta de Sílvio que o origina é desnecessária e Oblak deixa a sensação de poder ter feito algo mais, o livre é forte mas não é colocadíssimo.

O Benfica chegaria ao terceiro com Luisão (outra vez ele) a fuzilar o desamparado Lloris, já dentro da área, com um tiraço à ponta de lança. Podíamos ter chegado ao quarto mais que uma vez, mas os 3 dedos já haviam sido lançados... Apesar disso, os 3000 benfiquistas "abafaram" completamente White Hart Lane e foram os únicos a ser ouvidos durante 90 minutos, mostrando também a qualidade das nossas bancadas a toda a Europa. Foi uma noite europeia em grande, vamos a notas:

OBLAK - teve um início onde pareceu acusar a pressão demonstrando um nervoso miudinho em muitos lances. Vejo-o chutar com força de pé esquerdo, de pé direito e não falha, mas faz-me muita impressão que nalguns lances ele não domine primeiro e chute depois. No golo talvez se pudesse ter lançado pelo menos (mesmo que não chegasse lá) mas talvez aquela bola não fosse defensável da posição em que ele estava. Voltámos a sofrer um golo depois de Barcelos (a 1 de Fevereiro) mas desta feita o esloveno não tem culpas no cartório. Continou - na senda dos últimos, longos, jogos - a ter pouco trabalho. 2

SÍLVIO - fez um jogo certinho na lateral direita, desta feita não subiu amiúde com havia feito nos outros jogos europeus, mas defensivamente não comprometeu. Levou um amarelo que o deixa fora da 2ª mão (na falta que originaria o golo inglês). 3

LUISÃO - outra vez o homem do jogo. Cortou tudo e mais alguma coisa e ainda foi lá à frente marcar dois golaços. Tremendo. 5

GARAY - muito concentrado, não permitiu veleidades aos adversários. Um jogo tranquilo do mais-que-provável-titular da Argentina no Campeonato do Mundo. 3

SIQUEIRA - é um lateral de clube grande, defende bem e ataca melhor. Tinha o veloz Lennon pela frente e nunca se intimidou assinando outra exibição positiva. Um outro erro, na minha opinião, por não gostar de jogar feio mas nada que manche a sua prestação. 3

FEJSA - começou tremido, foi-se acalmando e no final era tudo dele. Outro jogaço do patinho feio da equipa. Não tem a técnica ou o requinte de um predestinado mas é um jogador nuclear já (fará falta na Choupana) nesta equipa. Correu para todo o lado e contribuiu muito para que Amorim se destacasse no jogo. Fejsa é hoje um guarda-costas que todo e qualquer médio do Benfica quer ter a seu lado. É o maior "achado" da prospecção benfiquista esta época e ainda vai crescer muito. 4

R.AMORIM - um jogão do Rúben a encher o campo todo. Duas assistências, um sem número de lances bem elaborados e várias bolas roubadas foram alguns dos destaques deste médio todo-o-terreno. Sempre humilde e trabalhador, não se intimidou com o maior poderio físico dos adversários e tornou-se um pesadelo para o inglês que o tivesse por perto. Já o havia dito, hoje por hoje é o 12º jogador da equipa. 4

SULEJMANI - começou on-fire e foi o primeiro benfiquista a gritar «presente!» em Inglaterra. Fartou-se de correr, criou sempre linhas de passe ofensivas e pareceu-me até mais leve que o costume. Gostei muito do Sulejmani desta noite. Apesar de ter jogado pouco esta época, admiro o seu profissionalismo e o comportamento em prol do grupo, e se o jogo de hoje servir de amostra, talvez Sulejmani ainda tenha vários truques para tirar da cartola esta época. 4

MARKOVIC - o problema com Lazar é que a fasquia já está muita alta, jogo em que não faz uma obra-prima não é jogo conseguido. Tacticamente foi irrepreensível e teve algumas acelerações brutais que podiam ter criado muito mais perigo (passes cortados in extremis, solicitações muito longas ou até mesmo más recepções orientadas). Já não é tacticamente anarquista, está um jogador de equipa na sua plenitude, mas Markets dá para na segunda mão fazeres das tuas ? 3

