Vamos jogar um jogo ?
Vocês começam com um de avanço, ok ?
Já empatámos ?? Pronto, então agora jogamos uma hora com um a menos, pode ser ?
Já está equilibrada a coisa (vocês marcaram um golito e voltam a estar na frente) ?
Que chatice, com 10 marcamos mais 2 golos e mandamo-vos para casa com o rabinho entre as pernas. Não chorem, ainda resta a Taça da Liga. Oops, é outra vez connosco.
Jogo vibrante do Benfica, sentia-se algo especial no ar, os jogadores estavam com a fibra dos ases que nos honraram no passado e parecia não haver nada que nos impedisse de chegar à final da Taça de Portugal. Marcámos cedo e pensei que ia dar goleada das antigas (ou das mais recentes, das sevilhanas).
Mas aos 25' Siqueira vê um cartão amarelo ridículo. Tenho muitíssimas dúvidas que haja falta sequer, mas tenho certeza absoluta que não é nunca para amarelo. No minuto seguinte, Siqueira (será que perde a final do Jamor com 2 amarelos ?) é muito anjinho e tem uma entrada a destempo sobre Quaresma. Não é dura, é só parva. Em Inglaterra não seria amarelo, em Portugal admito perfeitamente a cartolina neste lance. O caricato disto tudo é que só um minuto depois o árbitro foi "levado" para esse lance. A jogada continuou e quando a bola saiu (deitada fora pelos portistas) o árbitro não se dirigiu imediatamente a Siqueira para o amarelar, o que seria natural se fosse essa a sua intenção ou se, entretanto, lhe tivesse sido comunicada essa decisão por algum dos seus assistentes.
Portanto, a decisão imensamente tardia de dar amarelo (o segundo) a Siqueira fez-me lembrar a expulsão de Zidane na final do Mundial: passou-se demasiado tempo até se agir.
Com a eliminatória empatada, o Porto, que até ali apenas sobrevivia, viu-se renascido emocionalmente, apesar de nem sequer fazer cócegas ao último reduto benfiquista. Pois bem, o Benfica cerrou os dentes, uniu-se ainda mais e não desistiu. Mas faltava um defesa esquerdo. Recuou Gaitán. Era preciso colocar um lateral e permitir que Nico estivesse mais à frente, afinal faltavam-nos golos. Todos os pensamentos, olhares e ideias fulminavam o camisola 7 do Benfica. O próprio Oscar Cardozo sabia que era ele a única opção lógica para a substituição, talvez por isso se tenha aproximado de Jesus e segredado algo como: Mister, deixe-me jogar mais uns minutos que estou com fezada.
Jesus congelou a substituição e deu um voto de confiança a Cardozo, ou pelo menos foi essa a minha interpretação. Mas o Benfica tinha mesmo mais dificuldades em criar com a disposição Gaitán/Rodrigo na ala esquerda e Cardozo sozinho na frente. Pouco tempo depois André Almeida entrou mesmo para lateral esquerdo e Cardozo saiu, tendo o bonito gesto - desta vez - de compreender e cumprimentar Jesus na saída de campo.
Chegámos ao intervalo sem o Porto ter uma chance de golo, ou melhor, teve uma semi-chance numa saída de Artur a um canto, onde a bola ficou prensada entre 3 jogadores e sobrou para o GR do Benfica.
André Gomes, hoje a 6 no lugar de Fejsa (lesionado) já estava a ser um monstro, mas o melhor estava para vir. Mesmo com um a menos, o centro de terreno do Benfica nunca se precipitou e trocou a bola com muito critério e sem sucumbir à pressão. Talvez o grande plus de ter André Gomes a 6 tenha sido mesmo esse: o critério em posse e a qualidade do passe no início da transição ofensiva.
A segunda parte, já com os novos posicionamentos bem definidos, começou quase com o golo do Porto (52'). Sem saber ler nem escrever, o Porto empatava o jogo e via-se subitamente com a eliminatória (caída do céu) na mão.
Mas hoje não. Hoje não havia pão para malucos. Hoje só dava Benfica.
A equipa manteve-se compacta e conseguiu fazer o segundo golo numa penalidade evidente sobre Salvio. Enzo Pérez concentrou-se, rematou tranquilo e....riu-se no final. O 2-1 chegava com a mesma expressão da cara do 35: felicidade natural. Até no momento do empate portista, o Estádio da Luz (uma pena não estar lotado...) animou e gritou, parece que aqueles 45.000 estavam imbuídos do mesmo espírito benfiquista que os nossos 11 atletas (ou 10) demonstravam em cada jogada.
Era um jogo em que parecia ser impossível eliminar o Benfica, via os minutos passar com uma calma e confiança que não se explicam, acho que o Karma existe, só pode ser isso.
A dez minutos do fim (e duas flagrantes ocasiões de golo desperdiçadas por Rodrigo) chegou o momento Gomes. André Gomes fez uma genialidade dentro da área e fuzilou a baliza portista para o definitivo 3-1. Ciao Porto.
Dois destaques antes do fim: a vénia monumental a Nico Gaitán no momento da sua substituição (acho que até já o escrevi aqui, esta é a época de Nico & Enzo, mais que Fejsa, Markovic, Luisão, Rodrigo ou até o saudoso Matic, Enzo Pérez numa primeira fase e Nico Gaitán posteriormente são as grandes traves mestras da época 13/14) e a opção de JJ por Markovic ao invés de Steven Vitória. Ainda que uns minutos mais tarde do que seria de esperar, optar pela velocidade do sérvio frente a um Porto sem centrais, por oposição à ideia de colocar mais um central - para mim, que acho que a melhor defesa é mesmo o ataque - foi bem visto, gostei.
O Karma só ficará em paz no Jamor, naquela que se espera seja a última conquista de uma época inesquecível, até lá vamos festejar todas as semanas e fazer uma "pausa" para eliminar a Juventus (desculpa lá velha senhora).
P.S. - ah, é verdade, falta a Taça da Liga. Oh, the irony.
P.P.S. - o Benfica 13/14 tem uns 20 titulares, se este não é o melhor plantel (não confundir com melhor 11) desde pelo menos 92....
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