Na semana de todas as hipocrisias do futebol nacional chegámos ao clássico em vantagem. Depois de "apoios encomendados", da mudança habitual de táctica do Benfica frente ao Porto ou até da utilização excessiva de OMO num jogo do F6P em Munique, o que vimos hoje na Luz foi um Benfica com o seu 11 habitual e o Porto a mudar drasticamente a matriz.
Mas para dizer a verdade, hoje não gostei Jesus. A equipa procurou pouco a felicidade e a maior virtude da nossa equipa foi mesmo o suor e a entreajuda. É verdade que faltou o nosso jogador mais vertical (Salvio) mas fomos demasiado "tácticos" (se é que isso é negativo...) para aquilo que eu esperava.
Dir-me-ão que se jogavam demasiadas coisas para o Benfica ser lírico e romântico numa abordagem ofensiva do jogo, mas acho que houve demasiado nervosismo da nossa equipa que teve imensas dificuldades em jogar junto á relva, com critério e tranquilidade. Na verdade foi à Trapattoni, «se não podes ganhar, não percas».
Um Benfica um pouquinho mais ambicioso poderia e deveria ter vencido este jogo, respeitou-se demasiado o Porto (e acho que Jesus exibe demasiadas vezes uma reverência para com o rival que me desagrada), não sendo temor, faltou temperança e classe para ultrapassar o adversário.
Gostei muito do Maxi, é daqueles que adora estes jogos, estes ambientes e que quase sempre se supera nestes clássicos. A raça uruguaia dele é imagem de marca de como sempre foi e sempre será o Benfica. Oxalá mais companheiros seguissem o seu exemplo extraordinário.
O Jardel - em jogo de grau elevado de dificuldade - parou Jackson (o melhor PL a jogar em Portugal e um dos 20 melhores do Mundo) e mostrou credenciais de central top. É já alguém que interpreta bem o espírito benfiquista (dentro e fora do campo).
Por outro lado, o Pizzi pareceu-me muito longe do seu melhor e até num bom lance acabou por fazer um remate "chocho", sem força. Talisca, apesar de esforçado e de alguns toques de qualidade, não pode jogar numa lateral, aí será sempre mediano (mas depois das exibições de Ola John sem raça ou querer...Talisca não foi pior).
Finalmente, descobri hoje porque é que o Porto contratou Lopetegui: após o final do jogo exibiu as suas credencias de super dragão e do baixo nível inerente àquela casa. Insultou, provocou e procurou o conflito físico com Jesus, comportando-se como um selvagem mau perdedor. Jesus aproximou-se dele para o cumprimentar (Lopetegui que já vinha lançando um "tu puta madre") com um sorriso e com aquela atitude apaziguadora normal em momentos pós-stress (como era o caso deste jogo). O espanhol, agarra-o com força e fala de forma ameaçadora, Jesus parece tentar levar aquilo calmamente até que percebe que as palavras do espanhol são tudo menos amigáveis. É aí que entra em Jesus aquele ar dos bairros de Lisboa ("ouve lá ó meu cabrão") e solta a fera. Já se sabe que JJ raramente se contém (e muito terá ouvido ele antes de explodir..), mas ver o espanhol no túnel à espera de Jesus ("qué? qué?") a dizer-lhe para vir, como se aquilo fosse um ringue de boxe deixou bem exposta a postura e o carácter do artista. Jesus, um tipo dos bairros pobres da periferia da capital, conseguiu sair como senhor face a esta atitude troglodita do treinador do Porto.
Foi um show off de Lopetegui, que assim terá garantido mais um aninho ao comando de um clube à deriva (será que vão ter malta a aplaudir um empate hoje ? Se já aplaudem derrotas de 6....).
Mas desenganem-se os que pensam que já somos campeões, muito longe disso!! E eles, os corruptos, já o disseram ("vamos ver quem festeja no fim") porque sabem que têm cartas na manga. O Benfica tem 2 saídas (até pode perder um se, como se espera, vencer os dois em casa), a primeira em Barcelos (com um presidente sócio do Porto) com um Gil Vicente que ressuscitou e tem a permanência como uma possibilidade real. Se o Benfica perde esse jogo o Campeonto complica-se e muito.
Temos que vencer uma das duas saídas que nos faltam (Gil Vicente e depois Guimarães), a primeira é crucial pelo que já disse e difícil porque o Gil luta arduamente pela permanência (e recordemos a péssima exibição na vitória por 1-0 que tivemos contra eles na Luz). Em Guimarães é sempre difícil, e eles estão a lutar por um lugar europeu...portanto será tudo menos tranquilo.
Posto isto e sabendo nós como aqueles artistas "trabalham"....muita cautela com as arbitragens que se seguem (já só por aí nos conseguirão parar).
Notas Finais: o Porto era quem precisava ganhar e não só demonstrou receio ao mudar o 11 e a táctica como nunca teve uma abordagem verdadeiramente atacante. Se depois disto conseguem vir dizer - sem se rirem - que só eles quiseram ganhar...é como aquela dos 7-4, portanto hoje ficou 2-0.
P.S. - o plantel do Benfica este ano, goste-se ou não, é muito limitado, sobretudo ofensivamente. No início da época disse que se tivessemos o tridente Enzo-Gaitán-Salvio ainda éramos os mais fortes, e acredito piamente que com esses 3 jogadores já teríamos o Campeonato no bolso. Hoje, sem 2 desses 3 notou-se uma incapacidade ofensiva gritante. Não temos no plantel ninguém cujo nível se aproxime de Salvio (ou Gaitán) na hora de os substituir. Quando faltam nota-se. E muito. Sendo campeões com todas estas vicissitudes e frente ao melhor plantel do Porto que há memória...é um feito extraordinário do Benfica. E sobretudo de Jorge Jesus.
P.P.S. - pela primeira vez na era-Jesus, o Benfica não fez golos na Luz para o Campeonato (depois do título de terem sido os únicos a marcar no Allianz Arena - que lata do F6P - hoje conseguiram a "dobradinha" ao interromperem os cerca de 90 jogos consecutivos a marcar em casa, por parte do Benfica) e isso chateia porque não estou nadinha habituado a isso. Mas quando vejo os nossos adversários a agarrarem-se a coisas destas (e ao 7-4....) penso que a sportinguização do Porto está em curso.
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