RODRIGO - já o vi falhar aquele lance - que hoje deu golo - várias vezes (Nou Camp, por exemplo), até a forma como colocou o corpo e o pé foi semelhante, mas hoje o nosso Fenômeno não perdoou. Aceleração brutal, defesa esquerdo nas covas e o passe de Amorim deixa-o na cara de Lloris, remate bem colocado e estava concretizado um belo (e importante) golo. No resto do jogo fartou-se de correr lá na frente e trabalhou muito, Lloris ainda lhe roubou um golo quase feito ao recuperar um mau posicionamento inicial. 4

CARDOZO - o nosso Tacuara voltou à titularidade e teve um jogo difícil como se previa. Correu enquanto fisicamente teve pernas, ganhou alguns lances pelo ar (nem sempre aproveitados pelos colegas) mas não teve oportunidade de experimentar o seu letal pé esquerdo. Foi bom para a melhoria física e também pela participação numa jornada histórica. Comecem a chorar, o Cardozo está a voltar. 2

GAITÁN - entrou bem na partida, com excelentes pormenores (assistência de luxo no último suspiro do jogo, que Siqueira desperdiçou) a darem continuidade ao seu bom momento de forma. Nico Gaitán vai ser chave na Choupana. 3

ENZO PÉREZ - não entrou tão bem no jogo como Gaitán mas ainda foi a tempo de juntar o seu grãozinho de areia à vitória da equipa. Boa técnica e visão de jogo mas menos disponibilidade que o costume, num jogo tão intenso talvez Enzo tivesse demorado a entrar no ritmo, ou simplesmente quis evitar um amarelo que o afastaria da 2ª mão. 2

LIMA - menos de 5 minutos em campo. -


Man of the match: Luisão.



Custa ver jogadores excepcionais como Paulinho e Eriksen serem tão mal aproveitados (as maravilhas que Jesus faria com eles) mas o que ficou provado é que um grande treinador não tem preço. O Tottenham tem um plantel riquíssimo, com mais e melhores soluções que o nosso, mas dentro de campo e a jogar futebol...o Benfica deu de calcanhar.

Não sei como acabará esta Liga Europa, mas também não sei como alguém baterá este personalizadíssimo Benfica em duas mãos, hoje por hoje parece-me irreal. Há uma única equipa nesta Liga Europa que me faz franzir o sobrolho: Juventus. Porque são italianos, porque jogam bem, porque são muito difíceis de contrariar, porque têm dos melhores jogadores do Mundo (Pogba - vai marcar uma era -, Pirlo, Vidal, Giovinco, uff..) e porque a final da competição será em sua casa.

Mas para se ser o melhor há que bater os melhores, se não se puder evitar a Juve....venham eles que a coisa também não será facile per lui.

domingo, 9 de março de 2014

Faltam 17 pontos

O Benfica recebeu o Estoril cerca de 10 meses depois do balde de água fria da época passada (1-1 a duas jornadas do fim) e desta feita estávamos avisados para a valia do adversário e sobretudo do seu técnico Marco Silva. O que o Estoril fez hoje na Luz (equipa personalizada, a pressionar alto, chegou a ter mais de 60% de posse de bola - !!! - e terminou com superioridade nesse domínio) sem nunca renunciar ao jogo ou colocando um autocarro na área merece o meu apreço (e deve envergonhar os Ruis Vitórias desta vida).

O Estoril não teve chances de golo (um livre que embateu no poste depois de um ressalto) é certo, não sei se fez algum remate na 1ª parte e se terá conseguido mais que um entre os 3 postes de Oblak, mas a forma como se dispôs em campo e procurou tratar a bola...mostra dedo de treinador. O Estoril desta época, na minha opinião, tem pior plantel que a época passada mas joga incomensuravelmente melhor, logo o mérito tem que ser mesmo do treinador. O Estoril do ano passado (recheado de bons valores individuais) jogava muito nas transições e na velocidade na frente, era dominado largos períodos de tempo mas tinha veneno no contra-ataque. O Estoril 13/14 é uma equipa madura e consistente que se apresentou na Luz olhos nos olhos e tentando a vitória. E o Benfica ?

Face a tantos elogios ao Estoril, que dizer do nosso Benfica que despachou os canarinhos com 2 golos sem resposta e umas 3 ocasiões flagrantes desperdiçadas ? Entrámos concentrados e resolvemos cedo a questão (bons golos de Luisão e Rodrigo), soubemos adaptar-nos à pouca posse de bola, não perdemos a cabeça e procurámos ser eficazes nos momentos certos.

