Não condenei os 4 dedos a Machado e não condenarei os 3 de ontem, foram momentos espontâneos de jogos de futebol, não direi *«Jesus, os teus dedos indicam-nos o caminho.» mas senti-me radiante nesses dois momentos. E senti-o porque estávamos a dar um festival DENTRO DE CAMPO. Com muita raça, querer e ambição.
O que Jesus faz a Raúl José (uma espécie de Frei Tuck nesta história) não é sequer novidade, já por inúmeras vezes o adjunto foi violentado verbalmente pelo seu nº1. Sei que JJ faz questão de elogiar Raúl José e Quaresma (outro dos dois imprescindíveis na equipa técnica de Jesus) e que os considera essenciais nos seus sucessos, mas dava jeito que ele fizesse um mea culpa e uma vénia pública aos seus "companheiros de armas", sem os quais - e JJ é o primeiro a afirmá-lo - o treinador principal não teria tão bons resultados.
Raúl José é muito mais tímido que Jesus, nota-se a léguas, é reservado e tem dificuldade em lidar com as objectivas da imprensa (vejam-se as flash-interviews durante o castigo de JJ), ainda assim parece ter uma boa relação com os jogadores (será também mais afável e menos ríspido com os mesmos). Onde Jesus é um tsunami, Raúl José parece um mestre zen. E essa dicotomia, esse yin & yang tem que ser parte da receita de sucesso. Por isso mas não só, Jesus devia ter outro comportamento para com os seus companheiros de equipa técnica, em privado mas sobretudo em público.
Ontem Jesus alterou-se também para com Shéu Han (outra personalidade reservadíssima - como Raúl José - mas um Senhor no futebol e sobretudo no Benfica). Não gostei nada de ver hoje essas imagens, onde até Rui Costa (que tal como Shéu só queria acalmar a situação) sai beliscado a berros de Jesus. Os 3 dedos na tromba do inglês fizeram-me regozijar, a gritaria com símbolos vivos do Benfica (ainda consegui ler nos lábios de Shéu «Calma.») deixa-me triste. Jesus não devia, não podia (!!) comportar-se assim com quem leva quase uma vida a servir o Glorioso.
Há imagens também de abraços entre estes protagonistas no final do jogo, e acredito que internamente já esteja tudo sanado, mas gostava muito (e a Benfica TV, por exemplo, podia trazer essas perguntas na próxima conferência de imprensa) de ouvir JJ fazer um elogio tanto a Shéu-Han como a Rui Costa e Raúl José, só lhe ficava bem promover essa imagem de uma só voz agora que chegamos ao momento crítico da época. É importante que o faça em privado (e já o terá feito certamente) mas fundamental que em público elogie o staff técnico do Benfica, porque apesar de ser um Mestre da táctica, não atingiu esse estatuto sozinho.
Jorge, eu sei que vives os jogos como um jogador, que saltas, cabeceias, rematas e vociferas como se estivesses ali dentro, mas depois do calor do jogo podes sempre recordar quem te ajuda (ajudou e ajudará) a vencer, ás vezes partilhar o mérito é o primeiro passo para o sucesso seguinte. De resto continua a "roubar" os ricos para nos deixares felizes a nós, os pobres.
* depois de ter enfiado o dedo na cara de Vilanova, Mourinho deparou-se com uma faixa no Bernabéu que dizia "Mou, o teu dedo indica-nos o caminho".
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