Di Maria chegou à Luz como um dos novos prodígios do futebol argentino. Acabado de se sagrar Campeao do Mundo sub-20 com a Argentina (ao lado de Kun Aguero) no Canadá (onde Coentrao brilhou como extremo esquerdo), o jovem jogador do Rosario Central era visto como o substituto natural de Simao Sabrosa.
Di Maria era um jogador explosivo, tecnicamente evoluído mas muito diferente do Simãozinho. Di Maria era um extremo à antiga, jogava bem encostado à linha lateral e deixava a cabeça em água ao lateral contrário. Era normal ve-lo fintar (ou gambetear como dizem os seus compatriotas) o defesa uma, duas ou três vezes na mesma jogada. Di Maria optava por humilhar o contrário ao invés de ser produtivo e eficiente.
Era um jovem com sangue na guelra mas bastante "verdinhho" para o competitivo futebol europeu. Mas via-se que era um fenómeno, num dos seus primeiros jogos, na Choupana, fez uma jogada antológica onde driblou meia equipa e depois foi incapaz de oferecer o golo a Cardozo ou concretizá-lo ele próprio.
Muitas vezes Di Maria parecia uma galinha sem cabeça, pois corria desenfreadamente mas sem o mínimo critério e/ou objectividade.Foram anos negros até à chegada de Jorge Jesus à Luz. Tendo-se equacionado mesmo a transferência do astro argentino por não passar de um brinca na areia.
Mas havia magia em Di Maria (golo de antologia com Maradona - então seleccionador argentino - na Luz a assistir), o que demonstrava que não se podia perder a esperança num talento bruto deste quilate.
Jesus potenciou as suas capacidades e Di Maria tonou-se um punhal na extrema esquerda encarnada em 09/10. Não esqueço, ainda nessa pré-época, um jogo em Amsterdam, no torneio do Ajax, onde vi Di Maria a fazer carrinhos na linha de fundo defensiva e a subir e descer com critério e pulmão. Parecia estar motivadíssimo como nunca o tínhamos visto e nessa época sucederam-se as exibições monumentais, umas atrás de outras. O rebelde gambetero havia-se tornado num futebolista de elite, sabendo decidir quando driblar e como ser produtivo. Sem surpresas, seria transferido para o Real Madrid de Mourinho por mais de 30M (recorde na altura).
Depois de Di Maria chegou ao Benfica outro argentino para o substituir: Osvaldo Nicolás Fabián Gaitán. Vindo do colosso Boca Juniors, Nico Gaitán demonstrou o seu nível rapidamente, mas a memória fresca de Di Magia (como o pequeno genial se referiu a ele) tornou a comparação inevitável e isso não foi fácil ou positivo para o novo craque vindo das Pampas.
Gaitán não era (nunca será) um extremo "de linha" como Di Maria, era um jogador que gostava mais de zonas interiores e que - tal como o seu predecessor - não estava habituado a defender. O talento de Gaitán também era óbvio, mas Nico era mais cerebral, mais elegante que o puro sangue Di Maria.
A sua adaptação foi mais rápida que a de Angelito, e apesar de não ter um jogo tao espectacular e entusiasmante como o compatriota, tinha algo superior: classe.
Gaitán deu nas vistas, nos seus inícios entre nós, com slaloms impressionantes, quando embalado parecia imparável. Mas desaparecia muitos minutos durante um jogo, deixando de vez em quando alguns pormenores de génio. Gaitán era um craque, mas não era Di Maria, pareciam pensar os benfiquistas.
Mas Nico Gaitán evoluiu de época para época e passou a ser determinante no poder ofensivo do Benfica, ele tinha técnica, velocidade, visão de jogo e muita, muita classe. Gaitán é o tipo de jogador que perfuma a bola quando lhe toca, com ele a redondinha nunca se queixa.
Portanto tivemos 2 argentinos "canhotos" que encantaram a Luz. Com a mais que provável transferência de Gaitán no final desta época (digo eu...), outro argentino entra no radar do Sport Lisboa e Benfica: Joaquín Correa.
Digo-o desde já, a concretizar-se o negócio Correa, o Benfica acerta na mouche! É um jogador bastante parecido com o Gaitán, na minha opinião, um futebolista fino, elegante, transpira classe a cada toque de bola. No Estudiantes joga no lado esquerdo, mas tal como Nico, não é um extremo puro e procura bastante jogo interior. É um destro (apesar de não ser "cego" com o pé contrário) a jogar no lado esquerdo mas a elevada capacidade técnica permite-lhe sair do drible para "dentro" ou para "fora" deixando o seu opositor sem saber por onde o vai "partir".
Correa tem boa visão de jogo, uma técnica prodigiosa e muita velocidade, é um talento extraordinário e se for este o substituto do Picasso Gaitán, não temos nada a temer: é craque da cabeça aos pés!
Não quero que Gaitán saia, mas quando isso acontecer, quero que seja Correa o seu substituto, é um futebolista que tem tudo para ser estrela mundial.
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