O Benfica jogou quase sempre pela certa e os jogadores mais adiantados (Lima, Rodrigo, Gaitán e Markovic) correram muito e bem. A dupla Enzo & Fejsa parecia omnipresente e o colectivo bastante disponível e equilibrado. Este Benfica é cínico, não concede veleidades (Oblak outra vez a bocejar) e quando chega à frente...mata os jogos. Continua sem me entusiasmar por aí além esta tranquilidade competitiva que o nosso futebol demonstra, mas a verdade é que os resultados e os números (esmagadores) não mentem, e neste momento o Benfica leva várias séries positivas em curso: minutos sem sofrer golos; jogos consecutivos a marcar; jogos sem derrotas.

Se a isto acrescentarmos 7 e 9 pontos de avanço sobre segundo e terceiro classificados respectivamente (quando há 24 em disputa), a presença em Março nas 3 taças em disputa (Portugal, Liga e Europa) o saldo tem que ser tremendamente positivo. Ok, sem goleadas nem nota artística mas com um rigor e uma solidez digna de registo. Vamos a notas:

OBLAK - continua sem ser posto à prova. Com a eficiência de todo o sector benfiquista, Oblak vai sendo um mero espectador nos jogos que disputa, tendo sofrido apenas um golo (um frango que custou 2 pontos) desde que é o dono da baliza há vários jogos. Gosto da forma segura como vai às bolas aéreas (agarrando-as com autoridade) fora da pequena área mas tenho algumas reticências quanto ao seu jogo de pés. Até ver vive um estado de graça mas também tem feito o seu trabalho para esse status. 3

MAXI - não desequilibrou ofensivamente mas também não comprometeu na defesa. Levou um amarelo (escusado) pela sua eterna impetuosidade mas isso não o perturbou e terminou mais 90 minutos sem dores de cabeça e com a missão cumprida. 3

LUISÃO - alô Scolari ? Daqui fala o "Girafa". O Capitão do Benfica abriu o marcador com um belo salto de cabeça num canto e esteve quase irrepreensível durante toda a partida, apenas um erro perto do fim que resultaria num livre perigoso quando tentava corrigir a sua própria falha. O Luisão actual merecia estar no Mundial, seguríssimo a defender, rápido (isto pode parecer uma antítese, ou simples ilusão de óptica, mas não recordo um Luisão tão veloz e assertivo) nas dobras e insuperável pelo ar. É o grande líder do grupo e demonstra-o como sempre, dentro do campo, jogando como nunca. 4

GARAY - não se notou que vinha de lesão e vi-o na sua plenitude física, chegando mesmo a aventurar-se num contra-ataque em que ficou na cara do golo, a lembrar as cavalgadas dos bons tempos de Hélder Cristóvão ou mesmo David Luiz. Fazem falta mais centrais que tenham visão para desequilibrar partidos procurando a superioridade numérica no momento certo, não digo um Beckenbauer (o expoente máximo) mas alguém que possa não se limitar a defender. Dirão os puristas que a principal missão de um central é defender e têm toda a razão, para concretizar estão lá outros, mas em determinados jogos e em circunstâncias momentâneas, um central inteligente e com bom toque de bola pode ser decisivo. Não sei se Garay alguma vez será esse central, mas o que o argentino demonstra é que um seguro de vida para Oblak e o Benfica, perde poucos duelos e joga de forma a nunca se expor utilizando brilhantemente o seu posicionamento e antecipação. Regresso muito bom. 3

SIQUEIRA - está agora numa excelente forma física, rapidíssimo e de boa técnica, Siqueira não descura as tarefas defensivas mas é ofensivamente que se destaca. Tem toque de bola de tecnicista e não gosta de jogar feio (o que por vezes o deixa em situações embaraçosas), é um lateral esquerdo de eleição. 7M é muito dinheiro mas eu accionava a cláusula e contratava-o já. 3

FEJSA - o sérvio voltou a fazer um grande jogo, se não fosse o golo de Luisão teria-o eleito man of the match. Teve um erro cedo e foi amarelado (justamente) por isso, ainda assim mostrou uma força física e disponibilidade impressionantes. Nos duelos mais intensos raramente Fejsa perde uma bola, corre o meio campo todo e pressiona toda a gente sem nunca dar uma bola por perdida. E como já disse noutras vezes parece-me ter melhor critério no passe (e melhor técnica) que Javi Garcia. Mais discreto que um Enzo Pérez mas super eficiente, este sérvio "descoberto" na Grécia tem marcado pontos na equipa e no coração dos adeptos. Sem ninguém se aperceber, Fejsa é hoje o Pulmão do Benfica. E que pulmão! 4

