A grande "novidade" nos últimos tempos do Benfica tem sido a coesão e solidez da equipa principal de futebol. Noutros tempos, o Benfica tinha que jogar o dobro (no mínimo) dos adversários para vencer, e quando tinha um dia mau...raramente conseguia os 3 pontos.
Hoje por hoje, este Benfica parece uma máquina: joga sempre igual, não permite veleidades a ninguém e despacha adversário atrás de adversário (com mais ou menos suor) sem precisar de dar "murros na mesa" ou recorrer à Alma. Os adversários deste Benfica terminam invariavelmente derrotados.
Isto a propósito da eliminatória com o PAOK na Liga Europa. Por cá, os "artistas" da Comunicação Social depressa saíram a terreno para escrevinhar a pequenez do adversário e catalogá-lo de fácil. Uma equipa que tinha ZERO derrotas no seu Estádio e que era a equipa mais forte do seu campeonato (depois do Olympiakos) tem que ser fraca. Imagine-se o que teriam dito se porventura esta equipa estivesse a lutar pela permanência no seu campeonato, como um Estugarda desta vida...
Portanto o PAOK era fraquinho, fortes são os adversários dos outros, os do Benfica são sempre uma m#*%a. Mas não foi isso que se viu no terreno. Tanto na Grécia como na Luz, esta equipa grega (orientada por um holandês) provou ser muito consistente e esteve longe de ser presa fácil, arrisco-me a dizer que um Benfica "pouco sério" não teria passado a eliminatória. O "azar" do PAOK foi ter embatido com um dos Benficas mais sólidos e honestos que há memória. Mesmo sem grande genialidade (exceptuando as obras de arte dos golos de Gaitán - livre numa espécie de "folha seca" - e Markovic - toque subtil a colocar o esférico longe do alcance de Glykos, que é um muito bom GR, gostei dele nos 2 jogos da eliminatória) o Benfica "despachou os gregos com um 3-0 inapelável (4-0 no total da eliminatória).
Houve mais posse de bola ainda que na Grécia (terminámos com 66%) e várias mudanças no 11 outra vez: Salvio titular pela primeira vez desde fim de Agosto; Cardozo, Gaitán e Garay voltavam de lesão também; Djuricic e Maxi (ausentes no último jogo frente ao Vitória de Guimarães) eram novidades e a dupla Enzo & Fejsa estava ausente.
Nada disso prejudicou a nossa equipa (talvez não tenha havido a mesma fluidez de jogo habitual) e vencemos "sem espinhas". Este Benfica 13/14 parece mesmo ter 15, 16, 17 titulares e opções para todos os gostos e feitios. Ao aproximarmo-nos das grandes decisões desta época desportiva (novamente em todas as - 4 - competições) é de realçar o pulmão da equipa e a ausência de jogadores do boletim clínico, tendo todas as armas disponíveis para vencer tudo o que está em disputa.
O momento pujante do Benfica reflecte-se nos números (líder isolado do Campeonato com 5 e 7 pontos de avanço aos 2º e 3º classificados; semi-finalista das duas Taças Nacionais; UM golo sofrido nos últimos 14 jogos; 21 jogos sem perder: 19 vitórias e 2 empates) mas não só, as raríssimas ocasiões de golo permitidas aos adversários (não sei se a média chegará a uma oportunidade de golo por jogo), a capacidade de fazer golos em todo o lado (5 de Novembro de 2013, em Atenas, é a data da última vez que ficámos em branco...e tivemos mais chances de golo nesse jogo que nos últimos 3 - PAOK, Guimarães, PAOK - por exemplo.
Nos 35 jogos oficiais desta época o Benfica só não marcou em 2 (Olympiakos e PSG, ambos fora) e perdeu ambos. A última vez que ficámos sem marcar golos na Luz foi a 2 de Outubro de 2012 (0-2 frente ao Barcelona), nas competições nacionais não ficamos sem facturar em casa desde 22 de Novembro de 2009 (0-1 frente ao Guimarães, na Taça de Portugal) e para o Campeonato, a última vez que o Estádio da Luz não gritou «goloooo» foi a 11 de Abril de 2009 (0-1 frente à Académica de Coimbra).
Portanto o Estádio da Luz é mesmo sinónimo de golos (menos golos esta época é verdade...) o que ajuda a que Jorge Jesus tenha uma percentagem de vitórias de cerca de 70% (na totalidade dos jogos disputados) e que esses números nos coloquem no 6º lugar do ranking europeu neste momento (somos Pote 1 da Champions novamente).
Com tanto número faltam os mais importantes, os títulos: o 33º de Campeão Nacional e o 25ª da Taça de Portugal. Ainda falta a parte mais decisiva da época, estes números voltarão a ser meras estatísticas positivas se no final não se levantarem "canecos". As perspectivas deste ano voltam a ser boas (já o foram noutros anos e até com um futebol mais avassalador) mas se a confiança aumentou ultimamente, isso deve-se sobretudo a fiabilidade deste Benfica, o motor nunca "engripa" e as válvulas estão sempre afinadas.
Conclui-se que ter este Benfica como adversário é um perigo: tem-se quase a certeza absoluta que se vai sofrer golos (pelo menos um) e é muito, muito difícil conseguir marcar (ou estar perto disso sequer).
P.S. - o Benfica vai discutir a próxima eliminatória da Liga Europa com o milionário Tottenham (a equipa que mais gastou em toda a Europa no último defeso) a 13 e 20 de Março. Pelo meio (Domingo 16 ou Segunda-feira 17 de Março) há uma deslocação fundamental à Choupana para defrontar o Nacional da Madeira. Crucial porque se joga um Sporting-Porto nessa jornada e porque, por norma, o Benfica sente dificuldades para vencer naquele campo e o Nacional está a fazer um belo Campeonato. Jogando a 2ª mão na Luz a 20 de Março, o Benfica deveria jogar a 17 na Madeira mas palpita-me que pode haver marosca para que se jogue a 16... Ainda assim, recordo uma situação similar em que jogámos nesse mesmo campo no meio duma eliminatória com o Marselha e tivemos duas vitórias épicas, oxalá se repita, a chave do sucesso do Campeonato (e da Liga Europa também!) pode passar por esta semana 13-20 de Março.
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