ENZO - se Fejsa é o Pulmão, Enzo é o Coração. Em centros de terreno por vezes labirínticos, El Principito descobre sempre a saída, empolga as bancadas com as suas mudanças de velocidade e direcção e é ele quem gere a dicotomia defesa/ataque de toda a equipa. Hoje não cheirou o golo, mas nota-se, até nos adversários, um respeito enorme por uma das grandes figuras do Campeonato 13/14. 3

GAITÁN - o canhoto argentino tem sempre uma delicatessen no seu arsenal para nos oferecer e junta a isso um espírito de sacrifício notável, que o tornam num dos maiores destaques deste Benfica, cuja imagem assenta perfeitamente a Nico Gaitán: um maestro de fato-macaco. 3

MARKOVIC - o sérvio d'Ouro esteve apagado hoje, não se viram as acelerações brutais nem as diabólicas diagonais. Apesar do menor fulgor, Markets cumpriu tacticamente num jogo com pouco brilho. 2

RODRIGO - quando se lançou na direcção da baliza do Estoril ainda no seu meio-campo houve ali um déjà-vu fenomenal. A cadência, a potência na condução de bola deixando adversários a "milhas" no seu "solitário" percurso até ao golo deu-me um vislumbre do grande Ronaldo Fenômeno. Não terá a mesma ponta de velocidade do mito Ronaldo Nazário, mas há ali uma mudança de velocidade da engrenagem fenomenal que recorda os bons velhos tempos do brasileiro. Nesse lance acabou por falhar (remate de pé direito...) mas já havia feito um belo golo de primeira (de pé esquerdo). Pode ser um dos '9' que vão marcar o futebol europeu na próxima década, faltam-lhe "só" mais golos e mais eficiência. Correu bastante e vimo-lo pelo enésimo jogo a dobrar colegas defensivamente (em quantos e quantos lances de contra-ataques adversários já vimos Rodrigo a fazer sprints brutais e aparecer na nossa área ?) mostrando o seu fulgor físico actual. Depois de um início de época horroroso (até ao golo de Bruxelas ao Anderlecht) desfrutemos do melhor de Rodrigo Moreno. 4

LIMA - quando desperdiçou uma oportunidade de golo no minuto inicial veio-me à mente a sua desinspiração dez meses antes frente a este mesmo adversário (desperdiçando 3 golos cantados nos primeiros 20 minutos). Voltou a falhar um golo mais tarde e a concretizar um numa bela jogada colectiva do Benfica, mas foi-lhe anulado o festejo num offside muito mal marcado. Apesar disso Lima nunca vira a cara à luta e o seu esforço incansável merece o meu respeito. E o de JJ também, porque quando tira um dos dois avançados...normalmente Lima fica em campo. 3

SALVIO - vai acumulando minutos na procura da melhor forma, hoje teve menos destaque (apesar de ter contado mais minutos) e apesar de alguma desconexão com a equipa, parece-me estar fisicamente quase na plenitude. Talvez o vejamos a dar cartas em White Hart Lane, palpita-me... 2

RUBEN AMORIM - gosto da forma entusiasmada como entra sempre em campo, procurando emprestar alegria e soluções à equipa. Hoje teve poucos minutos e pouco destaque (recordo uma perda de bola infantil e perigosa) mas é claramente o 12º jogador do plantel. Penso que em determinados jogos (se calhar já 5ª feira) a sua titularidade pode ser importante (como já o foi este ano, em Atenas por exemplo). 2

DJURICIC - segundos em campo e não sei se terá tocado na bola... Custam-me estas substituições em período de descontos, e Djuricic ainda recentemente passou por isso, mas nem chegando a entrar, visto que o jogo terminou com o sérvio já na linha lateral preparado. Eu sei que o que interessa é o Benfica e os interesses da equipa, mas um pouco de pedagogia nestas situações não prejudicava... Não tenho grandes expectativas com o contributo de Filip Djuricic no que resta da época (oxalá me engane e pelo menos nas taças ele ainda dê um ar da sua graça) mas espero que a próxima seja a da sua afirmação. A Djurici ainda lhe falta o click. -

Man of the match: Luisão.


P.S. - Jesus picou (ou sentiu-se picado, não sei) Marco Silva no final dizendo que o Benfica podia ter goleado (e podia!) e que estava à espera deste Estoril. Não gostei. Não gostei porque o Estoril foi uma senhora equipa e merece a honra dos vencidos, e porque não vi Jesus ter afirmações ácidas destas quando defrontámos espécies de treinadores adversários que nada acrescentam ao futebol português e que se limitam a perder por poucos prejudicando fortemente o espectáculo. Não sei se foi o ego de JJ a responder ao maior destaque dos media ao jovem treinador estorilista ou apenas a defesa do poderio actual do Benfica, espero que tenha sido a segunda, mas acho que foi a primeira. Mister se é para mandar bocas escolha melhor os adversários: os nossos rivais!

P.S. 2 - houve um golo muito mal anulado ao Benfica (seria o 3-0 e o fim do jogo) mas antes houve também um offside mal tirado (este foi no limite) ao Estoril com o resultado em 2-0. No caso de Lima foi golo, no do Estoril, apesar da oportunidade ser prometedora, não se pode falar em certeza de golo.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

K.O. de Salónica

Com muitas novidades no 11 relativamente ao último jogo, o Benfica foi à Grécia dar uma lição de futebol aos gregos do PAOK. Ok, o golo solitário de Lima é em fora de jogo, mas creio que Djuricic podia ter marcado de pé esquerdo se Lima não estivesse ali. A verdade é que ganhámos (bem!) com um golo irregular (mal).

Tirando esse pormenor (e atenção que o offside está longe de ser escandaloso) só deu Benfica, longos minutos de trocas de passes (a levar à loucura os adeptos gregos e à impotência os seus atletas) e com uma assertividade e qualidade de topo. Pergunto-me qual terá sido a posse de bola final ? Visto de fora dá a ideia de uma diferença brutal.

Outro ponto: o PAOK não está ao nosso nível, mas está longe de ser uma equipa fraquinha, afinal, parece que ninguém havia vencido no seu estádio...até hoje. Sabendo da diferença entre as equipas, o treinador adversário (Huub Stevens) procurou reforçar o processo defensivo, jogando muito fechadinho e tentando que a sua equipa não se descolocasse e fosse surpreendida pelo Benfica. Apesar de aguerridos, os adversários viam-se literalmente gregos com a qualidade de posse dos encarnados e desesperava por não encontrar antídoto para a superioridade do Benfica.

Fizemos um jogo sério (se calhar até respeitámos em demasia o adversário) jogando sempre pela certa e com uma consistência assinalável (uma única chance de golo permitida e novamente a baliza inviolável), mas acho que podíamos ter criado mais perigo nos últimos 20 minutos e avolumado o marcador a nosso favor.

A vitória nunca esteve em discussão e o Benfica praticamente assegurou a passagem à próxima eliminatória, ainda assim convém recordar que na última vez que defrontámos esta equipa também vencemos lá (1-2) e depois perdemos na Luz pelo mesmo resultado (acabaríamos por seguir em frente nos penaltys).

O Sílvio parece dar-se bem com os ares da Grécia, depois do Olympiakos voltou a fazer um grande jogo e a dispor inclusive de chances de golo. Apesar de achar Siqueira mais jogador, Sílvio tem demonstrado ser uma excelente opção (contrariando as minhas reservas iniciais) e não é por aquele flanco que teremos problemas.

Toto Salvio voltou a jogar (lesionado desde 1 de Setembro) e saúda-se o regresso de um dos principais elementos do nosso plantel, apareceu solto, sem receios e a apoiar bem o futebol da equipa. Daqui a um mês (ou menos) teremos o melhor Salvio no terreno, é essa a minha expectativa, portanto o argentino ainda poderá ser um dos nomes-chave da época 2013/14 (oxalá!!).

Luisão fez o 100º jogo nas competições europeias pelo Benfica (não há ninguém com mais jogos europeus pelo Benfica - ou qualquer outra equipa portuguesa diga-se de passagem) e esteve imperial como sempre, é neste momento o melhor defesa-central a actuar em Portugal (de muito longe).

Também gostei do Lima (90 minutos de trabalho e um bom golo) e do Rúben Amorim, mas acho que o conjunto, a equipa voltou a ser o nosso principal argumento e isso espelha a qualidade e o momento actual do Benfica: seguros, coesos e compactos.